A Eletrobras desligou nesta quinta-feira centenas de funcionários que aderiram a um Plano de Demissão Voluntária lançado na sequência da privatização da companhia, mesmo após pedidos do Ministério de Minas e Energia para a suspensão do programa. A maior parte dos cortes que ocorreria em áreas operacionais, porém, acabou adiada, disseram três fontes à Mover.
A decisão de postergar as dispensas, no entanto, decorreu de análises internas da empresa, e não está relacionada ao ofício enviado ontem pelo ministro do MME, Alexandre Silveira (PSD), ao novo presidente da elétrica, Ivan Monteiro, solicitando a paralisação do PDV, disseram as fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade do assunto.
“Essa decisão de suspender não tem nada a ver com a solicitação do ministro de Minas e Energia, foi mais uma pressão do evento do apagão. Mais uma vez não deram atenção aos apelos do MME”, afirmou uma das fontes.
A Eletrobras (BOV:ELET3) (BOV:ELET5) (BOV:ELET6) recebeu cerca de 1,5 mil adesões ao PDV 2023, mas cerca de 500 a 600 colaboradores foram demitidos hoje, “a maior parte de pessoal do setor administrativo”, disse uma segunda fonte.
“De modo geral, houve a premissa de segurar a operação e o Centro de Serviços Compartilhados orientou as decisões”, explicou a fonte. Ao lançar o PDV, em 19 de junho, a Eletrobras informou que os desligamentos “ocorrerão a juízo e conveniência da companhia, haja visto o compromisso inarredável com a excelência, segurança das pessoas e das operações”.
“Tem essa análise área por área, olhando a continuidade das operações e substituições”, disse uma terceira fonte, projetando que a maior parte dos desligamentos adiados deve ficar para “a partir de janeiro de 2024”.
Em paralelo, a Eletrobras pretende responder ao ofício enviado ontem pelo ministro Silveira, que citou o blecaute de 15 de agosto e pediu explicações da elétrica sobre investimentos previstos na rede e sobre como o PDV poderia afetar ou não as operações da companhia.
Na resposta, a Eletrobras dirá que tem contratado novos funcionários e que o desempenho das instalações de transmissão da companhia no último ano “foi o melhor do histórico”, afirmou uma das fontes.
Procurada, a Eletrobras não respondeu aos pedidos de comentários da Mover até a publicação desta reportagem.