Itaúsa vai captar R$ 1,8 bi para compor o pagamento da Alpargatas
14 Julho 2017 - 3:13PM
ADVFN News
O presidente da Itaúsa(
BOV:ITSA4),
Alfredo Setubal, afirmou que a taxa das notas promissórias que a
holding vai emitir para fazer o pagamento da Alpargatas será
equivalente à das debêntures ofertadas para a aquisição da Nova
Transportadora do Sudeste (NTS), de 107% do CDI. A empresa vai
captar um total de R$ 1,8 bilhão em três séries, com distribuição
com esforços restritos de colocação. Serão emitidas até 180 notas
promissórias, sendo até 60 de cada série, com valor unitário de R$
10 milhões.
Os títulos não serão atualizados monetariamente e pagarão 106%
dos DI – Depósitos Interfinanceiros de um dia para as notas
promissórias da primeira série; 107% para as da segunda e 108% para
a terceira série. O prazo de vencimento será de cinco, seis e sete
anos, conforme Setubal. Ele disse ainda que para complementar a
emissão de dívida, a Itaúsa pretende fazer pequenas chamadas de
capital como já vem realizando nos últimos anos. Descartou,
contudo, mudanças na prática de distribuição de dividendos da
holding.
Segundo Setubal, à medida que o endividamento contraído pela
Itaúsa por conta do investimento na Alpargatas reduzir, a
expectativa é de que o retorno melhore. Sobre a diferença do preço
da ação da holding e do Itaú Unibanco, o executivo afirmou que, no
tempo, essa distância deve voltar ao patamar habitual. “Muitos
investidores veem a Itaúsa como uma forma mais barata de comprar
ações do banco. Isso nos incomoda. No tempo, investidores vão ver
que investimentos novos vão dar retornos muito bons e equivalentes
aos do banco”, acrescentou Setubal, em teleconferência com
analistas e investidores, realizada nesta sexta-feira, 14.
Estrutura de capital
Setubal afirmou que não vê necessidade de alterar a atual
estrutura de capital da Alpargatas, cujo controle foi adquirido
pela holding em conjunto com os fundos BW e Cambuhy, da família
Moreira Salles. “A Alpargatas é pouco endividada. Não vemos
necessidade de mudança na estrutura de capital da companhia”,
destacou ele. Dentre as oportunidades que a Itaúsa vê para a
Alpargatas, o executivo citou a aceleração do crescimento nos
principais mercados internacionais, bem como a expansão em países
intertropicais, com elevada população.
Afirmou ainda que vê possibilidade de a marca Havaianas aumentar
sua presença nos Estados Unidos e ainda a expansão para outras
categorias “não sandálias”. Em relação ao Brasil, Setubal destacou
que há espaço para que a Alpargatas não só mantenha o status de
liderança no País bem como aumente seu market share, aprimorando a
experiência da marca.
“A Alpargatas é a maior empresa de calçados, com mais de cem
anos de existência no Brasil e reúne marcas muito reconhecidas e
desejadas pelos consumidores, como Havaianas, Osklen e Mizuno. No
caso da Havaianas, é a marca brasileira mais conhecida no exterior
e tem presença global”, disse Setubal.
Diversificação de portfólio
Setubal reiterou que a empresa vai vender toda a participação
que possui na Oki Brasil, empresa de automação bancária. Segundo
ele, a fatia já reduziu de 30% para cerca de 11%. A participação da
Itaúsa na Oki se deu por conta da Itautec, empresa de tecnologia do
Itaú Unibanco. O grupo foi criado há mais de três décadas e, em
2013, o banco vendeu o seu controle para a Oki Brasil. Setubal
lembrou ainda do investimento que a Itaúsa fez na Nova
Transportadora do Sudeste (NTS), que comprou da Petrobras em um
consórcio liderado pela Brookfield. Segundo ele, a holding já
recebeu R$ 60 milhões em dividendos da empresa.
“O investimento já está contabilizado e rendendo. Fizemos
emissão de debêntures para fazer financiamento da operação”,
explicou ele. O executivo reforçou que o foco da Itaúsa é
diversificar seu portfólio de investimentos com ativos de setores
que representem baixo risco de execução. Lembrou ainda que esse
processo teve início em 2014, justamente com a venda de
determinadas operações da Itautec e, mais recentemente, com a
aquisição de 7,68% do capital social da NTS.
“Não queremos startups, mas empresas consolidadas e maduras, com
baixo risco regulatório, resultados, rentabilidade adequada ou que
possa ser melhorada numa nova gestão”, detalhou Setubal. No âmbito
do seu processo de diversificação de portfólio, o Itaú Unibanco,
após os investimentos na NTS e depois da conclusão da operação da
Alpargatas, representará 94,2% do portfólio da holding ante fatia
de 97,7% ao final de dezembro último. Em seguida, virá Duratex, com
2,1%, ante 1,9%. Já a Alpargatas representará 1,9% do portfólio da
Itaúsa e a NTS, 1,5%. Com menores pesos, estão Elekeiroz e Itautec,
com 0,2% cada.
(Por Aline Bronzati)
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