
Receita líquida cresce 9,2% e companhia atinge maior volume de vendas da história, apesar de queda de 62% no lucro líquido
A MBRF Global Foods Company SA (BOV:MBRF3), empresa resultante da fusão entre Marfrig e BRF, publicou seu primeiro balanço completo como companhia integrada. No terceiro trimestre, a empresa registrou lucro líquido de R$ 94 milhões, uma queda de 62% em relação ao mesmo período do ano anterior, pressionado principalmente pela performance herdada da antiga BRF após os impactos da gripe aviária detectada em maio, que provocou embargos temporários às exportações, sobretudo para a China.
Apesar disso, o trimestre marcou um ponto importante na operação: a MBRF atingiu o maior volume de vendas da sua história, totalizando 2,1 milhão de toneladas (+3,7% na comparação anual). O mercado interno puxou esse desempenho, com 1,37 milhão de toneladas vendidas (+4,9%), enquanto o mercado externo representou 732 mil toneladas (+1,7%).
No trimestre, a companhia registrou receita líquida de R$ 41,8 bilhões (+9,2%), enquanto o Ebitda ajustado somou R$ 3,5 bilhões, queda de 8,6%, mas ainda no maior patamar do ano. O cenário demonstra resiliência operacional em meio aos desafios, ao mesmo tempo em que evidencia que o processo de integração ainda envolve ajustes e racionalização de custos.
A MBRF tem apresentado um mix de receita distribuído entre os principais mercados consumidores do mundo. No 3T25, os Estados Unidos representaram 45% das vendas totais, acima do mesmo período de 2024. A participação do Brasil foi de 25%, em linha com o 3T24. As receitas das exportações para China e Hong Kong atingiram 5% e 7% foi referente ao Oriente Médio.
Segundo a MBRF, a retomada das exportações para a China — que ocorreu apenas em novembro — deve melhorar o mix de vendas internacional nos próximos trimestres, aliviando margens pressionadas pela dependência temporária do mercado doméstico.
No 3T25, o Custo de Produtos Vendidos da MBRF consolidado, foi de R$ 36.618 milhões, um aumento de 11,2% em relação ao ano anterior. O crescimento do custo é explicado, principalmente, pelo maior volume de vendas nas operações da América do Sul e da BRF.
As Despesas com Vendas, Gerais & Administrativas (DVGA) totalizaram R$ 3.529 milhões no 3T25. A DVGA em função da receita líquida (DVGA/ROL) foi de 8,4%, 0,5 p.p. menor quando comparado ao 3T24, explicado principalmente pela diluição das despesas como resultado do aumento da receita em todos os segmentos.
As Despesas com Vendas totalizaram R$ 2.969 milhões, ou 7,1% da Receita Líquida Consolidada, uma redução de 0,3 p.p. em relação da Receita Líquida Consolidada do 3T24, que foi de 7,4%, mesmo a Companhia tendo apresentado crescimento no volume de vendas. Já as despesas Gerais e Administrativas atingiram R$ 559 milhões, ou 1,3% da Receita Líquida.
O resultado financeiro consolidado do 3T25, antes do efeito da variação cambial, foi uma despesa de R$ 1.359 milhões, aumento de 16,0% em comparação à despesa do 3T24 e redução de 6,1% em relação ao 2T25. A variação trimestral é explicada principalmente pelo maior rendimento das aplicações financeiras no trimestre.
No 3T25, os investimentos consolidados recorrentes foram de R$ 1.409,1 milhões. Já nas operações de bovinos da América do Norte e da América do Sul, os investimentos no trimestre foram de R$ 378,4 milhões destinados à manutenção e outros investimentos.
No 3T25, o fluxo de caixa operacional consolidado foi positivo em R$ 3.319 milhões, os investimentos consolidados realizados no período foram de R$ 1.409 milhões, e o montante caixa com despesas financeiras consolidadas foi de R$ 1.355 milhões, como resultado, o fluxo de caixa livre recorrente (ex. compra de ações da BRF) no trimestre foi positivo em R$ 555 milhões.
A Dívida Líquida Consolidada de fechamento do 3T25 foi R$ 41.349 milhões, um aumento de 10,0% quando comparada ao 2T25. Quando medida em dólares, a Dívida Líquida Consolidada foi de US$ 7.774 milhões. Durante o 3T25, foram recomprados, por meio do programa aberto da Marfrig, R$ 120,5 milhões em ações e foram investidos em compras adicionais visando aumento de participação no capital da BRF, um montante de R$ 412,5 milhões, além de R$ 198,5 milhões referente ao pagamento do direito de recesso no processo da incorporação.
No trimestre, também foram distribuídos R$ 3.846 milhões em proventos. Quando excluímos esses efeitos a Dívida Líquida Consolidada do 3T25 foi de R$ 36.772 milhões, uma redução de R$ 834 milhões e alavancagem de 2,75x. Em outubro, a National Beef concluiu o processo de aumento de limite em US$ 425 milhões e alongamento de prazo da “Revolving Credit Facility – RCF”, que passou de 2028 para 2030.
O índice de alavancagem medido pela relação entre a Dívida Líquida e o EBITDA Ajustado UDM (últimos 12 meses) foi de 3,09x em reais. Medido em dólar o indicador de alavancagem ficou em 3,31x.
