O Itaú BBA atualizou suas recomendações para empresas de educação superior (um dos setores com pior desempenho no primeiro semestre de 2024) sob sua cobertura, devido a mudanças significativas no cenário regulatório para ensino a distância e cursos de medicina nos últimos meses, bem como absorver os resultados do primeiro trimestre e previsões macroeconômicas atualizadas.
No ensino a distância, o Ministério da Educação (MEC) anunciou um aumento na quantidade mínima de atividades presenciais nos cursos digitais de Pedagogia e Licenciatura, e depois convocou a suspensão do lançamento de novos cursos enssino à distância (EAD) e abertura de novos polos até março de 2025. Embora ainda faltem informações para determinar os impactos exatos dessas mudanças, o banco antecipa que provavelmente resultarão em menor lucratividade para a modalidade nos próximos anos.
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Com relação aos cursos de medicina, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento sobre a autorização de novas vagas através de liminares, permitindo que os pedidos em estágio avançado prossigam. No entanto, ainda não está claro para o número total de vagas a serem aprovadas, bem como se essas vagas devem ser incluídas no programa Mais Médicos III. Com isso, o BBA disse que ser preciso aguardar esclarecimentos para abordar os impactos no preço do segmento e no cenário competitivo.
A Ânima (BOV:ANIM3) continua sendo a principal escolha do banco, com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 6, o implica e potencial de alta de 91%, devido à sua avaliação atraente e exposição limitada a mudanças regulatórias de curto prazo no setor de ensino a distância.
Embora não espere crescimento de volume para o segmento principal da Ânima em 2024, analistas preveem que o crescimento da receita líquida da vertical deve ser impulsionado principalmente por ajustes de preços saudáveis. “O portfólio de cursos orientado pela qualidade da Ânima deve permitir que a empresa demonstre dinâmicas positivas de preços e níveis reduzidos de descontos”, completam.
Na vertical digital, o BBA antecipa bons volumes de captação ao longo do ano, à medida que a empresa expande suas ofertas digitais em novas regiões. No entanto, em termos de ticket médio, espera ajustes menos benignos devido ao cenário competitivo da indústria. O banco também antecipa que a Inspirali experimente crescimento de volume devido à maturação das vagas de medicina e ajustes de preços acima da inflação. No geral, projeta receita líquida de R$ 3,873 bilhões em 2024, um aumento de 4% em relação ao ano anterior.
Nesse contexto, o banco espera que a Ânima continue extraindo ganhos de eficiência das iniciativas implementadas ao longo de 2023, como a otimização dos custos de aluguel e a revisão da estrutura dos professores. Os ganhos de eficiência podem ser parcialmente compensados por maiores investimentos em marketing.
Cogna
O Itaú BBA manteve classificação outperform (desempenho igual a média do mercado, equivalente a neutro) e reduziu preço-alvo de R$ 4 para R$ 3, embora reconheça a boa execução nos últimos trimestres e parabenize os esforços da Cogna (BOV:COGN3) para melhorar a geração de caixa.
Os analistas esperam que a Kroton demonstre um forte crescimento da receita em 2024, impulsionado por um mix de estudantes mais favorável, com a Kroton Med e o Ensino a Distância sendo os destaques. Além disso, esperam que a Vasta experimente crescimento de receita impulsionado por um aumento no Valor Anual de Contrato (ACV) e pela expansão do vertical B2G. A Saber deverá alcançar crescimento da receita líquida principalmente devido à sazonalidade do programa PNLD. Em resumo, o banco projeta que a receita líquida da Cogna atinja R$ 6,682 bilhões em 2024, refletindo um aumento de 13% em relação ao ano anterior.
Por fim, os analistas comentam que a expansão da margem consolidada seja impulsionada pela Kroton e pela Vasta. A maior alavancagem operacional deverá aumentar a lucratividade da Kroton, enquanto a redução nos custos de impressão deverá impulsionar as margens da Vasta.
