
A taxa de desemprego dos Estados Unidos avançou para 4,6% em novembro, o nível mais alto em mais de quatro anos, segundo dados divulgados na terça-feira (16/12). O resultado aumentou as incertezas sobre a real robustez da economia norte-americana, especialmente após meses marcados por distorções estatísticas provocadas pela longa paralisação do governo federal.
O relatório governamental, publicado com atraso, mostrou a criação líquida de 64.000 empregos em novembro, ao mesmo tempo em que revelou a perda de 105.000 vagas em outubro. Com revisões negativas em junho, agosto e outubro, o mercado de trabalho norte-americano passou a registrar perda de empregos em três dos últimos seis meses, um sinal claro de desaceleração gradual.
A taxa de desemprego de novembro ficou acima dos 4,4% observados em setembro, último mês com dados completos antes da paralisação. Ainda assim, a reação do mercado financeiro foi moderada, com os principais índices de ações operando em leve queda, como Dow Jones (DOWI:DJI), S&P 500 (SPI:SP500) e Nasdaq Composite (NASDAQI:COMPX).
Stephen Stanley, economista-chefe dos Estados Unidos do Santander US, avaliou que o relatório trouxe distorções relevantes. Segundo ele, pode ter havido “muito ruído estatístico” nos números, em especial devido ao fechamento prolongado do governo, que impediu a coleta regular de dados pelo Departamento do Trabalho. “Dado os sinais contrastantes das folhas de pagamento e da taxa de desemprego, você esperaria ter uma leitura mais limpa em dezembro”, disse Stanley. “O que posso concluir é que não estamos caindo de uma mesa”, acrescentou.
A taxa de desemprego referente a outubro não foi divulgada porque, durante a paralisação de 43 dias, o governo não conseguiu realizar a pesquisa necessária. Por isso, o Departamento do Trabalho publicou dois meses de dados de uma só vez, após suspender temporariamente suas coletas.
Apesar de fracos, os números de novembro superaram as expectativas de criação de vagas. Economistas consultados pelo The Wall Street Journal projetavam 45.000 novos empregos, embora esperassem uma taxa de desemprego menor, de 4,5%. Para outubro, não houve projeção formal, mas o mercado já antecipava uma queda, principalmente por conta das demissões no setor público.
O emprego no governo federal recuou em 6.000 vagas em novembro, somando-se à perda expressiva de 162.000 empregos em outubro. Desde janeiro, o setor federal eliminou cerca de 270.000 postos de trabalho, segundo o Departamento do Trabalho. O presidente Trump colocou o corte da força de trabalho federal no centro de sua agenda, mas muitos desses desligamentos só começaram a aparecer nos dados recentes, já que funcionários em licença remunerada ainda eram contabilizados como empregados.
O relatório também trouxe sinais claros de um mercado de trabalho mais frio. Após meses de depender de indicadores retrospectivos e dados privados alternativos, os economistas passaram a ter uma leitura mais abrangente do cenário atual. Ainda assim, os números não devem alterar de forma relevante a estratégia do Federal Reserve, que avalia se continuará cortando os juros no início do próximo ano.
O conjunto de dados foi suficientemente brando para sustentar as preocupações que levaram aos cortes recentes de juros, mas não alarmante a ponto de exigir uma nova redução já em janeiro. Revisões mostraram que setembro teve criação de 108.000 empregos, abaixo dos 119.000 informados anteriormente, enquanto agosto registrou perda de 26.000 vagas, bem pior que a estimativa anterior de queda de 4.000.
Nos meses de outubro e novembro, o setor privado criou 121.000 empregos, com destaque para saúde e assistência social, que adicionaram 128.600 vagas. Em contrapartida, manufatura, transporte, armazenagem, serviços temporários, informação e finanças registraram perdas. A construção civil foi exceção positiva, com ganho de 27.000 empregos.
Blerina Uruçi, economista norte-americana da T. Rowe Price, afirmou que o crescimento do emprego privado em outubro e novembro esteve “basicamente alinhado com a tendência” observada antes da paralisação do governo. “Minha opinião é que a fraqueza do mercado de trabalho caiu durante os meses de verão”, disse.
Do ponto de vista dos mercados, dados mais fracos de emprego tendem a pressionar o dólar norte-americano frente a outras moedas, como na paridade Dólar norte-americano e Real brasileiro (FX:USDBRL), ao mesmo tempo em que sustentam expectativas de juros mais baixos, o que pode favorecer títulos públicos. Para a bolsa de valores, o impacto costuma ser misto, equilibrando temores sobre crescimento com a perspectiva de política monetária mais acomodatícia.
No contexto atual, a leitura do mercado é de cautela. Mesmo com os principais índices operando em leve queda, a ausência de sinais de deterioração abrupta mantém os investidores atentos aos próximos dados, especialmente ao relatório de dezembro, que pode trazer uma visão mais limpa sobre a real condição do mercado de trabalho norte-americano.
(Wall Street Journal)
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