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Bens duráveis explicam 51% das importações brasileiras oriundas da China

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O superávit da balança comercial em junho de 2024 foi de US$ 6,7 bilhões, uma queda de US$ 3,4 bilhões em relação a junho de 2023. A piora no saldo se explica pelo recuo em valor de -1,9% nas exportações e aumento de +14,4% nas importações. O saldo da balança comercial no primeiro semestre de 2024 foi de US$ 42,3 bilhões, um recuo de US$ 2,3 bilhões em relação a igual período de 2023. No acumulado até junho, a variação no valor exportado foi de +1,4% e das importações de +3,9%.

A última projeção da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) é de um superávit de US$ 79,2 bilhões para 2024, a do Relatório Focus (12/07), de US$ 82 bilhões e a do modelo Ibre, em maio, de US$ 87,7 bilhões. Nossa estimativa é que deverá ficar entre US$ 78 e US$ 82 bilhões.

No mês de junho, se repete a tendência já observada desde maio. O volume exportado recua (-0,1%) e o importado cresce (+21,0%), na comparação entre os meses de junho de 2023 e 2024. Na comparação entre os primeiros semestres de 2023 e 2024, o volume exportado e o importado aumentam em +5,6% e +12,2%, respectivamente. (Gráfico 1)

O recuo no volume exportado em junho foi liderado pelas exportações das não commodities (-16,6%), enquanto as commodities registraram aumento de +7,7%. Na comparação entre os dois primeiros semestres de 2023 e 2024, o mesmo comportamento se repete: queda de -7,6% das não commodities e aumento de +12,0 das commodities. No caso dos preços, foi registrada queda na comparação mensal (-3,3%) e semestral (-5,3%). O preço das não commodities aumentou em junho (+2,8%), mas no semestre caiu em (-0,2%), Gráfico 2. A participação das commodities nas exportações totais do Brasil passaram de 68% para 71%, entre o 1º semestre de 2023 e o de 2024. Esse é maior percentual desde 1997. Observa-se que no auge do boom das commodities era de 59%, em 2011. Em 2019, era de 62%, depois aumentou para valores entre 68% e 70% (2021). Durante a pandemia da COVID 19, o percentual aumentou e depois não recuou.

O melhor desempenho das commodities foi liderado pela indústria extrativa, com aumento de volume de +11,1%, na comparação interanual do mês de junho e de +19,2% na do acumulado até junho entre 2023 e 2024. O volume exportado da agro cresceu +5,3%, mensal, e +4,7%, na comparação semestral. A variação na indústria de transformação foi negativa em junho (-5,9%) e positiva no acumulado do ano (+1,2%). Os preços caem na agropecuária na comparação mensal (-10,6%) e na semestral (-16,6%). A extrativa registrou aumento de preço em junho (+3,5%) e no semestre (+1,7%), enquanto as variações na indústria de transformação não chegam a um por cento (Gráfico 3). Com esses resultados, a participação da indústria extrativa foi de 25,4% superando a da agropecuária, 22,0%, no primeiro semestre de 2024. A da transformação foi de 52,6%, sendo que 50,3% das exportações dessa indústria são de commodities.

O resultado, em volume, da indústria extrativa em junho é explicado pelo desempenho das exportações de petróleo bruto, com variação de +31,6%, segundo dados divulgados na Balança Comercial da Secretaria de Comércio Exterior e participação de 12,8% nas exportações totais brasileiras. O minério de ferro, com participação de 8,9%, registrou queda em -3,0% no volume. O ICOMEX calcula os índices para o agregado de petróleo e derivados. Como mostra o Gráfico 4, no acumulado do ano até junho, a variação do volume foi de +26,6% e, em junho, de +35,3%. No caso das importações, houve aumento em junho (+4,7%) e no acumulado do ano (-0,1). O aumento dos preços importados (+7,3%) superou o das exportações (+2,1%), em junho. No acumulado do ano, os preços caem.

A composição das importações por setor no primeiro semestre de 2024 foi: agropecuária (2,3%); extrativa (6,7%); e transformação (91,1%). O Gráfico 5 mostra os índices de preços e volume por setor de atividade. As maiores variações positivas em volume são da agropecuária, +59,9% (mensal) e +38,4% (semestral). No entanto, a baixa participação do setor nas importações totais não explica o crescimento observado no volume total importado pelo Brasil. Assim, é o aumento na indústria de transformação, +23,0% (mensal) e +12,9% (semestre) que explica o resultado.