Cruzeiro do Sul
O BBA mantém classificação equivalente à compra, mas reduziu preço-alvo de R$ 8 para R$ 7, implicando um potencial de alta de 87% e corresponde a um múltiplo Preço/Lucro de 4,1 vezes em 2025.
No segmento presencial, os analistas projetam que a Cruzeiro do Sul (BOV:CSED3) registre números estáveis de captação ano a ano em 2024, levando a um aumento leve na base de estudantes, além de um aumento no ticket médio, alcançado pela redução de descontos para estudantes de cursos selecionados e pela implementação de alguns reajustes de ticket. Com isso, a receita deve crescer um dígito alto ano a ano para esse vertical.
Em relação ao ensino a distância, o banco prevê crescimento na base de estudantes devido à reestruturação dos polos recentemente abertos, juntamente com alguns reajustes de ticket, particularmente para estudantes veteranos, levando a um crescimento de receita de dois dígitos ano a ano para o segmento de ensino a distância. No geral, o banco projeta uma receita líquida consolidada de R$ 2,573 bilhões em 2024, representando um aumento de 12% ano a ano.
Em termos de lucratividade, a diluição dos custos de pessoal deve impulsionar uma maior margem. Isso, combinado com menores despesas admistrativas e vendas provenientes de iniciativas recentemente implementadas, deve levar a uma melhoria na lucratividade.
Olhando para o futuro, o modelo de negócios diferenciado da companhia deve permitir aumentos de preços que superem a concorrência, particularmente no segmento presencial. Por fim, o banco espera que as perspectivas positivas da integração da FAPI, que deve aumentar significativamente a exposição da empresa a cursos de medicina em regiões estratégicas.
Ser
O Itaú BBA reconhece o portfólio de cursos orientado pela qualidade da Ser (BOV:SEER3) e a consistência da empresa em entregar resultados nos últimos trimestres. No entanto, permanece cauteloso quanto à capacidade da empresa de entregar crescimento de volume significativo em meio a um ambiente competitivo. Com isso, mantém recomendação neutra, ainda que reduzindo o preço-alvo de R$ 8,50 para R$ 6.
Em termos de lucratividade, o banco prevê a diluição dos custos de pessoal e maiores despesas com marketing, levando a um Ebitda ajustado consolidado de R$ 539 milhões em 2024, resultando em uma margem de 31,9% (um aumento de 0,7 pp em relação ao ano anterior). Por fim, analistas projetam um lucro líquido ajustado de R$ 222 milhões.
YDUQS
O BBA reitera classificação de compra para Yduqs (BOV:YDUQ3), mas reduz preço-alvo de R$ 24 para R$ 20, o que representa um potencial de valorização de 92% e corresponde a um múltiplo P/L de 5,2 vezes em 2025.
Analistas esperam que o segmento presencial experimente bons volumes de captação e retome o crescimento em sua base de estudantes, enquanto o EAD provavelmente verá volumes de captação mais fracos devido a uma base de comparação forte de 2023.
O banco projeta um Ebitda ajustado consolidado de R$ 1,861 bilhões em 2024, resultando em uma margem de 33,0% e lucro líquido ajustado de R$ 454 milhões em 2024.
Vitru (VTRU3)
As ações da Vitru (BOV:VTRU3), que recentemente saíram da Nasdaq e foram para a B3, tiveram um período de baixa significativa nos últimos meses, possivelmente devido às preocupações dos investidores sobre possíveis mudanças no marco regulatório para cursos de ensino a distância. Apesar desse risco de baixa, o BBA ainda vê uma avaliação atraente, especialmente quando comparada aos níveis históricos.
Com isso, o banco decidiu manter recomendação de compra, mas cortou preço-alvo de R$ 26 para R$ 20, implicando em um potencial de alta de 57% e corresponde a um múltiplo P/L de 5,3 vezes em 2025.