Starbucks retoma crescimento em lojas comparáveis após seis trimestres de queda

A Starbucks (NASDAQ:SBUX) agradou o mercado ao registrar crescimento nas vendas em lojas comparáveis pela primeira vez em mais de um ano, provando que seu plano de recuperação “De Volta ao Starbucks”, liderado pelo CEO Brian Niccol, está mostrando resultados.

Mesmo com lucro abaixo do esperado, investidores inicialmente mostraram uma reação positiva, com as ações da Starbucks subindo 1,6% após o fechamento do mercado, apesar da queda de 1,47% no pregão regular. Poucas horas após a alta inicial, as ações reverteram para uma baixa de 0,5%, no momento da escrita.

No acumulado de 2025, os papéis registram desvalorização de 7,8%, enquanto o índice S&P 500 avançou 17% no mesmo período. A Starbucks também é negociada na B3 por meio da BDR (BOV:SBUB34).

O lucro ajustado por ação foi de US$ 0,52, abaixo da estimativa de US$ 0,56 da FactSet. A margem operacional caiu 7,1 pontos percentuais em relação ao ano anterior, pressionada por custos trabalhistas, investimentos em reestruturação e fechamento de 107 lojas, seguindo as etapas do programa de US$ 1 bilhão para modernizar operações e reduzir despesas.

A receita líquida atingiu US$ 9,6 bilhões, superando as projeções de US$ 9,3 bilhões. O avanço de 5% em relação ao ano anterior reafirma a resiliência da marca e o impacto inicial das mudanças implementadas sob a nova gestão, que incluem reformulação de cardápio, aumento de equipe e foco na experiência do consumidor.

As vendas em lojas comparáveis cresceram 1% globalmente, revertendo seis trimestres de quedas consecutivas. Nos mercados internacionais, as vendas avançaram 3%. Na China, o aumento foi de 2%, enquanto nos Estados Unidos as vendas permaneceram estáveis, ainda afetadas pelo comportamento cauteloso dos consumidores.

Nos Estados Unidos, clientes têm priorizado custo-benefício, afetando empresas com preços mais elevados, como a Starbucks. Analistas indicam que a marca ainda precisa equilibrar seu posicionamento premium com táticas que ainda atraiam consumidores mais sensíveis a preços, diante da concorrência de cafeterias locais e redes de baixo custo.

O CEO Brian Niccol afirmou que a empresa “está no caminho certo para oferecer o melhor do Starbucks a clientes, parceiros e acionistas”. Ele destacou que o retorno ao crescimento é resultado direto das medidas adotadas para revitalizar a marca e melhorar a experiência nas lojas.

A diretora financeira, Cathy Smith, comentou que a Starbucks segue comprometida em gerenciar custos controláveis e ampliar margens, embora reconheça que a recuperação será um processo de vários anos. As margens seguiram pressionadas pela inflação e pelos investimentos no plano de recuperação.

Nos últimos meses, a empresa anunciou o fechamento de centenas de lojas com baixo desempenho e a demissão de 900 funcionários corporativos. Mais de 90% das unidades encerradas estavam nos Estados Unidos, incluindo a histórica torrefação de Seattle, impactada por disputas sindicais.

No cenário internacional, a empresa segue ajustando seu portfólio na China, oferecendo produtos com sabores locais e reduzindo preços de itens não relacionados ao café. A Starbucks também se prepara para vender uma participação majoritária em suas operações chinesas, em meio à concorrência doméstica.

A companhia ainda enfrenta impasses trabalhistas com o sindicato que representa baristas em cerca de 550 lojas norte-americanas, que planeja votar sobre uma possível greve por melhores condições de trabalho e remuneração. As negociações permanecem sem avanços desde o ano passado.

Analistas do UBS e da Mizuho avaliam que a recuperação da Starbucks será gradual, mas consistente, sustentada pela marca globalmente reconhecida. A empresa pretende divulgar novas projeções financeiras em janeiro, durante o próximo evento voltado a investidores.

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