
Resultado reflete pressão sobre a margem, mas receita líquida cresce 3,5% com aumento de vendas na América do Norte; EBITDA ajustado recua 9,2%, reforçando atenção do mercado para custos e produtividade.
A Gerdau S.A. (BOV:GGBR4) divulgou nesta quinta-feira (30/10) seus resultados do terceiro trimestre de 2025, registrando lucro líquido de R$ 1,09 bilhão, queda de 23,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda ajustado alcançou R$ 2,737 bilhões, recuo de 9,2% na comparação anual, enquanto a receita líquida somou R$ 17,983 bilhões, avanço de 3,5%.
O crescimento da receita foi impulsionado principalmente pelo aumento de 9,1% no volume de vendas, com destaque para a América do Norte, responsável por 50% da receita consolidada, mesmo diante da desvalorização de 3,8% do dólar frente ao real no período. A empresa destacou que o custo das vendas por tonelada caiu 1,9% em relação ao trimestre anterior, beneficiado por menores custos na América do Norte e América do Sul e ganhos de produtividade, compensando o aumento observado no Brasil.
No trimestre, a Gerdau investiu R$ 1,7 bilhão, aproximadamente 60% voltados para a competitividade das operações. Entre os destaques, a conclusão do ramp-up da linha de bobinas a quente em Ouro Branco (MG), adicionando 250 mil toneladas de capacidade anual, e o comissionamento da nova instalação de downstream (Projeto Solar Pile) em Midlothian, Texas, voltada para energia solar. Para 2026, a companhia projeta investimentos de R$ 4,7 bilhões, 22% abaixo do estimado para 2025.
A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 8,770 bilhões, redução de 3,8% em relação a junho, enquanto o resultado financeiro melhorou 33,4% ante o trimestre anterior. A alavancagem (dívida líquida/Ebitda ajustado) atingiu 0,81 vez, mantendo-se em patamar saudável e abaixo da política interna de endividamento.
Durante o pregão desta quinta-feira (30/10), as ações da Gerdau (GGBR4) fecharam estáveis em R$ 18,72, com faixa de 52 semanas entre R$ 13,74 e R$ 21,30, refletindo cautela do mercado diante da queda do lucro líquido e da perspectiva de investimentos mais moderados para 2026.
Fundada em 1901, a Gerdau S.A. atua no setor siderúrgico, produzindo aço e derivados, com operações no Brasil, América do Norte e América do Sul. Entre seus principais concorrentes estão a ArcelorMittal e a Usiminas. A companhia é conhecida por marcas e produtos voltados a construção civil, indústria e infraestrutura.
O mercado segue atento às estratégias de produtividade e expansão internacional da Gerdau, enquanto investidores acompanham o desempenho de GGBR4 e suas oportunidades no setor de aço.
Teleconferência
O presidente-executivo da Gerdau (GGBR4), Gustavo Werneck, afirmou nesta sexta-feira (31) que uma parte relevante das operações de aço da companhia no Brasil vem registrando prejuízo, diante do avanço das importações no mercado interno. Apesar disso, o tom foi mais otimista do que em meses anteriores.
Durante conversa com jornalistas, Werneck destacou que vê um movimento mais claro do governo federal em direção a medidas para conter a entrada de aço estrangeiro, especialmente da China.
“Os processos de aplicação de antidumping são lentos, mas temos observado avanços. Hoje, esse é um caminho que enxergamos como mais concreto”, afirmou.
O vice-presidente financeiro da companhia, Rafael Japur, reforçou essa percepção. Segundo ele, técnicos do governo têm buscado as siderúrgicas para avaliar dados e entender a situação do setor. “Há um avanço real na atuação do corpo técnico”, disse. Japur afirmou ainda que as duas principais investigações que envolvem a Gerdau — relacionadas ao fio-máquina e às bobinas a quente — devem ter uma decisão sobre antidumping por volta do final do segundo trimestre de 2026.
Werneck também comentou que o novo laminador de bobinas a quente da usina de Ouro Branco (MG), inaugurado em março após um investimento de R$ 1,5 bilhão e capacidade anual de 250 mil toneladas, ainda não opera em carga plena justamente por causa do volume elevado de importações.
A estimativa para este ano é que o Brasil importe cerca de 6 milhões de toneladas de aço — o equivalente a quase 30% de toda a demanda nacional pelo produto.
VISÃO DO MERCADO
Às 10h13, as ações da Gerdau recuavam 1,50%, sendo negociadas a R$ 18,44.
No trimestre, o EBITDA ajustado das operações no Brasil somou R$ 763 milhões. Embora esse resultado represente uma queda de 13% na comparação com os três meses anteriores, ficou cerca de 10% acima das estimativas do Goldman Sachs. Segundo o banco, o desempenho melhor veio de custos de caixa mais baixos, refletindo ganhos de eficiência na planta de Ouro Branco.
