Trump interrompe negociações com o Canadá após polêmica com anúncio de Reagan

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a suspensão imediata de todas as negociações comerciais com o Canadá. A decisão foi motivada por uma campanha do governo de Ontário que utilizou a voz do ex-presidente Ronald Reagan criticando tarifas, sem autorização da Fundação Reagan.

Trump acusou o anúncio de ser uma tentativa deliberada de interferir em um processo pendente na Suprema Corte dos EUA. O tribunal deve julgar, em 5 de novembro, a legalidade das tarifas impostas por sua administração, que podem obrigar Washington a reembolsar bilhões de dólares a empresas afetadas.

Em publicação na Truth Social, Trump defendeu que “as tarifas são vitais para a segurança nacional e para a economia americana”. O presidente alegou que o comportamento do Canadá foi “flagrante” e justificou o rompimento das tratativas comerciais como uma medida de proteção aos interesses dos EUA.

O anúncio canadense, financiado por Ontário ao custo de US$ 75 milhões, exibiu trechos de um discurso de Reagan de 1987, nos quais o ex-presidente alertava sobre os riscos de políticas protecionistas. A Fundação Reagan denunciou a edição como “enganosa” e prometeu avaliar ações legais contra o governo provincial.

Ontário afirmou que a campanha tem o objetivo de defender a economia canadense, duramente atingida pelas tarifas americanas. A província, que concentra grande parte da indústria automotiva e siderúrgica, é o coração exportador do país e depende dos EUA para cerca de 75% de suas vendas externas.

Em 2024, o comércio bilateral entre EUA e Canadá ultrapassou US$ 900 bilhões, tendo o Canadá como o segundo maior parceiro comercial americano. A reação do mercado foi imediata, com o dólar canadense se desvalorizando após as declarações de Trump.

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, busca reduzir a dependência de seu país em relação aos Estados Unidos e planeja expandir exportações para outros mercados. Ele deve se reunir com Trump durante as cúpulas da ASEAN e da APEC na Ásia, na próxima semana, para tentar aliviar a crise.

Esta é a segunda vez no ano que Trump ameaça encerrar as negociações comerciais com o Canadá. Em junho, ele havia feito o mesmo em protesto contra o imposto canadense sobre serviços digitais, o que levou Ottawa a revogar a medida.

Enquanto isso, Trump também se prepara para um encontro de alto risco com o presidente chinês, Xi Jinping, durante a cúpula da APEC. O foco será evitar uma escalada tarifária entre as duas maiores economias do mundo e redefinir os termos do comércio bilateral.

Analistas veem nas ações de Trump uma política voltada à base republicana, combinando retórica nacionalista e pressão econômica. O impacto imediato sobre o comércio global ainda é incerto, mas investidores temem que a nova ofensiva tarifária reacenda tensões e afete a confiança dos mercados internacionais.

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