
Rede de saúde vê aumento no tíquete médio e crescimento da base de beneficiários, mas sente pressão sazonal na sinistralidade
A Hapvida Participações e Investimentos S.A. (BOV:HAPV3) reportou lucro líquido de R$ 338 milhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 4,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado pelo aumento da receita e avanço do tíquete médio, ainda que a empresa tenha sentido o impacto da maior utilização de serviços médicos, típica da sazonalidade de inverno nas regiões Sul e Sudeste.
A receita líquida da Hapvida (HAPV3) somou R$ 7,8 bilhões, crescimento de 6,0% em relação ao 3T24. Já o Ebitda ajustado totalizou R$ 746,4 milhões, queda de 2,1% na base anual, reflexo da maior sinistralidade e do ramp-up de novas unidades próprias.
Segundo a operadora, o trimestre foi marcado pela combinação entre disciplina financeira, expansão de rede e controle de custos, mesmo com o aumento da demanda sazonal. A sinistralidade caixa subiu para 75,2%, alta de 1,3 ponto percentual ante o trimestre anterior, refletindo o maior volume de atendimentos e a maturação de novas unidades em operação.
A carteira de beneficiários de planos de saúde atingiu 8,869 milhões, alta trimestral de 0,2%, enquanto os planos odontológicos cresceram 2,8% em doze meses, somando 7,107 milhões de clientes. No total, a companhia encerrou setembro com quase 16 milhões de beneficiários.
O tíquete médio subiu 6,1% na base anual, chegando a R$ 292,70, impulsionado por reajustes contratuais e por um mix de produtos mais equilibrado. A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 4,25 bilhões, com alavancagem de 1,0x Ebitda — praticamente estável frente ao ano anterior.
No pregão desta quarta-feira (12/11), as ações HAPV3 eram negociadas a R$ 32,69, estáveis (0,00%) até às 09h45. Na faixa de 52 semanas, os papéis variaram entre R$ 29,70 e R$ 50,55, refletindo o cenário de ajustes do setor de saúde e a busca dos investidores por previsibilidade operacional.
A Hapvida é uma das maiores operadoras integradas de saúde da bolsa de valores brasileira (B3), com atuação em planos médicos e odontológicos, hospitais, clínicas e laboratórios próprios. O grupo disputa mercado com players como NotreDame Intermédica, Amil e Unimed.
VISÃO DO MERCADO
Um trimestre que frustrou — e muito — as expectativas do mercado. Assim foi recebido o balanço da Hapvida (HAPV3), divulgado na noite de quarta-feira (12), que mostrou lucro líquido de cerca de R$ 338 milhões no terceiro trimestre de 2025, resultado considerado abaixo do esperado pelos investidores.
Na abertura do pregão desta quinta-feira (13), as ações da operadora de saúde despencaram 32,43%, para R$ 22,09, após cerca de 20 minutos em leilão — e voltaram ao leilão logo em seguida, refletindo a forte reação negativa do mercado.
O Goldman Sachs destacou que o Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 613 milhões, desconsiderando R$ 133 milhões em eventos não recorrentes. O número representa queda de 20% em relação ao trimestre anterior e ficou 27% abaixo das projeções de mercado. A margem Ebitda ajustada, de 7,9%, também decepcionou, distante dos 10,7% esperados.
Segundo o banco, o desempenho fraco decorre de um MLR (índice de sinistralidade médica) pior do que o previsto, custos fixos mais altos após a abertura de novas unidades e despesas administrativas e comerciais maiores.
O trimestre ainda registrou fluxo de caixa livre negativo de R$ 234 milhões, enquanto o número de beneficiários teve queda líquida de 24 mil vidas na região metropolitana de São Paulo — apesar de um pequeno avanço consolidado de 13 mil. O dado reforça o cenário de concorrência acirrada e ajustes operacionais ainda em andamento.
Para o BTG Pactual, o 3T25 foi um dos piores trimestres recentes da Hapvida, com um conjunto de fatores adversos: MLR muito acima do previsto, fluxo de caixa fraco, crescimento orgânico aquém, despesas (SG&A) elevadas e múltiplos itens não recorrentes, resultando em queda anual de cerca de 20% no Ebitda ajustado.
A receita líquida somou R$ 7,78 bilhões, alta de 6% em 12 meses, mas 1% abaixo das estimativas. O Ebitda ajustado, mesmo após exclusões contábeis positivas de R$ 98 milhões, ficou em R$ 613 milhões, com margem de 7,9%, patamar próximo ao observado logo após a fusão com a GNDI.
O resultado financeiro também foi pressionado, com efeito líquido negativo de R$ 13 milhões referente a um acordo com a ANS, o que elevou as despesas financeiras em 36%.
O lucro líquido ajustado ficou em R$ 204 milhões, 34% abaixo das expectativas, enquanto o resultado contábil apontou prejuízo de R$ 57 milhões. O fluxo de caixa livre pós-capex foi negativo em R$ 52 milhões, e a dívida líquida voltou a crescer, alcançando R$ 4,2 bilhões.
Com base nesses números, o BTG cortou suas estimativas de Ebitda para 2026 em 20% e reduziu o preço-alvo das ações de R$ 67 para R$ 50, mantendo a recomendação de compra, mas com menor confiança.
O JPMorgan foi ainda mais cauteloso: rebaixou a recomendação de “overweight” para neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 52 para R$ 39. Segundo o banco americano, o lucro por ação ajustado de R$ 0,22 caiu 38% em relação ao ano anterior, ficando 31% abaixo da projeção do próprio JPMorgan e 60% abaixo do consenso da Bloomberg.
O banco explicou que o desempenho abaixo do esperado refletiu uma combinação de fatores operacionais: Ebitda 30% menor do que o previsto, tíquete médio mais baixo e aumento dos custos por beneficiário, impactados pela sazonalidade de um inverno mais rigoroso e maior utilização da rede própria.
“O mercado deve reagir negativamente, já que parte das pressões vistas no 3T25 deve persistir em 2026. Apesar dos investimentos estruturais para ampliar a capacidade e melhorar a percepção de qualidade, os benefícios ainda não se traduzem em resultados financeiros”, apontou o relatório do JPMorgan.
O banco também destacou o ambiente competitivo desafiador, especialmente com a Amil adotando uma postura mais agressiva em São Paulo, o que limita o crescimento e atrasa a recuperação das margens da Hapvida.
A expectativa agora é de uma recuperação gradual da lucratividade apenas no fim do ano, com melhora da margem Ebitda ocorrendo de forma mais lenta. O JPMorgan revisou suas projeções, elevando a curva de MLR em 1 ponto percentual e cortando o lucro por ação estimado em 20% a 30% para 2025 e 2026, ficando cerca de 30% abaixo do consenso.
Mesmo com o ajuste, o banco reforçou sua preferência pela Rede D’Or (RDOR3) como principal aposta no setor de saúde na América Latina.
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