Por outro lado, o Goldman reforça que a América do Norte segue sendo o principal pilar da companhia, respondendo por mais de 60% do EBITDA consolidado no período. Enquanto isso, as operações brasileiras continuam pressionadas, com a margem EBITDA recuando para 10% — o menor nível em uma década.
Nos EUA, os resultados seguem amparados por barreiras comerciais que protegem o mercado interno. O volume vendido pela Gerdau na região cresceu 10% na base anual. Para o quarto trimestre, há expectativa de spreads mais firmes, mas o banco destaca que será importante acompanhar como a sazonalidade pode afetar volumes e rentabilidade.
O Goldman também aponta que uma eventual flexibilização no acordo USMCA, que poderia reduzir tarifas para Canadá e México, teria impacto negativo potencial. Ainda assim, a lucratividade nas operações norte-americanas segue robusta.
A geração de caixa livre (FCF) foi outro ponto positivo do trimestre, sustentando o pagamento de dividendos equivalentes a 1,6% e o andamento do programa de recompra de ações. Com um EBITDA anualizado entre R$ 10 bilhões e R$ 11 bilhões, o FCF yield próximo de 10% segue atrativo. No entanto, o mercado ainda demonstra cautela diante da possibilidade de normalização dos resultados nos EUA antes de uma recuperação mais consistente no Brasil.
O Morgan Stanley destacou que o EBITDA ajustado consolidado de R$ 2,737 bilhões ficou levemente acima do consenso (R$ 2,709 bilhões) e também superou sua própria estimativa (R$ 2,695 bilhões). O resultado refletiu receita um pouco maior e despesas administrativas menores, compensando o aumento marginal de custos. O lucro por ação ajustado de R$ 0,54 superou as projeções em 9%.
O fluxo de caixa operacional atingiu R$ 2,9 bilhões, acima do consenso em 27%, embora tenha ficado abaixo da projeção do próprio Morgan, de R$ 3,6 bilhões.
Para a XP Investimentos, os números ilustram o valor de um portfólio geograficamente diversificado. O ambiente competitivo no Brasil segue mais difícil, enquanto a América do Norte mantém boa performance, apoiada por medidas protecionistas. A corretora vê espaço para um ciclo positivo de lucros na divisão americana e possibilidade de ponto de inflexão nos preços no Brasil, sustentando uma visão mais construtiva para 2026.
O BTG Pactual avaliou o trimestre como razoável, com desempenho mais forte nos EUA compensando a fraqueza no Brasil. O banco chamou atenção para o fluxo de caixa, que chegou a R$ 1 bilhão, com yield anualizado de 11%.
Já o Itaú BBA classificou o resultado como neutro, em linha com a tendência do trimestre anterior. O banco vê possibilidade de novas pressões de margem no Brasil no 4T25, enquanto espera que as margens nos EUA sigam resilientes, mesmo com sazonalidade mais fraca.
Para o Bradesco BBI, embora o EBITDA esteja em linha com o mercado, a geração de caixa foi o ponto positivo. O banco destaca que o mercado tende a reagir, no curto prazo, ao tom da administração sobre o 4T25 e às decisões de alocação desse caixa entre dividendos e recompra.
Recomendações
- BTG Pactual: mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 20, destacando valuation atrativo (4x EV/EBITDA para 2026) e yield de 10% a 12%.
- XP Investimentos: também recomenda compra.
- Goldman Sachs, Morgan Stanley e Itaú BBA: mantêm recomendação de compra, com preços-alvo de R$ 26, R$ 22 e R$ 24, respectivamente.
- Bradesco BBI: mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 17.
QUER SABER COMO GANHAR MAIS?
A ADVFN oferece algumas ferramentas bem bacanas que vão te ajudar a ser um trader de sucesso
- Monitor - Lista personalizável de cotações de bolsas de valores de vários paíeses.
- Portfólio - Acompanhe seus investimentos, simule negociações e teste estratégias.
- News Scanner - Alertas de notícias com palavras-chave do seu interesse.
- Agenda Econômica - Eventos que impactam o mercado, em um só lugar.
 
                             
         Recursos principais
 Recursos principais





 Negocie como um profissional: Aproveite discussões em tempo real e ideias que movimentam o mercado para superar a concorrência.
  Negocie como um profissional: Aproveite discussões em tempo real e ideias que movimentam o mercado para superar a concorrência.
 
							 
							 
							 
             
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
         
        