As ações do Banco do Brasil operavam em alta de cerca de 3% nesta segunda-feira (4), em um movimento de recuperação após a forte queda de quase 7% registrada na última sexta-feira. O recuo anterior refletiu a apreensão do mercado com os possíveis resultados do segundo trimestre da instituição financeira controlada pelo governo.
A reação negativa na sexta-feira foi intensificada pela divulgação, pelo Banco Central, de dados preliminares das instituições financeiras referentes a maio. Os números sugerem um lucro abaixo do esperado para o Banco do Brasil, o que acendeu o alerta entre analistas.
Segundo os dados do BC — considerados uma prévia contábil sujeita a ajustes — o BB (BOV:BBAS3) teria registrado lucro líquido de R$ 516 milhões em maio, bem abaixo dos R$ 3,475 bilhões apurados no mesmo mês de 2024. Em abril, o lucro havia sido de R$ 1,735 bilhão.
Com base nessas informações, o Safra estimou que, mantido o ritmo atual, o lucro do banco no segundo trimestre deve ficar entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões — abaixo da estimativa anterior da casa, de R$ 4,6 bilhões. Já a média das projeções compiladas pela LSEG aponta lucro de R$ 5,279 bilhões no período. O balanço oficial será divulgado em 14 de agosto, após o fechamento do mercado.
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Os analistas do Safra também destacaram que, para alcançar o número projetado, seria necessário um desempenho muito forte em junho, o que julgam improvável, especialmente diante da piora da inadimplência no setor do agronegócio.
O BTG Pactual também vê pressão nos resultados. Em relatório, estimou lucro de R$ 3,35 bilhões para o segundo trimestre — 24% abaixo da expectativa inicial. Com base nesse desempenho, o banco projeta um retorno sobre o patrimônio (ROE) abaixo de 10% em 2025.
Em outro relatório, publicado em 31 de julho, o BTG já havia rebaixado o preço-alvo das ações do Banco do Brasil de R$ 30 para R$ 24, mantendo a recomendação neutra. A projeção de lucro para 2025 foi revisada de R$ 29,4 bilhões para R$ 23,5 bilhões, e a expectativa de ROE caiu de 15,6% para 12,5%.
Às 12h15, os papéis do BB subiam 2,62%, cotados a R$ 18,83, entre as maiores altas do Ibovespa, que avançava 0,64%. Na máxima do dia, chegaram a R$ 19,02, alta de 3,65%. Apesar da recuperação, as ações acumulam queda de cerca de 19% no ano.
“Os números do Banco Central reforçam tendências desafiadoras para o Banco do Brasil”, afirmaram analistas do Bradesco BBI em relatório a clientes, alertando, contudo, que os dados divulgados ainda podem sofrer ajustes.
Teleconferência
A BB Seguridade (BBSE3) projeta estabilidade no índice de sinistralidade do seguro agrícola para o segundo semestre de 2025. A avaliação foi feita pelo diretor financeiro da companhia, Rafael Sperendio, durante a conferência com analistas realizada nesta terça-feira (5), após a divulgação dos resultados trimestrais.
“No segundo semestre, não esperamos grandes mudanças na sinistralidade do seguro agrícola”, disse Sperendio, destacando a continuidade do cenário observado nos primeiros meses do ano.
Segundo o executivo, a estratégia da companhia será ajustar os preços do seguro agrícola de forma “um pouco mais agressiva”, mas mantendo uma postura cautelosa, especialmente diante das incertezas relacionadas ao clima. Ele reforçou, no entanto, que o momento atual não indica impactos relevantes de fenômenos como La Niña ou El Niño.
“Hoje, quando avaliamos as projeções de clima, temos mais conforto para trabalhar desta forma”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a distribuição de dividendos, Sperendio indicou uma perspectiva positiva: “Dá para se esperar um índice (de payout) maior no segundo semestre” em relação à primeira metade do ano, quando a companhia distribuiu 90% do lucro líquido.
VISÃO DO MERCADO
O resultado superou as expectativas do mercado, impulsionando os papéis da companhia: por volta das 10h45 (horário de Brasília), as ações BBSE3 subiam 1,52%, cotadas a R$ 34,06.
O desempenho veio acima das projeções — 2,5% superior à estimativa do Bradesco BBI e 1,3% acima do consenso —, graças, principalmente, ao resultado financeiro da holding, que ficou 28% acima das expectativas. Já a equivalência patrimonial e as receitas de corretagem ficaram dentro do previsto.
De acordo com o Bradesco BBI, o lucro da Brasilseg superou em 5% sua projeção, beneficiado por uma sinistralidade mais baixa: 21,5% contra os 24,5% estimados. Por outro lado, a Brasilprev ficou 10% abaixo das expectativas, prejudicada por um desempenho financeiro mais fraco — 13% inferior ao previsto — e por resgates líquidos de R$ 3,7 bilhões, frente aos R$ 1,5 bilhão registrados no 1T25.
A Genial Investimentos destacou que o braço de seguros da BB Seguridade continua sendo favorecido pelo cenário de juros elevados, que beneficia a receita financeira por conta do perfil majoritariamente pós-fixado da carteira. A unidade também foi impactada positivamente por um efeito não recorrente de R$ 129 milhões, oriundo da reversão de provisões judiciais após uma mudança legislativa. Além disso, o índice de sinistralidade recuou 4,8 pontos percentuais em relação ao 1T25 e 8,8 p.p. na comparação anual, reforçando a melhora do resultado.
