
A semana entre os dias 15 e 19 de dezembro de 2025 foi marcada por uma intensa bateria de indicadores que trouxeram alívio inflacionário nas economias ocidentais, mas acenderam alertas sobre o ritmo de consumo na Ásia. Enquanto o mercado norte-americano comemorou dados de preços ao consumidor abaixo do esperado, o Brasil viu sua atividade econômica lateralizar, em harmonia com as projeções. Na Europa, o Banco da Inglaterra (BoE) confirmou as expectativas de flexibilização, contrastando com a postura mais rígida adotada pelo Banco do Japão (BoJ), que elevou o custo do dinheiro, alterando o fluxo global de capitais e impactando diretamente as taxas de câmbio e os mercados de títulos públicos.
Nos Estados Unidos, o principal destaque foi a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que registrou uma variação anual de 2,7%, significativamente abaixo da projeção de 3,1% e do resultado anterior de 3,0%. O núcleo da inflação também arrefeceu para 2,6%, superando as expectativas de 3,0%. Esse resfriamento nos preços foi acompanhado por um mercado de trabalho que, embora resiliente com o Payroll de novembro em 64 mil vagas (acima das 50 mil projetadas), mostra sinais de acomodação. Por outro lado, o Sentimento do Consumidor de Michigan fechou em 52,9 pontos, levemente abaixo dos 53,5 esperados, indicando uma percepção mais cautelosa das famílias norte-americanas.
O impacto desses dados no mercado norte-americano foi imediato. No mercado de títulos públicos (Treasuries), os rendimentos (yields) de longo prazo recuaram, refletindo a aposta de que o Federal Reserve terá maior espaço para cortes de juros em 2026. No câmbio, o dólar (FX:USDBRL) apresentou volatilidade com viés de baixa global frente a outras moedas fortes, enquanto a bolsa de valores (NYSE e NASDAQ) reagiu positivamente à perspectiva de juros menores, impulsionando ativos de tecnologia e crescimento, apesar da leve frustração com os dados de confiança.
No cenário brasileiro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro veio exatamente em linha com as projeções, registrando uma queda de 0,20%, repetindo o desempenho do período anterior. No front inflacionário, o IGP-10 de dezembro trouxe uma surpresa positiva ao registrar estabilidade (0,0%), ficando abaixo da projeção de 0,2%. Além disso, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) em novembro surpreendeu positivamente, somando 9,82 bilhões de dólares, superando largamente a projeção de 6,80 bilhões, o que demonstra a manutenção do apetite externo por ativos reais no país, apesar da taxa Selic elevada.
Para o mercado financeiro local, o IBC-Br confirmou o ritmo de desaceleração da economia, o que, somado à deflação no IGP-10, ajudou no fechamento da curva de juros futuros (DI). No câmbio, o fluxo robusto de investimento estrangeiro direto atuou como um suporte para o Real, mitigando pressões externas. Na bolsa de valores (BOV:IBOV), o movimento foi de cautela, com investidores digerindo a Ata do Copom, que reforçou a necessidade de vigilância, enquanto os setores sensíveis a juros encontraram algum fôlego nos dados de inflação por atacado mais baixos.
Na Europa, a atenção voltou-se para o Reino Unido e a Alemanha. O Banco da Inglaterra reduziu a taxa de juros de 4,00% para 3,75%, em uma decisão que acompanhou a queda da inflação anual (IPC) para 3,2%, abaixo dos 3,5% projetados. Na Alemanha, porém, o Índice Ifo de Clima de Negócios decepcionou ao marcar 87,6 pontos contra os 88,2 esperados, evidenciando que a maior economia da Zona Euro ainda enfrenta dificuldades estruturais de crescimento. Os PMIs industriais na França (50,6) e Alemanha (47,7) mostraram uma divergência clara, com a indústria alemã ainda em território de contração.
A redução de juros no Reino Unido pressionou a Libra Esterlina momentaneamente, mas o alinhamento com a queda da inflação trouxe estabilidade aos títulos públicos britânicos (Gilts). Na Zona Euro, a fragilidade alemã manteve os yields dos títulos de 10 anos (Bunds) em patamares baixos, com o mercado acionário europeu operando de forma mista; as ações exportadoras foram beneficiadas por um Euro marginalmente mais fraco, enquanto o setor industrial refletiu o pessimismo do Índice Ifo.
Na Ásia, o grande protagonista foi o Japão. O Banco do Japão (BoJ) decidiu elevar a taxa de juros para 0,75%, vindo de 0,50%, confirmando as apostas de normalização monetária. O Índice Tankan para grandes fabricantes manteve-se sólido em 15 pontos, superando a projeção de 14. Já na China, os dados de Vendas no Varejo de novembro foram a grande decepção da semana, crescendo apenas 1,3% frente a uma expectativa de 3,0%, sinalizando que o consumo interno chinês continua anêmico apesar dos estímulos governamentais.
A elevação dos juros nipônicos fortaleceu o Iene e provocou um ajuste no “carry trade” global, afetando moedas de países emergentes e elevando os custos de financiamento em ativos denominados na moeda japonesa. Por outro lado, o fraco desempenho do varejo chinês pressionou as commodities metálicas e ações de mineradoras globalmente, visto que a China é o principal motor de demanda por matérias-primas. As bolsas asiáticas encerraram a semana sob pressão, refletindo o aperto monetário no Japão e a incerteza sobre o crescimento da segunda maior economia do mundo.
Encerrando a semana, os dados norte-americanos de Vendas de Casas Usadas em novembro ficaram em 4,13 milhões, levemente abaixo dos 4,15 milhões projetados, reforçando o cenário de um setor imobiliário ainda pressionado pelos custos de hipotecas. Entretanto, as Expectativas de Inflação de 5 anos de Michigan caíram para 3,2%, o que consolida a visão de que as expectativas de longo prazo estão se ancorando, fator fundamental para a estabilidade dos mercados de capitais globais no início de 2026.
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