Analisamos a composição das importações da indústria de transformação por categoria de uso. O ICOMEX usa a mesma classificação das Contas Nacionais do IBGE para a classificação por categoria de uso. Nessa classificação, os combustíveis ficam no grupo de bens intermediários. O Gráfico 6 mostra a variação no volume importado da indústria de transformação por categoria de uso, na comparação mensal e semestral, onde se destaca o aumento de +320% nas importações de bens duráveis, entre os meses de junho de 2023 e 2024.

O Gráfico 7 combina as informações da participação e da variação para calcularmos a contribuição de cada categoria de uso para o aumento em valor das importações, em +4,1%, da indústria de transformação. A maior participação nas importações se refere aos bens intermediários, 64,9%, seguida dos bens de capital, 17,1%. Os bens duráveis, apesar do crescimento de +82,5%, explicaram 5,7% do total importado pela indústria de transformação. No entanto, os bens duráveis deram a maior contribuição para o aumento das importações, +65,6%, pois os bens intermediários, apesar de terem maior participação, registraram queda no valor importado em -2,1%.

Chamamos a atenção que a participação dos bens duráveis já foi maior em semestres anteriores: 7,5% no 1º semestre de 2011 e depois começou a declinar. Naquele período, a valorização cambial barateava o preço das importações. No momento atual, esse aumento está relacionado principalmente aos veículos de passageiros, em especial veículos elétricos oriundos da China, como analisado no ICOMEX de junho. Segundo a SECEX, as importações de todos os veículos de passageiros aumentaram em valor +432% e + 473%, em quantidade, entre os meses de junho de 2023 e 2024. Os veículos foram o principal produto importado, com particiapção de 8,9%, superando os óleos combustíveis, com participação de 5,8%.

A análise da pauta brasileira de importações da China por categoria de uso na base de dados do ICOMEX mostra que no primeiro semestre de 2022, a China explicava 19,2% das importações totais do Brasil de bens duráveis. No primeiro semestre de 2024, esse percentual subiu para 51%. O Gráfico 8 mostra a evolução das importações totais de bens duráveis do Brasil e o Gráfico 9 das importações de bens duráveis oriundas da China. Observa-se que a evolução dos índices de importações segue a mesma tendência, mostrando a importância da China nesse segmento das importações.

O Gráfico 10 mostra a tendência, já observada no ICOMEX de junho, de aumento nas importações de bens de capital. O Gráfico 11 aponta que esse aumento é explicado pela indústria de transformação, com variações positivas na comparação mensal ou semestral, enquanto na agropecuária, as compras de máquinas e equipamentos recuaram. No caso dos bens intermediários agrícolas, o aumento em junho foi antecedido por quedas nas importações mensais.

Em termos de volume exportado, os Estados Unidos lideram os resultados apresentados no Gráfico 12. O principal produto exportado no 1º semestre foi o petróleo bruto, com participação de 16% e variação no valor entre os dois primeiros semestres de +108%. Óleos combustíveis foi o quarto produto, com participação de 4,6% e crescimento no valor de +202%, o que indica um comércio intra-setorial na área de petróleo. O segundo produto foi siderúrgicos e o terceiro, aeronaves. Em termos de participação nas exportações brasileiras, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar, 11,5%, atrás da China, com participação de 30,9%. Com os Estados Unidos, o Brasil registrou um déficit de US$ 218 milhões e com a China, um superávit de US$ 22,6 bilhões.

A liderança nas importações, em termos de volume, foi da China e o principal produto importado foi veículos de passageiros, com aumento de +924%, em valor, e participação de 8,8% (Gráfico 13). A China é a principal origem das importações totais do Brasil, com participação de 23,3%, seguida dos Estados Unidos, com 15,5%.

Uma das consequências do aumento das importações de veículos elétricos da China foi a alteração no cronograma de recomposição das alíquotas para carros elétricos: 10% de Imposto de Importação em janeiro de 2024; 18% em julho de 2024; 25% em julho de 2025; e 35% em julho de 2026. A razão seria poder assegurar o fortalecimeno da produção desses veículos no Brasil.

As perspectivas para a balança comercial não apresentam novas tendências, exceto um possível efeito negativo com as notícias sobre o menor crescimento chinês. Isso poderá reduzir a demanda por importações da China e, ao mesmo tempo, intensificar a venda de produtos chineses no mercado internacional, o que tem aumentado o número de medidas protecionistas no mundo contra o país.

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