As ações da MBRF Global Foods (MBRF3) encerraram o pregão anterior cotadas a R$ 18,77, estáveis e sem variação no dia. A ação navegou entre R$ 13,39 e R$ 27,66 nos últimos 12 meses, refletindo tanto o período pré-fusão quanto a fase de ajustes industriais e comerciais. Agora, o mercado deve observar o impacto da reabertura da China e a evolução dos ganhos de sinergia.
A MBRF Global Foods atua no setor de proteína animal, com operações em frango, suíno e bovino, além de processados, atendendo o mercado interno e exportando para diversos países. A companhia é resultado da integração da BRF com parte das operações da Marfrig, criando uma das maiores empresas de alimentos do continente.
VISÃO DO MERCADO
O primeiro balanço após a combinação de negócios entre Marfrig e BRF — agora reunidas sob o nome MBRF — veio com sinal positivo. Na noite de segunda-feira, a companhia informou que seu Conselho de Administração aprovou a ampliação do programa de recompra de ações, autorizando a aquisição de mais 64,6 milhões de ações ordinárias além do volume já recomprado desde o início da iniciativa. As operações poderão ocorrer até 24 de março de 2027.
Na esteira do anúncio e dos resultados, as ações reagiram forte. Às 12h45 (horário de Brasília) desta terça-feira (11), MBRF3 avançava 6,02%, sendo negociada a R$ 19,90.
Em relação ao desempenho financeiro, a MBRF reportou receita líquida de R$ 42 bilhões no período, aumento anual de 9% e 2% acima das estimativas do Bradesco BBI. O resultado foi impulsionado pelo volume total de vendas, que atingiu 2,101 milhões de toneladas — alta de 4% no ano e também 4% acima do projetado — com destaque para o desempenho da operação de Carne Bovina na América do Sul e da BRF.
O Ebitda ajustado consolidado alcançou R$ 3,5 bilhões, o que representa queda de 9% na comparação anual, mas avanço de 15% na comparação trimestral. O número ficou 3% acima do esperado, sustentado principalmente pela divisão de Carne Bovina da América do Sul. A margem Ebitda ajustada ficou em 8,4% — redução de 1,60 ponto percentual (pp) no ano, mas aumento de 0,55 pp no trimestre, em linha com o que o mercado projetava.
O lucro líquido ajustado somou R$ 680 milhões, superando as estimativas, embora tenha sido 13% menor em relação ao trimestre anterior. O resultado foi favorecido por uma menor alíquota efetiva de imposto, mesmo diante do aumento das despesas financeiras.
A dívida líquida, considerando arrendamentos e FIDC, fechou o trimestre em R$ 48,3 bilhões, avanço de R$ 4,2 bilhões frente ao período anterior, reflexo do pagamento de R$ 3,8 bilhões em dividendos e R$ 731 milhões em recompra de ações. A geração de caixa foi de R$ 383 milhões. O índice de alavancagem encerrou o trimestre em 3,6 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses (3,1x excluindo arrendamentos e FIDC).
Para o Bradesco BBI, a empresa fez o que era possível no cenário atual:
“Considerando as condições atuais do mercado, acreditamos que a MBRF entregou o máximo que podia. As margens da BRF se mantiveram firmes apesar do impacto da gripe aviária, a Carne Bovina da América do Sul apresentou resultados sólidos e ambas as unidades mantiveram o crescimento do volume — demonstrando uma execução comercial consistente. A força da plataforma da MBRF está agora mais clara do que nunca”, avaliou o banco.
O Goldman Sachs também destacou a consistência dos resultados, observando Ebitda sólido, lucro positivo e alavancagem administrável. Para o banco americano, o destaque do trimestre foi a BRF:
O desempenho veio “apesar dos obstáculos temporários decorrentes da suspensão das exportações de aves para a China, supostamente revertida em novembro”, apoiado sobretudo pela resiliência do portfólio de alimentos processados.
Segundo o Goldman, o ceticismo recente em relação à MBRF está ligado à dificuldade de redução da alavancagem em meio ao ciclo de baixa da carne bovina nos EUA e à possibilidade de enfraquecimento do mercado global de frango. Porém, o banco afirma acreditar em desalavancagem gradual e contínua, reiterando recomendação de compra para MBRF3.
Enquanto isso, XP e Bradesco BBI mantêm recomendação neutra. Para eles, a ação negocia a múltiplos superiores aos pares, e o setor de aves pode enfrentar um ambiente menos favorável nos próximos trimestres. A XP destacou que aguarda maior clareza antes de assumir posição mais ativa nos papéis.
A Monte Bravo também mantém visão neutra, chamando atenção para a deterioração da estrutura de capital, já que a companhia aumentou a dívida bruta e líquida, movimento influenciado pelos dividendos e recompras. A casa ajustou o preço-alvo da ação para R$ 21,50, destacando preocupação com a alavancagem em 3,6 vezes:
“Dadas as dúvidas que temos sobre a estrutura de capital e os possíveis impactos da desaceleração das margens de Aves, temos uma visão neutra para os papéis”, disseram os analistas.
Já a Genial Investimentos vê o trimestre como uma “janela de oportunidade”. Para a casa, o mercado penalizou de forma excessiva as ações após o pagamento de dividendos extraordinários e a incorporação da BRF. O recente acordo com a Halal Products Development Company (HPDC), que resultou na Sadia Halal, também foi considerado um catalisador importante, capaz de destravar valor e até abrir caminho para um futuro IPO da operação.
A Genial recomenda compra para MBRF3, com preço-alvo de R$ 23.
Entre nove instituições consultadas pela Reuters, o consenso é de cautela: cinco recomendam manutenção, três recomendam compra e uma indica venda.
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