Os investidores iniciam a semana atentos a uma agenda densa de indicadores econômicos que serão divulgados entre a noite de domingo (19/10) e a segunda-feira (20/10), com potencial para influenciar as expectativas sobre juros, câmbio e ativos de risco em várias partes do mundo. Os números que virão da China, dos Estados Unidos e da Europa prometem definir o tom dos mercados nos próximos dias, enquanto o Brasil acompanha a divulgação do Boletim Focus e seus impactos sobre a curva de juros.
Nos Estados Unidos, o foco da segunda-feira estará voltado para a produção industrial e os estoques das empresas, que ajudam a medir a temperatura da atividade no terceiro trimestre. O consenso de mercado projeta alta mensal de 0,1% na produção industrial de setembro — mesma variação observada em agosto — e crescimento anual de 0,87%. Esses números indicam estabilidade no ritmo produtivo americano, mas ainda sugerem uma economia que segue “quente o suficiente” para manter o Federal Reserve (Fed) em posição de cautela quanto a cortes de juros.
Outro dado importante será o índice de indicadores antecedentes, com expectativa de queda de 0,5% em setembro. Esse indicador, que antecipa possíveis mudanças no ciclo econômico, tem recuado de forma consistente nos últimos meses, sugerindo perda gradual de tração na economia. Caso o resultado venha pior que o previsto, pode pressionar os rendimentos dos Treasuries de curto prazo e provocar ajustes no câmbio, com o dólar cedendo levemente frente às principais moedas.
Os leilões de T-bills de 3 e 6 meses, que ocorrem ainda na segunda-feira, também serão observados de perto. Taxas próximas ou acima das últimas emissões (3,845% e 3,685%) indicariam manutenção da percepção de juros elevados por mais tempo. Essa dinâmica tende a influenciar diretamente o mercado acionário: S&P 500 (SPI:SP500) e Nasdaq (NASDAQI:COMPX) podem reagir com volatilidade, principalmente se os rendimentos dos títulos curtos permanecerem pressionados.
No Brasil, o destaque da agenda é a divulgação do Boletim Focus (segunda, 08h25), que deve atualizar as projeções para o IPCA, PIB e taxa Selic. O mercado espera leve ajuste para cima nas estimativas de inflação de 2025, refletindo o repasse de preços administrados e o recente avanço do dólar. Um Focus mais pessimista poderia elevar as taxas de juros futuros (BMF:DI1F27) e (BMF:DI1F29) e enfraquecer o real (FX:USDBRL) frente ao dólar, sobretudo se o exterior mantiver o viés de aversão ao risco.
A Europa começa a semana com uma bateria de dados industriais e de comércio externo. A Alemanha, maior economia do bloco, divulgará o Índice de Preços ao Produtor (IPP) de setembro. A expectativa é de queda mensal de 0,5% e retração anual de 2,2%, refletindo a desaceleração dos custos energéticos. Caso o dado venha abaixo do esperado, poderá reforçar o discurso dovish do Banco Central Europeu (BCE) e pressionar o euro (FX:EURUSD), ao mesmo tempo em que impulsiona o mercado de títulos soberanos do continente, como o Bund alemão (BUND).
Também serão divulgadas as transações correntes da zona do euro, com expectativa de saldo positivo de €27,7 bilhões em agosto, além dos leilões franceses de BTF de 3, 6 e 12 meses. Taxas estáveis nesses papéis devem sinalizar confiança moderada do mercado, mas qualquer surpresa pode alterar a precificação da curva de juros europeia. O discurso do presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, previsto para o fim do dia, tende a atrair atenção adicional, já que o dirigente é uma das vozes mais influentes no conselho do BCE.
Na Ásia, o destaque será o pacote de indicadores chineses, programado para a noite de domingo (23h00 no horário de Brasília). O mercado espera PIB do 3º trimestre com avanço de 4,7% ao ano, abaixo dos 5,2% anteriores, e crescimento trimestral de 0,8%. Esse enfraquecimento do ritmo econômico reforça as preocupações com o setor imobiliário e a demanda doméstica. Além disso, os dados de vendas no varejo, projetados em +2,9%, e a produção industrial, esperada em +5,0%, devem confirmar o cenário de recuperação parcial, mas desigual.
Caso as leituras chinesas decepcionem, o impacto pode ser direto sobre o mercado de commodities, especialmente o minério de ferro e o petróleo (CCOM:OILBRENT), além de afetar as bolsas asiáticas, como o Hang Seng e o Shanghai Composite. O yuán (FX:USDCNY) também tende a reagir, com possível depreciação adicional caso o PIB confirme desaceleração mais acentuada.
Na Nova Zelândia, o foco será o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do 3º trimestre, previsto para alta de 0,5% no trimestre e 2,7% em 12 meses, em linha com o limite inferior da meta do Banco da Reserva da Nova Zelândia (RBNZ). Caso o dado surpreenda para cima, o mercado pode reforçar as apostas de manutenção dos juros elevados, fortalecendo o dólar neozelandês (FX:NZDUSD). Por outro lado, um resultado mais fraco abriria espaço para revisões dovish, impulsionando os títulos locais e o setor imobiliário.
Já o mercado britânico acompanhará a divulgação do Índice de Preços de Imóveis Rightmove, com expectativa de alta mensal de 0,4%, mas ainda queda anual de 0,1%. O dado deve manter o tom de fraqueza do setor habitacional, que vem sofrendo com taxas de financiamento mais altas. Esse contexto reforça o argumento para que o Banco da Inglaterra (BoE) adote uma postura mais cautelosa nas próximas decisões de política monetária, favorecendo uma ligeira recuperação no índice FTSE 100 (LSE:UKX).
Com tantos dados relevantes entre domingo e segunda, os investidores devem observar forte volatilidade entre moedas, juros e ações. A tendência é que a aversão ao risco prevaleça caso os indicadores chineses decepcionem ou se os números americanos reforçarem a ideia de juros altos por mais tempo. Por outro lado, uma combinação de inflação controlada e crescimento moderado pode sustentar o apetite por risco, beneficiando bolsas e moedas emergentes.
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