O lucro líquido da MRV Engenharia caiu 34,6%, no segundo
trimestre, para R$ 124 milhões. De acordo com o copresidente
Rafael Menin, a companhia deu prioridade ao giro mais rápido dos
ativos e à geração de caixa em relação às margens.
O Ebitda – lucro antes de antes de
juros, impostos, depreciação e amortização – caiu 9,9%, para R$ 232
milhões. A margem bruta caiu de 30,7%, de abril a junho de
2019, para 28,4%.
→ A
construtora MRV, possui
R$ 8,56 bilhões de valor de mercado. Confira
a Análise completa da empresa com informações
exclusivas.
A receita líquida do período subiu 5,2% no
comparativo ano a ano, para R$ 1,64 bilhão.
No segundo trimestre, a MRV gerou caixa de R$ 214 milhões.
Maiores esforços comerciais para manter o ritmo de vendas
durante o período mais agudo da pandemia de Covid-19 no Brasil
pressionaram o lucro da MRV no segundo trimestre, embora a
companhia tenha indicado normalização recente e aceleração dos
lançamentos na segunda metade do ano.
As vendas líquidas contratadas subiram 37,6%, para 1,82 bilhão
de reais, refletindo entre outros fatores a normalização nos
repasses pela Caixa Econômica Federal referentes ao programa
habitacional federal Minha Casa Minha Vida.
“A Caixa fez alguns ajustes operacionais que agilizaram os
repasses e entendo que isso vai se estender para os próximos
trimestres”, afirmou Menin.
Num período em que a pandemia comprometeu tanto o andamento de
vários empreendimentos como a parte burocrática, com cartórios
fechados, em função das medidas de isolamento para conter o avanço
da pandemia, a MRV se concentrou nas vendas.
Com isso, os lançamentos no trimestre caíram 47,9% ano a ano,
para 942 milhões de reais.
Segundo Menin, com a gradual flexibilização das medidas de
isolamento, praticamente todas as obras da empresa estão
operacionais e por isso a companhia pretende intensificar
significativamente o volume de lançamentos no segundo semestre.
O executivo afirmou que a meta da MRV é de diversificar suas
fontes de receitas nos próximos trimestres, dobrando a participação
conjunta dos produtos para classe média baixa, da área de
loteamentos e da unidade focada na locação de imóveis construídos,
para 25% em 2021.
Menin afirmou ainda que não vê aumento da concorrência na sua
principal área de negócios de imóveis populares com a onda de
construtoras planejando buscar recursos no mercado acionário para
financiarem seus planos de expansão. Atualmente, são 13 empresas
brasileiras na fila de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla
em inglês).
“Elas são na maioria especializadas em imóveis de mais alto
padrão”, disse ele.
Menin descartou a hipótese de a MRV também emitir ações para
financiar planos de crescimento. “Não faz parte da nossa agenda
buscar recursos no mercado”, concluiu.
O chamado custo dos imóveis vendidos e serviços prestados subiu
8,7%, para 1,17 bilhão de reais. Além disso, as despesas comerciais
subiram 11,7%, para 160 milhões de reais, mostrando maiores
esforços feitos para venda, incluindo descontos. Assim, a margem
bruta caiu 2,3 pontos percentuais, para 28,4%.
“Mas tivemos ganho de market share no período”, disse à Reuters
o presidente-executivo da MRV, Rafael Menin, sem dar detalhes.
Inadimplência
O copresidente da construtora MRV, Eduardo
Fischer, afirmou que os níveis
de inadimplência da companhia nos meses
de junho e julho estão praticamente iguais aos níveis
pré-pandemia.
“Nós vimos que a inadimplência veio caindo em maio, junho e
julho e já está parecida com o comportamento pré-covid. Nós
tínhamos feito uma correção no provisionamento e no critério de
provisão, mas o atual patamar do PDD foi por crescimento vegetativo
sem mudança no critério”, disse Fischer.
A MRV afirmou também que espera manter as margens nos próximos
trimestres, por volta de 28% a 28,5%, e espera por um aumento
delas, da ordem de 3 pontos percentuais, para o ano de 2021. “Mais
para o fim do ano, não adianta esperar um aumento abrupto, vai ser
gradual”, disse o também copresidente Rafael Menin.
Menin disse que devido à pandemia e a retração econômica, os
descontos dados impedem a empresa de ampliar as margens nos
imóveis.
Investimento em faixa acima do Minha Casa
A MRV Engenharia – conhecida por sua atuação no Minha Casa,
Minha Vida – estima que o segmento de imóveis para venda com preço
logo acima dos do programa habitacional vai responder, em 2021, por
25% do Valor Geral de Vendas (VGV) lançado e vendido, ante a fatia
atual de 13%. Quando isso acontecer, seus lançamentos anualizados
de imóveis financiados com recursos de poupança ficarão perto de R$
2 bilhões.
“Os lançamentos do segmento logo acima do Minha Casa, Minha Vida
já somam quase R$ 1 bilhão anualizado”, afirma o copresidente da
MRV, Rafael Menin. Nas estimativas do executivo, apenas Cyrela,
Even Construtora e Incorporadora e EZTec vendem mais produtos
financiados com recursos da poupança do que a companhia. “Talvez a
MRV passe a ser a segunda, no segmento, em 2021, atrás apenas da
Cyrela”, avalia o copresidente.
No consolidado de todos os segmentos, a MRV é a maior
incorporadora do país, com destaque para o programa habitacional,
do qual é a principal participante.
De janeiro a junho, a MRV lançou R$ 2,025 bilhões, com queda de
30,2% na comparação anual. “A companhia vai lançar,
consistentemente, mais no segundo semestre”, diz o copresidente.
Menin espera que não haja grande disrupção do novo programa
habitacional, a ser anunciado pelo governo, em relação ao Minha
Casa, Minha Vida. No segmento de imóveis acima dos enquadrados no
programa, as expectativas positivas resultam da queda dos
juros.
O executivo reconhece que a concorrência poderá crescer, nos
mercados de São Paulo e do Rio de Janeiro, devido à nova onda de
abertura de capital de incorporadoras, mas ressalta que a MRV está
presente em 168 cidades. “Teremos mais 166 cidades sem aumento da
concorrência”, diz. No fim de junho, o banco de terrenos da
incorporadora correspondia ao VGV potencial de R$ 52,6 bilhões.
No segundo trimestre, o lucro líquido da MRV teve queda de
34,6%, para R$ 124 milhões. A receita líquida aumentou 5,2%, para
R$ 1,64 bilhão. A margem bruta caiu de 30,7%, de abril a junho de
2019, para 28,4%. De acordo com Menin, a companhia deu prioridade
ao giro mais rápido dos ativos e à geração de caixa em relação às
margens. “A recuperação de margem ocorrerá mais para 2021”, diz
Menin. No trimestre, a empresa gerou caixa de R$ 214 milhões.