Todas as quatro verticais da companhia apresentaram crescimento sequencial de lucro — algo que não acontecia desde o terceiro trimestre de 2023. A BB Corretora, por exemplo, registrou lucro líquido de R$ 884 milhões, avanço de 4,1% no trimestre e de 11,2% na base anual, com resultado 6,9% acima das estimativas, puxado pela expansão das receitas de corretagem e do desempenho financeiro.
Apesar do bom desempenho, analistas apontam que a companhia ainda enfrenta desafios relevantes. “Apesar do resultado construtivo, desafios estruturais persistem. A companhia enfrenta dificuldades em expandir prêmios de seguros e continua registrando captação líquida negativa na previdência, refletindo um ambiente mais desafiador para o segundo semestre”, destacou um dos trechos do relatório.
Os prêmios emitidos recuaram 0,5% na comparação anual, pressionados especialmente pela queda de 22,9% no seguro agrícola. As reservas avançaram 9,8% em relação ao 2T24, mas ainda abaixo do guidance anterior, refletindo o impacto do decreto que impôs IOF sobre contribuições ao VGBL acima de R$ 50 mil por mês. Essa regra foi parcialmente revertida pela MP 1.303, que ampliou o limite de isenção para R$ 300 mil anuais em 2025 e R$ 600 mil em 2026. Ainda assim, o efeito regulatório levou à captação líquida negativa de R$ 3,7 bilhões no trimestre.
Guidance revisado para baixo
Apesar do lucro acima do esperado, a BB Seguridade revisou para baixo suas projeções para 2025, com base em uma performance operacional mais fraca no primeiro semestre. Os prêmios emitidos caíram 3,4% no acumulado do 1S25, e o crescimento das reservas de previdência ficou em 9,8%, aquém da faixa prevista anteriormente (de 12% a 16%).
Com isso, a companhia ajustou suas projeções: o crescimento dos prêmios emitidos foi revisto de 2%-7% para -4%-1%; o resultado operacional, de 3%-8% para 1%-4%; e o avanço das reservas de previdência, de 12%-16% para 9%-12%. O lucro líquido projetado para 2025 passou de R$ 9,04 bilhões (+10,9% a/a) para R$ 8,85 bilhões (+8,5% a/a), em linha com a estimativa atual da Genial, de R$ 8,9 bilhões (+9,2% a/a).
“Apesar da revisão negativa do guidance operacional — sinalizando um arrefecimento na contribuição dos prêmios e crescimento mais moderado das reservas —, o resultado financeiro continua a surpreender positivamente. O lucro acumulado no 1S25 cresce 14% a/a, sustentado por um cenário de juros elevados, que favorece as carteiras majoritariamente pós-fixadas das verticais de seguros, capitalização e corretora”, avaliou a Genial.
Já o Bradesco BBI adotou um tom mais cauteloso. Para o banco, o desempenho da BB Seguridade tem sido sustentado principalmente por ganhos financeiros, enquanto os fundamentos operacionais seguem frágeis. “Notavelmente, os investidores já pareciam esperar uma revisão no crescimento dos prêmios emitidos, considerando os dados da Susep e o desempenho do 1T25, mas a revisão dos resultados operacionais não decorrentes de juros e das reservas de previdência trouxe uma surpresa negativa”, afirmou o relatório.
O BBI ainda destacou que sua projeção anterior já estava na extremidade inferior do intervalo estimado para o resultado operacional não decorrente de juros (4%), mas o novo ponto médio da companhia, de 2,5%, ficou abaixo da sua estimativa.
Diante disso, o banco manteve recomendação neutra para BBSE3, com preço-alvo de R$ 39. A avaliação é de que o crescimento da companhia continua altamente dependente do desempenho do Banco do Brasil, especialmente na emissão de prêmios, o que pode seguir pressionado.
A Genial Investimentos, por outro lado, manteve sua recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 47, o que representa um potencial de valorização de 40,1% em relação ao último fechamento. “Em um ambiente de maior incerteza macroeconômica, a combinação entre defensividade, dividendos robustos e valuation atrativo torna a BB Seguridade uma opção sólida dentro do setor de seguros. Ainda assim, mantemos Porto (PSSA3) como nossa preferência no setor de Seguros, por apresentar uma agenda mais clara de crescimento”, avaliou a casa.
O Itaú BBA também manteve recomendação equivalente à neutra (market perform), com preço-alvo de R$ 38. “A receita líquida fraca foi compensada por um menor índice de sinistros retidos e melhores resultados financeiros. Esse bom desempenho deve ser ofuscado por uma perspectiva mais baixa. O volume de vendas tem sido lento há algum tempo, com os prêmios rurais consolidados caindo 3% em relação ao ano anterior no 2T25. O produto de seguro prestamista foi impactado pelas altas taxas de juros. Além disso, as incertezas quanto à regulamentação do IOF sobre o VGBL afetaram a arrecadação de fundos de pensão”, destacou o banco.
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