Analistas do Goldman Sachs cortaram o preço-alvo das ações da Petrobras, conforme relatório a clientes nesta segunda-feira, no qual mantiveram a recomendação de “compra” para os papéis, mas reconheceram que aumentou o risco de se investir na companhia após eventos recentes.
O preço-alvo das PNs passou de R$ 44,40 para R$ 39,60, enquanto o das ONs caiu de R$ 48,90 para R$ 43,50. Os preços dos ADRs (recibos de ações negociados nos Estados Unidos) também mudaram: o da ação PN recuou de 17,90 para 16 dólares e o da ação ON passou de US$ 19,70 para US$ 17,60.
Na última sexta-feira, as ações da petrolífera desabaram após a empresa não anunciar dividendos extraordinários com a divulgação resultados do quarto trimestre e de 2023, com fontes afirmando à Reuters que adecisão partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em vez de dividendos extras, a Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) informou que o conselho de administração propôs destinar 43,9 bilhões de reais de lucro remanescente para umareserva de remuneração do capital recém-criada pela companhia.
No relatório enviado a clientes nesta segunda-feira, que busca avaliar o risco crescente de uma intervenção do governo, a equipe do banco norte-americano considerou outros fatores além da frustração com a falta dos dividendos extraordinários.
Um deles é a afirmação da empresa que os recursos retidos só poderão ser usados para dividendos, o que pode ser entendido como um adiamento, não uma redução de dividendos. Também avaliam que a não declaração de dividendos extraordinários não está relacionada a eventual fusão ou aquisição no curto prazo.
Outra questão destacada é que o tombo das ações no último pregão fez com que a Petrobras perdesse em valor de mercado maior do que a reserva anunciada. Na sexta-feira, as PNs despencaram 10,57% e as ONs desabaram 10,37%, equivalentes a uma perda de R$ 55,774 bilhões em valor de mercado.
Os analistas do Goldman veem um risco crescente de intervenção do governo, após reportagem da Reuters que afirmou que a decisão partiu de Lula e de que o presidente-executivo da Petrobras propôs pagamento de dividendos extraordinários, mas foi voto vencido no conselho de administração da estatal.
Mas ponderam que, no passado, o CEO mudou diversas vezes por discordâncias com o governo, o que enfraqueceu as ações, mas não impediu de renovarem recordes, o que os analistas avaliam ser baseado na forte geração de caixa e sólida performance operacional, além do pagamento de dividendos significativos.
“Nós reconhecemos que o risco de investir na Petrobras aumentou após os acontecimentos recentes”, afirmaram Bruno Amorim e equipe.
No entanto, eles avaliam que o preço das ações já reflete parte do risco e acrescentam que, historicamente, houve vários casos em que as notícias aumentaram a percepção de risco, mas sem uma “mudança nos fundamentos suficientemente significativa para evitar a valorização do preço das ações no longo prazo”.
A equipe do Goldman Sachs também reduziu em 2% sua previsão para receita líquida da companhia em 2024 e em 2025, bem como cortou em 1% a estimativa para o Ebitda ajustado em 2024, enquanto o de 2025 ficou praticamente inalterado. Para o lucro líquido, cortaram em 5% para 2024 e em 4% para 2025.