
A inadimplência entre empresas brasileiras atingiu 8,7 milhões em outubro de 2025, o maior patamar desde o início da série histórica, iniciada em março de 2016, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. O volume total das dívidas somou R$ 204,8 bilhões, em um contexto econômico mais restritivo, marcado por juros elevados e menor disponibilidade de crédito para o setor produtivo.
O levantamento considera empresas com ao menos uma obrigação vencida e não paga até o último dia do mês de referência, com recortes por unidade federativa, porte e setor de atuação. No período analisado, a dívida média por empresa inadimplente alcançou R$ 23.658,74, enquanto cada negócio acumulou, em média, 7,1 contas em atraso. O valor médio por compromisso vencido ficou em R$ 3.329,50, evidenciando a pressão financeira sobre o caixa corporativo.
De acordo com a economista Camila Abdelmalack, da Serasa Experian, a desaceleração na concessão de crédito tem dificultado a renegociação de dívidas e a reorganização financeira das empresas. Segundo ela, o esfriamento da atividade econômica reduz a geração de receitas e aumenta a pressão sobre o caixa, criando um cenário desafiador para a manutenção da liquidez, sobretudo entre micro e pequenas empresas.
A análise setorial mostra que o segmento de serviços concentrou 54,9% das empresas inadimplentes em outubro. O comércio respondeu por 33% do total, seguido pela indústria, com 8%, outros setores, com 3,1%, e o segmento primário, com 0,9%. Na origem das dívidas, os serviços também lideraram, com 32,2% do volume negativado, enquanto bancos e cartões representaram 19,3% do total.
Entre as 8,7 milhões de companhias inadimplentes, aproximadamente 8,2 milhões eram micro, pequenas e médias empresas. Esse grupo acumulou cerca de 56,8 milhões de dívidas negativadas, que somaram R$ 184,6 bilhões em valores em atraso. Segundo a Serasa, esse porte empresarial sente de forma mais imediata os impactos dos juros elevados e das incertezas do cenário econômico internacional, enquanto empresas maiores tendem a ter mais estrutura para administrar o capital de giro em períodos de retração.
No recorte regional, o Sudeste concentrou o maior número de empresas inadimplentes, com mais de 4,6 milhões de CNPJs negativados. As regiões Sul e Nordeste aparecem na sequência, com mais de 1,4 milhão e 1,3 milhão de empresas, respectivamente. O Centro-Oeste registrou cerca de 755 mil companhias inadimplentes, enquanto o Norte somou aproximadamente 516 mil.
O aumento da inadimplência corporativa também tem impacto direto sobre o ambiente financeiro e os mercados. Um nível elevado de empresas negativadas tende a pressionar o crédito, reduzir investimentos e aumentar a percepção de risco, afetando o mercado de ações, o câmbio e os títulos de renda fixa, especialmente em economias sensíveis ao custo do dinheiro e à confiança dos agentes econômicos.
Além disso, o avanço das dívidas em atraso tem impulsionado os registros judiciais em cartório. Segundo levantamento do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil, os protestos de dívidas judiciais cresceram 22% em 2025, totalizando 77,9 mil registros, ante 63,9 mil no ano anterior. Entre janeiro de 2024 e setembro de 2025, R$ 338,5 milhões foram recuperados por meio desse mecanismo, cuja utilização tende a crescer após a autorização do protesto eletrônico de decisões judiciais em todo o país.
No contexto atual do mercado financeiro, o recorde de inadimplência empresarial reforça a atenção dos investidores aos indicadores de crédito e atividade econômica, que seguem como termômetros relevantes para avaliar riscos e oportunidades em ativos locais, especialmente em um cenário de juros elevados e liquidez mais restrita.
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