A cadeira dos acionistas ordinaristas no Conselho da Petrobras, que é definida em votação exclusivamente entre minoritários, tem como favorito seu atual ocupante, o advogado Francisco Petros. Segundo apurou o Broadcast, Petros tem a confiança de importantes investidores estrangeiros e haveria no mercado financeiro consenso sobre a dificuldade de reunir votos para lhe fazer frente na eleição que vai acontecer na assembleia de acionistas marcada para 25 de abril. Com isso,segundo fontes, a tendência é Petros disputar a eleição sozinho.
Segundo fontes, o advogado tem posição consolidada junto a acionistas ordinaristas estrangeiros, que não vão mudar de posição. Das ações ordinárias da Petrobras, 41,94% pertencem a investidores estrangeiros e somente 7,8% a investidores brasileiros. “O Petros quer ficar e ninguém está disposto a fazer confusão em assunto tão sensível. A tendência é mesmo que ele seja reeleito”, afirma uma fonte que acompanha de perto as negociações.
Outro aspecto a seu favor é o tempo. Indicações de acionistas ao CA da companhia podem acontecer inclusive no dia da assembleia, mas, para que o nome conste no boletim de voto a distância (BVD), distribuído aos eleitores estrangeiros antes, é preciso enviar obter indicação e enviar documentação com antecedência. Como tenta reeleição, Petros já teve documentação aprovada e o rito de momento é meramente protocolar. Novos candidatos ainda têm de passar pelo escrutínio do Comitê de Pessoas (Cope), o que inclui o subcomitê de elegibilidade (Celeg).
Xadrez da disputa
Fontes de mercado afirmam que tenta correr por fora, mas ainda sem indicação, o engenheiro Rafael Chaves, ex-diretor de Relação com Investidores e Sustentabilidade da estatal. Ele coordenou os três últimos planos estratégicos da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4), que orientou a busca por maiores margens com foco em exploração e produção (E&P). Chaves seria, portanto, um opositor natural do plano de diversificação em execução pela diretoria de Jean Paul Prates. Procurado, ele informou que não está comentando assuntos relacionados à Petrobras. Trata-se de opção própria, visto que a quarentena de ex-diretor terminou em outubro.
Um analista que acompanha as movimentações dos fundos com potencial relevante de voto disse ao Broadcast que Chaves “chegou atrasado na corrida”. Boa parte dos fundos já estariam dedicados a concentrar esforços na eleição de Aristoteles Nogueira, na vaga dos acionistas preferencialistas. Como mostrou o Broadcast, Nogueira vai disputar a cadeira com o veterano e ex-conselheiro da Petrobras, Jerônimo Antunes.
“Há resistência dos fundos de investimento em apoiar outro candidato na (eleição da) ordinária, porque muitos já se comprometeram com o Ari (Aristóteles Nogueira) na PN. Tem muita gente com medo de haver dois candidatos na PN e outros dois na ON”, diz uma fonte que acompanha de perto as negociações.
Embora sejam pleitos diferentes (ordinaristas e preferencialistas), se houver alocação de votos massiva nas duas frentes, pode haver algum esvaziamento da eleição por voto múltiplo, na qual concorrem à reeleição os conselheiros minoritários Marcelo Gasparino e Juca Abdalla – muito embora o último, dono do Banco Clássico, tenha boa carga de votos para a própria dupla.
Os votos alocados na eleição em separado não podem ser usados na eleição por voto múltiplo, eleição na qual o número de votos é multiplicado pelo número de vagas disponíveis e há livre alocação nos candidatos para essa disputa, com os nomes enviados pelo mercado disputando com aqueles indicados pela União.