Reino Unido pode aumentar impostos sobre bancos para cobrir perdas do Banco da Inglaterra

O debate sobre o equilíbrio fiscal no Reino Unido ganhou força nesta sexta-feira (29/08) após a divulgação de um estudo do think tank Institute for Public Policy Research (IPPR). A instituição sugeriu que o governo britânico avalie a criação de novos impostos direcionados aos bancos, com o objetivo de reforçar as contas públicas.

Entre as propostas, o IPPR defende a tributação sobre os juros gerados pelas reservas que as instituições financeiras mantêm no Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês). A medida teria como finalidade compensar as perdas acumuladas pela autoridade monetária em razão do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês).

O estudo também recomenda que o governo pressione o BoE a administrar com mais cuidado as consequências fiscais de sua política monetária. “Em particular desacelerando o ritmo da reversão do afrouxamento quantitativo – o chamado aperto quantitativo – e qualquer futuro afrouxamento quantitativo”, menciona o relatório.

Caso medidas como essas sejam adotadas, o impacto pode ser direto sobre a lucratividade dos bancos britânicos, listados no mercado LSE, que veriam parte de seus ganhos com reservas ser redirecionada ao Tesouro. Além disso, o setor financeiro poderia enfrentar maior volatilidade em suas ações na bolsa de valores de Londres, já que investidores avaliariam riscos adicionais sobre margens e dividendos.

Do ponto de vista macroeconômico, a proposta tem potencial de influenciar não apenas os preços das ações no Reino Unido, mas também a dinâmica da libra esterlina (FX:GBPUSD) no mercado de câmbio e o rendimento dos títulos públicos britânicos. Um aperto fiscal direcionado ao sistema bancário pode trazer alívio para as contas governamentais, mas também aumentar a incerteza entre investidores internacionais.

Embora ainda não haja definição sobre a aplicação das ideias do IPPR, a discussão ocorre em um momento de atenção redobrada dos mercados às políticas monetárias globais. O tema se conecta à atual preocupação dos investidores com os custos do aperto quantitativo e sua influência na estabilidade financeira.