A Casas Bahia reportou prejuízo líquido de R$ 369 milhões no terceiro trimestre de 2024, uma melhora de 55,9% em relação ao prejuízo apresentado no mesmo período de 2023.
A companhia explica que a diminuição do prejuízo se deu em função do início da retomada de crescimento do canal de lojas físicas e uma “melhora gradual da rentabilidade da companhia, apesar do mercado desafiador e do recuo das vendas”.
Book de ofertas: a mais completa do mercado financeiro, acompanhe as ofertas de compra e venda de um ativo e todos os negócios realizados no dia.
A receita líquida foi de R$ 6,399 bilhões no período, queda de 2,9% frente ao terceiro trimestre de 2023.
O Ebitda ajustado ficou em R$ 491 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 66 milhões um ano antes.
Em relação ao Ebitda ajustado, a margem de 7,7% foi superior em 8,7 pontos porcentuais (p.p.) ao apresentado um ano antes, com melhora sequencial de 0,7 p.p. sobre os três meses anteriores o período.
“A margem do trimestre é a maior em 18 meses e caminha para gradual contínuo crescimento com a perspectiva de melhora de crescimento dos canais de venda já observado no quarto trimestre de 2024”, diz a companhia.
A receita bruta de mercadorias, apesar da retomada de crescimento nas lojas físicas, ainda apresentou desempenho pressionado principalmente pelo recuo das vendas digitais de estoque próprio, com queda de 2,8%. Nas lojas físicas o avanço foi de 4,6%, sendo 6,5% no conceito mesmas lojas (que considera os pontos de venda que estavam abertos um ano antes e seguem abertos agora, expurgando efeitos de expansão ou fechamento de lojas).
O resultado da companhia foi influenciado pela queda de 14% no custo das mercadorias vendidas, que somou R$ 4,32 bilhões. Além disso, as despesas operacionais recuaram 16,4% na comparação entre mesmos trimestre, para R$ 1,62 bilhão.
De acordo com a companhia, a variação da receita decorre do Plano de Transformação, que prioriza a rentabilidade e sustentabilidade da operação.
Por outro lado, houve crescimento da receita de serviços em 28% ano a ano, crescimento da receita de soluções financeiras em 38% anualmente e crescimento de R$ 150 milhões na carteira do crediário trimestre a trimestre.
Nas lojas físicas o avanço foi de 4,6%, sendo 6,5% no conceito mesmas lojas (que considera os pontos de venda que estavam abertos um ano antes e seguem abertos agora, expurgando efeitos de expansão ou fechamento de lojas).
“Estamos focando em rentabilidade, ajustando a alocação de capital, priorizando as principais categorias e reavaliando as estratégias dos canais de venda”, afirmou o diretor financeiro do grupo, Elcio Ito, em comunicado à imprensa.
Em soluções financeiras, a carteira ativa de crediário da Casas Bahia subiu 7,4% ano a ano no terceiro trimestre, para R$ 5,7 bilhões, enquanto o nível de perda sobre a carteira ativa foi de 4,8%, dentro da média histórica, disse a empresa.
O volume bruto de mercadorias (GMV) apresentou redução anual de 1,6%, para R$ 9,65 bilhões.
As despesas com vendas, gerais e administrativas no 3T24 apresentaram redução de (2,8%), equivalente a R$ 47 milhões a/a e estabilidade em relação à receita líquida (24,9%) mesmo com o recuo da receita. Vale destacar que nos 9M24 vs. 9M23, a redução foi de (6,6%), equivalente a R$ 336 milhões.
O resultado financeiro líquido foi de R$ (738) milhões, 8,5% superior vs. 3T23 e 1.2p.p maior como percentual da Receita Líquida (11,5%). Excluindo atualização monetária houve estabilidade, apesar de R$ (22) milhões negativos na modificação da dívida dado o reperfilamento, compensando agora trimestre a trimestre, o impacto positivo de R$ 637 milhões ocorrido no 2T24.
No 3T24, os investimentos do Grupo totalizaram R$ 54 milhões, sendo 88% do total direcionado para projetos relacionados à tecnologia para suportar a digitalização da Companhia e a experiência do cliente.
Foi fechada 1 loja no trimestre, da bandeira Casas Bahia, totalizando 1.072 lojas ao final do período.
