O governo dos Estados Unidos confirmou a compra de 10% da Intel (NASDAQ:INTC) em um acordo avaliado em aproximadamente US$ 8,9 bilhões. O anúncio da Casa Branca representa mais uma intervenção direta da administração Trump em empresas com foco na indústria de semicondutores.

Segundo documentos oficiais, parte do aporte foi viabilizada pela conversão de US$ 5,7 bilhões em subsídios da Lei CHIPS de 2022 e US$ 3,2 bilhões destinados anteriormente ao programa Secure Enclave. A transação foi realizada com desconto de US$ 4 em relação ao preço de mercado, diluindo a participação de acionistas existentes.

A Intel destacou em relatório que a participação governamental poderá representar riscos para os negócios. Entre eles, a possibilidade de prejudicar vendas internacionais, comprometer a obtenção de futuros subsídios e sujeitar a companhia a regras adicionais em outros países. Em 2024, 76% da receita da empresa veio de mercados estrangeiros, sendo 29% apenas da China.

Donald Trump afirmou estar disposto a repetir movimentos semelhantes em outros setores. O presidente americano mencionou a criação de um fundo soberano, inspirado em modelos como o da Noruega, que administra mais de US$ 1,8 trilhão em ativos.

Alguns analistas veem o acordo como positivo. Os recursos serão aplicados na expansão de fábricas e na retomada de projetos interrompidos, em um momento em que a empresa enfrenta queda de receitas e dificuldades para competir com as rivais TSMC e Nvidia.

A intervenção, no entanto, gera preocupações sobre “capitalismo de compadrio”, como alertam especialistas em política industrial. Há risco de criação de um ambiente menos competitivo, no qual empresas favorecidas pelo governo se tornem excessivamente dependentes do apoio estatal, prejudicando inovação no longo prazo.

Ainda assim, há consenso de que semicondutores representam um setor importante em meio à rivalidade entre Estados Unidos e China. Para a Casa Branca, a Intel não é apenas uma empresa, mas um pilar da segurança nacional e da competitividade tecnológica americana no século XXI.

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