A desinflação no Brasil está seguindo o caminho previsto, e a economia doméstica continua a desacelerar conforme antecipado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Entretanto, existem fatores que podem suavizar essa desaceleração nos próximos meses, sugerindo a importância de uma abordagem cautelosa. Esta análise foi detalhada na ata da reunião do Copom de 31 de janeiro, que foi divulgada recentemente.
Na sua última reunião, o Copom optou por manter a redução da taxa Selic em 50 pontos-base, ajustando-a de 11,75% para 11,25% ao ano.
O documento sugere que a atividade econômica pode ser impactada pelo aumento da renda familiar, impulsionada pelo reajuste do salário mínimo, por benefícios sociais e pela resiliência do mercado de trabalho. Essa perspectiva é apoiada por certos indicadores de alta frequência.
Apesar disso, o consenso entre os membros do Copom é de que a economia deve continuar a desacelerar gradualmente, mantendo-se o consumo das famílias e observando-se um arrefecimento no investimento. Os dados econômicos recentes confirmam essa visão, sem mostrar mudanças significativas no cenário de crescimento projetado.
Em relação ao cenário internacional, o documento aponta para uma volatilidade contínua, influenciada por tensões geopolíticas e discussões sobre a flexibilização da política monetária nas principais economias. O Copom ressalta, no entanto, que as decisões de política monetária doméstica não são diretamente afetadas pelas políticas dos EUA, focando mais na influência externa sobre a inflação interna.
O Comitê também observa uma melhoria na situação inflacionária global, mas mantém a recomendação de cautela, especialmente para os países emergentes, e enfatiza a importância de monitorar a economia mundial e seus efeitos sobre a economia local.
Ademais, o Copom alerta para os riscos associados à falta de progresso nas reformas estruturais, à disciplina fiscal, ao aumento do crédito direcionado e às incertezas sobre a estabilização da dívida pública, que podem elevar a taxa de juros neutra e afetar a eficácia da política monetária.
O documento destaca a preocupação com as expectativas de inflação ainda desancoradas, ressaltando a necessidade de uma ação decisiva do Banco Central e do fortalecimento da credibilidade das políticas econômicas do país.
Para as próximas reuniões, o Comitê unanimemente espera continuar com cortes de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, considerando este ritmo adequado para manter o necessário aperto monetário para o processo de desinflação.
Finalmente, o Copom enfatiza a importância de manter uma política monetária restritiva até que a desinflação e a ancoragem das expectativas inflacionárias estejam firmemente estabelecidas, dada a complexidade do atual cenário econômico e inflacionário.