Preços do petróleo disparam após Trump ordenar bloqueio de petroleiros à Venezuela

Os preços do petróleo dispararam na quarta-feira, subindo quase 2%, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um bloqueio total a todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela. A medida injetou nova incerteza geopolítica nos mercados de energia, que já enfrentam preocupações com o enfraquecimento da demanda global.

Às 10h02 (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo Brent subiram 99 centavos, ou 1,7%, para US$ 59,91 o barril, enquanto o petróleo bruto West Texas Intermediate dos EUA ganhou 97 centavos, ou 1,8%, para US$ 56,24 o barril.

A recuperação ocorreu após uma sessão anterior fraca, quando os preços do petróleo se estabilizaram perto das mínimas dos últimos cinco anos, em meio a sinais de progresso nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Qualquer avanço nas negociações poderia levar ao alívio das sanções ocidentais contra Moscou, aumentando a oferta em um momento em que a demanda permanece frágil.

Na terça-feira, Trump ordenou o bloqueio de todos os petroleiros sancionados que viajam de e para a Venezuela e declarou que agora considera a liderança do país uma organização terrorista estrangeira.

“Os riscos relacionados à Rússia são bem evidentes, mas existem riscos claros para o fornecimento de petróleo venezuelano”, disse o analista da ING, Warren Patterson.

As declarações de Trump ocorreram apenas uma semana depois de as autoridades americanas terem apreendido um petroleiro sujeito a sanções na costa da Venezuela.

No entanto, ainda há muita incerteza em relação ao alcance e à aplicação do bloqueio. Não está claro quantas embarcações serão afetadas, como os Estados Unidos farão cumprir as restrições aos navios sancionados ou se Trump mobilizará a Guarda Costeira dos EUA para interceptar petroleiros, como ocorreu na semana passada. Nos últimos meses, navios da Marinha dos EUA também foram posicionados na região.

Embora muitos navios-tanque que carregam petróleo bruto na Venezuela já estejam sujeitos a sanções, outros envolvidos no transporte de petróleo venezuelano, bem como de petróleo bruto do Irã e da Rússia, não foram sancionados. Além disso, navios-tanque fretados pela Chevron (CVX.N) continuam a transportar petróleo bruto venezuelano para os Estados Unidos sob uma isenção previamente aprovada por Washington.

“A produção de petróleo venezuelana representa cerca de 1% da produção global, mas o fornecimento está concentrado em um pequeno grupo de compradores, principalmente pequenas refinarias chinesas, os EUA e Cuba”, disse Muyu Xu, analista sênior de petróleo da Kpler.

A China continua sendo a maior compradora de petróleo bruto venezuelano, representando cerca de 4% do total das importações de petróleo do país.

Os preços do petróleo também encontraram suporte em sinais de aperto na oferta nos Estados Unidos. Fontes de mercado citaram dados do Instituto Americano de Petróleo mostrando que os estoques de petróleo bruto dos EUA caíram 9,3 milhões de barris na semana passada.

Caso os números oficiais da Administração de Informação Energética (EIA) sejam confirmados ainda nesta quarta-feira, a queda ultrapassará em muito a redução de 1,1 milhão de barris prevista por analistas consultados pela Reuters.

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