Ao fim de setembro, a dívida bruta da companhia era de R$ 4,28 bilhões, frente à dívida de R$ 3,88 bilhões reportada no fim de junho.
Os resultados da Casas Bahia (BOV:BHIA3) referente suas operações do terceiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 13/11/2024.
VISÃO DO MERCADO
O Grupo Casas Bahia divulgou seus números na quarta-feira (13) mostrando redução de prejuízo em 56% e mostrando recuperação nas margens, mas ainda mostrando um cenário desafiador.
O GMV (volume bruto de mercadorias) total consolidado caiu 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, impactado pelo fraco desempenho do 1P (estoque próprio, em queda de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior), refletindo menores investimentos no B2B e ajustes de produto/mix, o que foi parcialmente compensado por uma melhora no varejo físico (vendas mesmas lojas em +6,5%), resultante de uma maior penetração de crédito e serviços, e no 3P (marketplace, alta de 18%), apoiado por maiores ofertas de logística e crédito, avalia a XP.
Como resultado, as vendas líquidas consolidadas caíram 3% em relação ao ano anterior, uma vez que as menores receitas de mercadorias (-7%) mais do que compensaram a aceleração em serviços e crédito (+28% e +38%, respectivamente).
A XP ressalta a sólida melhoria na rentabilidade, com a margem bruta alcançando 31,6% (+8,7 pontos percentuais, ou p.p., anualmente), resultante do mix de produtos, maior qualidade dos estoques e aumento da penetração de serviços e soluções financeiras (+110 p.p. e +280 p.p., respectivamente).
Isso, juntamente com uma queda nas despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) na mesma magnitude da receita (-3%) devido à redução de despesas com pessoal, despesas de terceiros e contingências trabalhistas, o que levou a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) ajustada a aumentar na mesma proporção (+8,7 p.p.).
O prejuízo líquido atingiu R$ 369 milhões (contra -R$ 837 milhões no 3T23), ainda impactado por despesas financeiras, enquanto o fluxo de caixa livre foi negativo de R$ 396 milhões, já que a empresa investiu em estoques para se preparar para o 4T, enquanto as contingências trabalhistas continuam sendo um problema (-R$ 212 milhões), embora tenham diminuído em relação ao ano anterior (-42%).
Para a Genial Investimentos, o resultado teve zero surpresa – “o que a depender do ponto de vista pode ser positivo, dado que, coincidência ou não, o 3º trimestre costuma ser o grande mensageiro de más notícias”.
Dois esqueletos foram retirados do armário exatamente nesse período ao longo dos últimos 4 anos, avalia a equipe de analistas. No 3º trimestre de 2021, houve provisões de R$ 1,3 bilhão para conter as demandas judiciais e no 3º trimestre de 2023, o plano de reestruturação, que apesar de necessário, implicou em uma ruptura de rentabilidade do grupo até o 2º trimestre de 2024.
A Genial vê tendências melhores na visão sequencial. A recuperação de vendas nas lojas físicas é um ponto positivo e veio acima da inflação, o que sugere que a demanda pelo menos nessas categorias básicas (linha branca e linha marrom) ainda está firme. No entanto, o crescimento foi impulsionado pela ampliação da concessão de crédito (+7,5% anualmente), o que aumenta o risco, pois o FIDC (fundo de crédito) ainda não está operacional, deixando a companhia mais exposta ao risco de inadimplência no médio prazo.
O Goldman Sachs destaca resultados sequencialmente melhores. As receitas líquidas ficaram marginalmente acima das expectativas (+3% versus projeção do Goldman e +2% versus o consenso da Bloomberg), enquanto a lucratividade continuou a melhorar, surpreendendo positivamente. Isso foi impulsionado em particular pela margem bruta, que foi ajudada por um melhor mix de produtos/serviços. No geral, a margem Ebitda ajustada ficou em +40 pontos-base acima das expectativas, levando o Ebitda absoluto a superar a projeção do Goldman em +9% e o consenso Bloomberg em +7%.
Houve recuperação dos resultados operacionais do 3T24, aponta o JPMorgan, ainda com algum efeito persistente do plano de recuperação em andamento. O banco, contudo, tem recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), para BHIA3. O Goldman também tem recomendação de venda, ainda que com preço-alvo de R$ 5,40, ou potencial de alta de 33%, assim como a Genial (com preço-alvo de R$ 4, ou queda de 2% frente o último fechamento).