O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reagiu de forma negativa aos dados da economia norte-americana, em especial o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que vieram acima do esperado.
Em entrevista à Globonews nesta quarta-feira, 10, ele classificou as informações como “bastantes ruins”. Ele pontuou ainda que as perspectivas são de que o ciclo de corte lá pode não iniciar em junho.
“As circunstâncias externas, dado que o grande padrão de liquidez mundial está baseado no que acontece com a taxa de juros norte-americana… eu diria que em termos de taxa de juro americana, mudou”, disse.
O CPI nos Estados Unidos subiu 0,4% em março, mesma taxa observada em fevereiro, segundo dados com ajuste sazonal divulgados pelo Departamento do Trabalho americano. Ante março do ano passado, a inflação ficou em 3,5%, mais alta em relação aos 3,2% do mês anterior. O consenso LSEG de analistas projetava 0,3% na leitura mensal e 3,4% na base anual.
Apenas o núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, também avançou 0,4% na comparação mensal de março, vindo igualmente acima do consenso do mercado, de ganho de 0,3%.
Campos Neto foi questionado sobre o cenário externo e o impacto da inflação norte-americana na redução dos juros no país.
O presidente do BC afirmou que não existe relação mecânica entre o que acontece nos EUA e no Brasil e que o BC apenas olha para os fatores de risco, avaliando muitas variáveis que afetam a política monetária doméstica.
Enquanto o movimento dos preços no Brasil pode facilitar o trabalho do BC em seu ciclo de afrouxamento monetário, dados da inflação dos Estados Unidos divulgados nesta quarta vieram piores que o esperado, lançando mais dúvidas sobre o momento do início do ciclo de cortes de juros na economia norte-americana.
Juros mais altos nos Estados Unidos tendem a valorizar o dólar em relação ao real e pressionar a inflação no Brasil, dificultando a atuação do Banco Central brasileiro para domar os preços ao consumidor.