Trump bloqueia vistos de membros da autoridade palestina e da OLP

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (29/08) que irá negar e revogar vistos de autoridades palestinas dias antes da próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para setembro. A medida surge em meio ao movimento liderado pela França em defesa do reconhecimento de um Estado palestino, aumentando ainda mais a tensão diplomática.

O comunicado oficial foi divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano. “O governo Trump foi claro: é do nosso interesse de segurança nacional responsabilizar a OLP [Organização para Libertação da Palestina] e a AP [Autoridade Palestina] por não cumprirem seus compromissos e por minar as perspectivas de paz”, informou o texto.

A iniciativa estreita ainda mais a relação entre Trump e o governo de Israel, que se opõe veementemente à criação de um Estado palestino e busca associar a Autoridade Palestina, sediada na Cisjordânia, ao grupo Hamas, que atua em Gaza. Tanto a OLP quanto a Autoridade Palestina representam politicamente os palestinos e pressionam pela consolidação de um Estado soberano no cenário internacional.

Apesar de o acordo como país anfitrião da ONU em Nova York determinar que os Estados Unidos não recusem vistos para representantes que participam das sessões do organismo, o Departamento de Estado afirmou estar cumprindo suas obrigações ao manter a missão palestina junto às Nações Unidas.

Acusações e possíveis desdobramentos

Essa não é a primeira vez que o governo Trump impõe sanções contra membros da OLP e da Autoridade Palestina. Em ocasiões anteriores, os acusou de “glorificação da violência” e de “minar a paz”. Agora, a dúvida recai sobre quem, de fato, será afetado pelo bloqueio, já que a Assembleia Geral da ONU costuma reunir grandes delegações. Caso a medida seja aplicada de forma restritiva, Mahmoud Abbas pode ficar impossibilitado de discursar, rompendo uma tradição mantida há anos.

O órgão liderado por Marco Rubio reforçou as críticas, acusando os palestinos de promoverem uma “guerra jurídica” ao recorrer ao Tribunal Penal Internacional e à Corte Internacional de Justiça contra Israel — termo usado por Trump ainda fora da Casa Branca, em referência a suas próprias batalhas legais.

“O comunicado insta a Autoridade Palestina a pôr fim às ‘tentativas de contornar as negociações por meio de campanhas de guerra jurídica internacional’ e aos ‘esforços para garantir o reconhecimento unilateral de um Estado palestino conjectural’”, destacou o texto. Além disso, determinou que os membros “devem repudiar consistentemente o terrorismo”, citando como exemplo o ataque comandado pelo Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro de 2021.

Impactos no mercado financeiro

A decisão de Trump intensifica as tensões no Oriente Médio, podendo gerar reflexos diretos sobre os preços de ativos ligados à região. O petróleo Brent (CCOM:OILBRENT) e o petróleo WTI (CCOM:OILCRUDE), por exemplo, tendem a oscilar diante de riscos geopolíticos, enquanto moedas emergentes podem enfrentar maior volatilidade, especialmente em momentos de aversão global ao risco. Títulos públicos norte-americanos também podem ser impactados, já que investidores buscam proteção em ativos considerados mais seguros.

Ainda que os detalhes práticos da medida não estejam totalmente claros, o anúncio reforça a posição de Donald Trump em alinhar-se a Israel em questões estratégicas e pode dificultar os esforços internacionais por uma solução pacífica. Para os mercados, a notícia serve como um lembrete de que tensões diplomáticas seguem sendo um fator de peso para a precificação de ativos globais.