Governo Trump avalia participação na Intel para reforçar produção nacional de chips

O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, estuda adquirir uma participação na Intel Corp. (NASDAQ:INTC) para apoiar o projeto de uma megafábrica de semicondutores em Ohio.

Os recursos podem vir do Chips Act, programa federal que já destinou à Intel US$ 7,9 bilhões em subsídios e até US$ 3 bilhões adicionais para projetos ligados ao Pentágono. A empresa ainda pode acessar outros US$ 11 bilhões em empréstimos previstos na lei de 2022.

A possível entrada do governo como acionista reforçaria o caixa da fabricante, que enfrenta atrasos na construção de suas instalações em Ohio. O plano original de iniciar a produção antes de 2030 foi adiado, em meio a cortes de gastos e cancelamento de projetos na Alemanha e Polônia.

Apesar de críticas recentes ao CEO Lip-Bu Tan por supostas ligações com empresas chinesas, Trump e o executivo se reuniram nesta semana e indicaram disposição para avançar no diálogo. A Intel afirmou estar “profundamente comprometida” em apoiar os esforços do governo para ampliar a liderança tecnológica dos EUA.

O mercado reagiu positivamente. As ações da Intel subiram 7,4% na quinta-feira, para US$ 23,86, o maior fechamento desde março, e avançaram mais 4,1% em verificação realizada no final da manhã de sexta-feira, 15 de agosto de 2025.

O valor de mercado da companhia chegou a aproximadamente US$ 108,8 bilhões. No acumulado de 2025, os papéis já registram alta de 19%. A Intel também é negociada na B3 por meio da BDR (BOV:ITLC34), que simultaneamente subia 0,7%, para R$ 22,29.

Nos últimos meses, o governo adquiriu uma “golden share” na US Steel (NYSE:X), investiu US$ 400 milhões na MP Materials (NYSE:MP) e garantiu participação em receitas de exportações de semicondutores da Nvidia (NASDAQ:NVDA) e AMD (NASDAQ:AMD) para a China.

Especialistas avaliam que esse tipo de operação, que combina participação acionária, garantias de compra e parcerias, envia ao mercado uma mensagem de segurança e apoio governamental a projetos.

Segundo Geoffrey Gertz, do Center for a New American Security, trata-se de uma política industrial “muito mais prática” para setores críticos.

O desfecho das negociações ainda é incerto, mas, caso avance, a operação poderá marcar um dos maiores aportes governamentais em uma empresa privada de tecnologia, ajudando a Intel a reduzir vulnerabilidades na cadeia global de chips.

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