Leilões de saneamento em Pernambuco levantam R$ 4,2 bilhões em outorgas e atraem grandes grupos privados

Os leilões dos dois blocos de saneamento de Pernambuco, realizados na manhã desta quinta-feira (18/12), movimentaram aproximadamente R$ 4,2 bilhões em outorgas e marcaram um passo relevante na agenda de concessões do setor no Brasil. O certame reuniu grandes grupos de infraestrutura e confirmou o apetite do capital privado por projetos de longo prazo, com foco na ampliação e modernização dos serviços de água e esgoto no estado.

No primeiro leilão, o Patria estreou no setor de saneamento ao arrematar a microrregião do Sertão, composta por 24 municípios pernambucanos. Por meio do fundo Infraestrutura BR v Saneamento Holding II, a gestora ofertou o desconto máximo de 5% sobre a tarifa e uma outorga de R$ 720 milhões, valor que representa um ágio de 727% em relação ao mínimo de R$ 87 milhões previsto em edital. A proposta vencedora superou as ofertas da Aegea e da VPE Participações, empresa incorporada em 2021 pelo grupo francês de infraestrutura Vinci.

Na sequência, o segundo leilão teve como vencedor o consórcio formado pela BRK e pela Acciona, que não enfrentou concorrência pelo Bloco 2. O lote abrange a microrregião RMR-Pajeú, formada por 150 municípios, incluindo a capital Recife e o distrito de Fernando de Noronha. As companhias também ofertaram desconto máximo de 5% sobre a tarifa e uma outorga de R$ 3,5 bilhões, com ágio de 60% em relação ao valor mínimo estabelecido.

Somados, os dois blocos preveem cerca de R$ 19 bilhões em investimentos ao longo dos 35 anos de contrato. Desse total, aproximadamente R$ 15,4 bilhões serão direcionados ao bloco RMR-Pajeú, enquanto R$ 2,938 bilhões ficarão concentrados no lote do Sertão. Além disso, estão previstos R$ 773 milhões em obras voltadas à produção de água, reforçando a infraestrutura hídrica do estado.

A universalização dos serviços de saneamento é uma das principais premissas das concessões. O projeto estabelece metas ambiciosas, como a ampliação do acesso à água para 99% da população e à rede de esgoto para 90% até 2033, além da redução das perdas de água para até 25%. Atualmente, Pernambuco apresenta cobertura de cerca de 87% em abastecimento de água e apenas 34% em esgotamento sanitário, enquanto as perdas chegam a 48%, segundo dados apresentados no projeto.

Do ponto de vista de mercado, o resultado dos leilões tende a ser visto de forma positiva por investidores, ao sinalizar maior previsibilidade regulatória e avanço estrutural no setor de saneamento brasileiro. Movimentos desse tipo costumam fortalecer a percepção de longo prazo sobre empresas e fundos com atuação em concessões, além de influenciar expectativas em torno de novos projetos de infraestrutura, com possíveis reflexos no mercado de ações, no câmbio e nos títulos públicos ligados a investimentos de prazo mais longo.

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