Ouro e Bitcoin batem máximas históricas em meio a incertezas econômicas e geopolíticas

Quem investe em ouro e bitcoin teve motivos para comemorar nas últimas semanas. Ambos os ativos atingiram níveis recordes, refletindo a busca de investidores por alternativas ao dólar em um cenário de instabilidade econômica e tensões geopolíticas.

Nesta terça-feira (07/10), o ouro ultrapassou a marca de 4 mil dólares por onça troy, enquanto o bitcoin havia atingido um recorde no domingo, rompendo a barreira de 125 mil dólares antes de sofrer leve correção.

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O ano de 2025 tem sido extraordinário para essas commodities. O ouro registra alta superior a 50% desde janeiro, no caminho para seu melhor desempenho anual desde 1979. O bitcoin, apesar de oscilações ao longo do ano, dobrou de valor em 12 meses.

Ouro e bitcoin estão sendo impulsionados por uma combinação de fatores. Tradicionalmente considerado um porto seguro, o ouro apresenta tendência ascendente desde 2018, acumulando valorização de mais de 300% desde então. A instabilidade global, como as tarifas de importação nos EUA em abril, o shutdown do governo norte-americano e conflitos geopolíticos na Ucrânia e em Gaza, reforçam seu apelo como ativo de proteção.

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“A fraqueza do iene em decorrência das eleições do LDP deixou os investidores com um ativo de refúgio a menos, e o ouro soube capitalizar”, disse o analista-chefe de mercado da KCM Trade, Tim Waterer, à agência Reuters.

Na Europa, a renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu aumentou a incerteza política na França, levantando preocupações sobre a estabilidade do euro e da economia francesa, cuja dívida pública equivale a 115% do PIB. “O shutdown do governo americano significa que uma nuvem de incerteza ainda paira sobre a economia americana e sobre o potencial de qualquer impacto no PIB”, acrescentou Waterer.

Além da busca por segurança, o ouro tem se beneficiado do aumento da demanda por fundos de investimento ETF lastreados em ouro. “O fato de a demanda por ETFs ter voltado à cena com tanta força significa que existem duas formas ‘agressivas’ de procura por ouro: pelos bancos centrais e pelos investidores em ETFs”, afirmaram analistas do Deutsche Bank em nota. Dados da CFTC indicam que fundos de hedge mantêm um recorde de 73 bilhões de dólares em ouro.

O bitcoin também segue trajetória de valorização. A reeleição de Donald Trump e seu apoio declarado às criptomoedas aumentaram a confiança no setor, enquanto investidores institucionais e a expectativa de cortes de juros elevam a procura pelo ativo. “Desta vez, o shutdown importa”, comentou Geoffrey Kendrick, analista do Standard Chartered Bank, em nota. Ele destacou ainda que o bitcoin tem se mostrado sensível aos riscos econômicos dos EUA, incluindo o prêmio de prazo do Tesouro norte-americano. Outubro historicamente reforça a força do bitcoin, com quedas raras no mês desde 2013.

Analistas projetam que ouro e bitcoin continuarão a valorizar-se. Kendrick acredita que o bitcoin pode alcançar 135 mil dólares durante o período de shutdown, enquanto o banco britânico HSBC prevê que bancos centrais seguirão comprando ouro em grandes volumes. O Conselho Mundial do Ouro indicou que “95% dos gestores de reservas acreditam que as reservas globais de ouro dos bancos centrais aumentarão nos próximos 12 meses”, reforçando a expectativa de novas máximas para o metal precioso.

(Deutsche Welle)

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