A Infracommerce teve um prejuízo líquido de R$ 90,3 milhões no 1º trimestre de 2024 (1T24), um crescimento de 24% na comparação com o prejuízo registrado no mesmo período do ano passado, de R$ 75 milhões.
A receita líquida da Infracommerce foi de R$ 219 milhões no período, uma alta de 2,2% quanto aos três primeiros meses de 2023.
A empresa teve um lucro bruto de R$ 54,8 milhões nos três primeiros meses deste ano, um recuo de 39,6% ante o mesmo intervalo de meses de 2023.
No EBITDA (lucro antes juros) ajustado, a Infracommerce somou R$ 5,5 milhões negativos no 1T24, uma redução de 121,3% em relação ao 1T23.
Quanto a margem EBITDA ajustada no trimestre foi de -2,5%, 14,7 ponto percentual (p.p.) abaixo do mesmo período do ano anterior.
Segundo a companhia, o desempenho do EBITDA e da margem EBITDA foram impactos pelo menor lucro bruto já apurado pela empresa, que foi parcialmente compensado por despesas comerciais e administrativas menores em relação ao mesmo período do ano passado.
A Companhia encerrou o primeiro trimestre de 2024 com posição de caixa de R$ 202,3 milhões, enquanto o saldo de empréstimos e financiamentos bancários aumentou 0,5% em comparação ao 1T23, totalizando R$ 677,5 milhões.
Até março de 2024, a dívida líquida da empresa era de R$ 475,2 milhões, uma alta de 17% quanto ao mesmo período do ano passado e de 70,3% na comparação com os três últimos meses de 2023.
VISÃO DO MERCADO
Às 11h18 (horário de Brasília), o IFCM3 caía 14,08%, a R$ 0,61, nesta sexta-feira (10), cabendo destacar que o valor de face das ações é baixo, fazendo com que pequenas variações nos preços levem a grandes variações percentuais dos ativos.
O Itaú BBA rebaixou a recomendação para ação da Infracommerce, especializada em soluções para comércio eletrônico, de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) poucos meses após ter elevado a companhia à compra.
Segundo os analistas que assinam o relatório, a expectativa era de que a dinâmica operacional iria melhorar, com as receitas do comércio eletrônico a acelerar e a contribuir para um crescimento mais rápido do Ebitda e para a geração de caixa. No entanto, o fraco desempenho no 1T24 evidenciou que o banco havia tomado uma decisão errada ao elevar a recomendação para a companhia.
No 1T24, o GMV (volume bruto de mercados) contraiu 3,8% na base anual (comparado a uma expansão de 13,8% no 4T23), resultando em uma expansão de receitas de apenas 2,2% na comparação ano a ano (comparado a +2,6% no 4T23).
Para BBA, uma das razões para esse desempenho de faturamento foi a rotatividade significativa de clientes, juntamente com a menor antecipação de recebíveis.
Em relação aos custos, as despesas totais aumentaram 18% na base anual, impulsionadas pelo custo dos serviços prestados. Consequentemente, o Ebitda caiu para terreno negativo (R$ 5,5 milhões ou margem negativa de 2,5%). O FCF foi negativo em R$130 milhões, pior que os -R$ 112 milhões do 1T23.
Em interações recentes com o novo CEO, Ivan Murias, o BBA disse ter a clara percepção de que a empresa está totalmente focada em mudar o rumo da situação. Conforme afirmado no comunicado, espera-se que a companhia passe por ajustes e “repriorizações” para gerar caixa operacional. “Como resultado, tanto o trimestre atual como os próximos deverão refletir estas mudanças de curto prazo, com foco na melhoria do desempenho operacional”, diz o relatório. “Ganhos sustentáveis, tanto operacionais como financeiros, são esperados no médio prazo.”
Apesar de acreditar que a Infracommerce está a fazer as escolhas e a estratégia corretas, o BBA admite que variáveis não controláveis, como o ambiente macroeconômico, podem trazer mais obstáculos no caminho, o que pode levar algum tempo para a ação decolar. Com esta mentalidade, o banco espera pacientemente por um ponto de entrada mais favorável para reentrar na companhia.
Os resultados da Infracommerce (BOV:IFCM3) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 10/05/2024.