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Balança comercial brasileira tem superávit de US$ 1,39 bi na 2ª semana de janeiro

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A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,39 bilhões na segunda semana de janeiro. O valor, segundo divulgado nesta segunda-feira (15) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), é resultado de US$ 6,21 bilhões em exportações e US$ 4,82 bilhões em importações, no período.

Na primeira quinzena de janeiro, o saldo positivo da balança comercial acumula US$ 3,495 bilhões.

As exportações pela média diária avançaram 31,6% em janeiro, até a segunda semana do mês, quando comparadas ao mesmo mês ano passado, para US$ 1,363 bilhão. O avanço foi puxado pelos embarques da indústria extrativa (+55,6%), seguido pela agropecuária (+43,9%) e indústria de transformação (+19,2%).

As importações, por sua vez, subiram 4,6% na mesma base de comparação, para US$ 975,1 milhões. O pequeno avanço foi sustentado pela alta de 7% nas compras da indústria de transformação. Já os desembarques da indústria extrativa caíram 17,7%, seguidos das compras da agropecuária (-10,2%).

Balança comercial robusta garante fluxo de dólares

Artigo assinado por Paulo Gala*

A balança comercial brasileira apresentou um grande superávit de US$ 98 bilhões em 2023, significativamente acima dos US$ 60 bilhões do ano anterior. As exportações para a China se destacaram, atingindo a marca de US$ 100 bilhões e contribuíram muito para a valor total de quase US$ 350 bilhões das exportações brasileiras.

Commodities como petróleo, soja e minério de ferro representaram quase 50% de todas as exportações. A soja atingiu quase 20% do total exportado, sendo parte significativa destinada à China. Essa dinâmica, especialmente no setor de commodities, traz um cenário positivo para a economia brasileira, impulsionando o fluxo de dólares.

O Brasil, ao lado da China, consolida sua posição como um grande exportador mundial com superávits comerciais expressivos, embora a China lidere em produtos industriais e tecnológicos. A safra recorde de 2023, superando 300 milhões de toneladas de grãos, e a robusta produção de petróleo, aproximando-se de quatro milhões de barris por dia, são indicadores impressionantes do desempenho brasileiro.

As projeções para 2024 indicam uma balança comercial de pelo menos US$ 80 bilhões, podendo ser ainda melhor, dependendo das condições da safra. Esse panorama sugere um cenário interessante de fluxo de dólares para o país, garantindo estabilidade e até mesmo uma apreciação da taxa de câmbio.

A expectativa é que o câmbio possa atingir a marca de R$ 4,50 ao longo do ano. O cenário nos EUA também aponta para uma possível virada na página da inflação, sinalizando um ano de redução de juros em 2024.

A situação brasileira de contas externas hoje é muito melhor do que nas crises dos anos 1970, 1980 e 1990. Temos reservas internacionais robustas, e nossa dívida externa pública é muito baixa. O déficit externo em conta-corrente de 2023 fechou próximo de zero, bem abaixo do volume que entrou de investimento direto externo.

Temos hoje mais de US$ 350 bilhões de reservas cambiais. A grande acumulação de reservas entre 2004 e 2013 acabou aumentando a potência de intervenção do BC no mercado de câmbio via swaps ou leilões de dólar para domar a trajetória do real. Essa posição robusta de reservas e a utilização de um regime de câmbio flutuante administrado provaram-se muito mais eficiente para nos proteger de crises.

Hoje, nossa taxa de câmbio ainda está numa posição bem desvalorizada quando levamos em consideração o que aconteceu com as outras moedas e com a inflação no Brasil e no mundo; aquilo que os economistas chamam de “câmbio real efetivo”.

Pelo padrão histórico, a tendência é que a moeda brasileira ganhe valor ao longo dos próximos anos. O Brasil está bem melhor do que países emergentes frágeis como Argentina e Turquia. Nosso grande desafio continua sendo, entretanto, gerar empregos de qualidade para mais de cem milhões de pessoas.

Sem a recuperação de nossa indústria, não conseguiremos tamanha façanha. O atual boom de produção de commodities resolve nosso problema de divisas e ajuda no controle da inflação ao contribuir para a apreciação da moeda brasileira; fica faltando ainda a essencial retomada de nosso desenvolvimento industrial e tecnológico.

Ideias-chave:

  • A balança comercial brasileira registrou um enorme superávit de US$ 98 bilhões em 2023, um aumento significativo em relação aos US$ 60 bilhões do ano anterior
  • A concentração das exportações foi notável, com ênfase em commodities como petróleo, soja e minério de ferro, sendo a soja responsável por quase 20% das exportações
  • Esse cenário positivo na economia brasileira impulsiona o fluxo de dólares; a expectativa é que a taxa de câmbio atinja a marca de R$ 4,50 ao longo do ano, com uma perspectiva otimista para a situação cambial
  • A situação das contas externas do Brasil é consideravelmente melhor do que nas crises passadas, com reservas internacionais robustas e uma dívida externa pública baixa
  • Apesar dos indicadores positivos, nosso desafio central continua sendo a geração de empregos de qualidade para uma grande parcela da população. A recuperação da indústria e do desenvolvimento industrial e tecnológico é crucial para esse objetivo

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