O dólar à vista encerrou a quinta-feira (28) em queda frente ao real, acompanhando o movimento de enfraquecimento da moeda norte-americana no mercado internacional e apoiado pelo maior apetite ao risco no cenário doméstico, em meio às atenções voltadas para o quadro eleitoral de 2026.

Mesmo com um ambiente favorável à valorização da moeda brasileira, o câmbio voltou a encontrar resistência na faixa dos R$ 5,40, refletindo preocupações fiscais. Em julho, o governo central registrou déficit de R$ 59,1 bilhões, o segundo maior para o mês em toda a série histórica, pressionado principalmente pelo pagamento de precatórios.

No fechamento, o dólar à vista caiu 0,20%, cotado a R$ 5,4064, após oscilar entre R$ 5,3974 e R$ 5,4319. No mesmo horário (17h18), o dólar futuro para setembro recuava 0,30%, a R$ 5,4070.

No exterior, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes — recuava 0,36%, aos 97.881 pontos. O euro avançava 0,37%, para US$ 1,1681, enquanto a libra esterlina subia 0,09%, para US$ 1,3508.

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O qaue influenciou o dólar hoje?

O comportamento do real nesta sessão foi fortemente influenciado pela fraqueza do dólar no exterior, em meio ao aumento das apostas de investidores de que o Federal Reserve (Fed) deve cortar os juros em setembro, mesmo com a divulgação de dados econômicos positivos ao longo do dia.

O destaque ficou para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que avançou 3,3% na taxa anualizada no segundo trimestre. O resultado superou a estimativa anterior de 3,0% e reverteu a contração registrada entre janeiro e março. Apesar do crescimento acima do esperado, os números não abalaram as expectativas de afrouxamento monetário pelo Fed. Segundo a LSEG, o mercado precifica 88% de chance de redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em setembro.

“O PIB ainda foi insuficiente para alterar a política do Federal Reserve. É esperada uma leve queda da taxa nos EUA em 17 de setembro, apesar do resultado mais forte”, afirmou Gesner Oliveira, professor da FGV e sócio da GO Associados.

Juros mais baixos nos EUA tendem a reduzir o apelo dos ativos americanos para investidores estrangeiros, que passam a buscar retornos mais atrativos em outros mercados. Nesse contexto, o real se apresenta como alternativa interessante para alocação de recursos, dada a diferença atual de juros entre Brasil e Estados Unidos.

O índice do dólar, que acompanha a moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, recuava 0,24%, a 97,885 pontos. Na mínima do dia, o dólar à vista caiu para R$ 5,39545 (-0,42%) às 14h06, enquanto a máxima atingiu R$ 5,4313 (+0,24%) às 10h38.

O cenário doméstico teve agenda econômica vazia, e os investidores direcionaram atenção para o contexto político-eleitoral de 2026. Uma pesquisa AtlasIntel/Bloomberg mostrou empate técnico entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um eventual segundo turno, gerando reação positiva do mercado.

No front comercial, não houve novidades sobre a disputa entre Brasil e Estados Unidos, enquanto o governo brasileiro continua negociando a redução da tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos nacionais.

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