O mercado global de grãos atravessa um momento de forte volatilidade. O chamado weather market, que ganha intensidade entre agosto e setembro, período decisivo para o desenvolvimento das lavouras norte-americanas, tem ditado o ritmo das cotações internacionais. Nos Estados Unidos, chuvas regulares garantiram boas condições para milho e soja, mesmo com registros de clima mais seco em alguns estados.
O Pro Farmer Crop Tour 2025 reforçou essa percepção ao apontar produtividades superiores às da última safra em estados como Indiana e Nebraska. Porém, os números ficaram abaixo das estimativas oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), abrindo espaço para possíveis revisões nos próximos balanços de oferta e demanda, especialmente no caso da soja.
Segundo Isabella Pliego, analista de inteligência e estratégia da Biond Agro, os resultados confirmam o potencial de uma safra robusta, mas também exigem cautela. “Mais do que os números, o Crop Tour funciona como uma leitura prática de campo. Ele confirma produtividades consistentes, mas sinaliza que as estimativas do USDA podem estar superdimensionadas. Isso pode gerar revisões no balanço e impactar os estoques finais”, analisa.
Milho pressionado, soja sustentada
A constatação de uma safra cheia provocou forte pressão sobre os contratos futuros de milho (CCOM:CORN), que recuaram mais de 4% em Chicago, atingindo os níveis mais baixos desde 2020. O avanço da produtividade tem limitado qualquer tentativa de recuperação nos preços, mesmo diante de oscilações na demanda global. No Brasil, no entanto, o impacto dessa queda é menor, já que a procura firme no mercado doméstico mantém as cotações em patamar estável.
Já a soja (CCOM:SOYBEAN) seguiu em sentido oposto. O último relatório do USDA apontou redução nos estoques e um balanço mais apertado, o que garantiu sustentação às cotações em Chicago e fortaleceu os prêmios pagos pela soja brasileira no mercado internacional.
Repercussões para o Brasil
O Brasil se vê diante de riscos e oportunidades. No caso da soja, a forte demanda chinesa mantém os prêmios valorizados e incentiva produtores a anteciparem vendas. “O momento é estratégico para os produtores avaliarem a comercialização de parte da safra. Caso haja um acordo comercial entre EUA e China, parte dessa demanda pode migrar, reduzindo a competitividade brasileira”, pondera Isabella.
No milho, o cenário é inverso. A baixa competitividade do produto brasileiro em relação ao norte-americano tem restringido exportações e aumentado a oferta para o consumo interno. Mesmo diante de uma supersafra e de um câmbio em patamar mais baixo, os preços domésticos seguem firmes, refletindo essa dinâmica.
Para os próximos meses, fatores-chave permanecem no radar: as condições climáticas no cinturão agrícola dos Estados Unidos, possíveis ajustes do USDA frente às leituras do Pro Farmer, além das negociações comerciais entre norte-americanos e chineses. No Brasil, o ambiente macroeconômico e as preocupações fiscais seguem influenciando diretamente o câmbio e, por consequência, a competitividade das exportações agrícolas.
Pressão sobre os preços e revisões do USDA
A percepção de uma safra robusta explica a recente queda de mais de 4% nos futuros de milho em Chicago, que alcançaram os menores níveis desde 2020. Apesar da pressão, os Estados Unidos têm diversificado os destinos de exportação, reduzindo a dependência da China e assegurando uma base mínima para seus embarques.
Mesmo assim, Isabella faz um alerta: “Uma seca prolongada ou chuvas excessivas poderiam comprometer a produtividade e até mesmo atrasar a colheita. Já vimos isso acontecer recentemente, quando a estimativa da soja foi cortada em função da redução na área cultivada, o que tornou o balanço interno mais apertado”, finaliza.
No cenário internacional, a queda nos preços do milho pressiona contratos futuros em Chicago, enquanto a soja encontra sustentação com base nos cortes do USDA. Para investidores, esse movimento reforça a importância de monitorar de perto tanto os balanços de oferta e demanda quanto as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, fatores que podem redefinir a dinâmica dos preços nos próximos meses.
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