Banco do Brasil se transformará numa ‘corporation’ com privatização, diz presidente da instituição
09 Junho 2020 - 9:20AM
ADVFN News
O presidente do Banco do Brasil (BOV:BBAS3),
Rubem Novaes, voltou a defender, nesta segunda-feira, a
privatização da instituição. Ele afirmou que a ideia não é vender a
instituição para um grande grupo estrangeiro ou nacional, e sim
transformar o BB em uma grande “corporation”, com o controle
pulverizado, por meio da venda de ações a um número maior de
sócios, e a participação do governo.
“As pessoas imaginam que o Banco do Brasil seria comprado por um
grande banco estrangeiro, ou pelo Itaú ou o Bradesco, por exemplo.
Não é nada disso o que está se imaginando. O BB já tem 50% de suas
ações em mãos privadas. É só vender mais um pouco e vira uma
instituição privada. É só fazer do banco uma corporation com
muitos sócios”, disse Novaes, ao participar de uma audiência
pública, nesta manhã, promovida pela Comissão Mista de
Acompanhamento das Medidas de Combate à Covid-19 do Congresso.
Ele não disse em que momento o governo daria a largada para
privatizar o Banco do Brasil. Porém, enfatizou que o setor bancário
está passando por uma revolução, que vai se intensificar no ano que
vem, em razão de medidas adotadas pelo Banco Central, como o open
banking (sistema que permite o compartilhamento de dados dos
correntistas), a nova plataforma de pagamentos instantâneos do BC e
o favorecimento da atuação de fintechs- empresas que
oferecem, via internet, serviços a custos mais baixos que os
bancos.
“O banco será cada vez mais uma empresa de tecnologia que presta
serviços e corre riscos bancários. Mas nós estamos presos às
amarras do setor público. É pensando no benefício do banco que falo
em privatização”, afirmou.
Novaes lembrou que, no passado, o Banco do Brasil tinha como
bônus parte das folhas de pagamento do setor público e a
administração de depósitos judiciais, que hoje são disputados no
mercado. Agora, ressaltou, a instituição só têm ônus: precisa
submeter todas as decisões importantes ao TCU (Tribunal de Constas
da União), está sob o controle da área que cuida de estatais do
Ministério da Economia, sua publicidade está submetida à Secretaria
de Comunicação da Presidência da República e as medidas a serem
oficializadas em publicações no Diário Oficial estão sob o crivo da
Casa Civil.
“Nossa política de recursos humanos é travada. Não podemos
demitir um mau funcionário, ou premiar um bom funcionário.
Não podemos pinçar no mercado uma pessoa para cumprir determinada
tarefa, ou dar alguma compensação a algum executivo que está sendo
assediado pela concorrência. Perdemos mais de 50 executivos de
primeira linha, desde 2019, para o setor privado. Como
temos um pessoal extremamente eficiente e conhecedor de suas
atividades, o BB consegue se manter, mas com essas mudanças todas
no mercado, isso será cada vez mais difícil. Não é uma questão
ideológica”, argumentou.
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