Petrobas, Vale e JBS são excluídas do primeiro ETF ESG do Brasil
05 Outubro 2020 - 11:30AM
ADVFN News
As ações de Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4), Vale (BOV:VALE3)
e JBS (BOV:JBSS3) ficaram de fora do primeiro Exchange Traded Fund
(ETF) com critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
(ESG) do Brasil, que começa a ser negociado nesta segunda-feira, 5,
na bolsa de valores brasileira (B3) com o código ESGB11.
Segundo as sócias e gestoras de renda variável da BTG Pactual
Management, Andrea Cardia e Andrea Weinberg, a metodologia
desenvolvida pela S&P Dow Jones Índices (S&P DJI) que
deixou as três grandes brasileiras de fora do novo ETF é “robusta”
e reconhecida internacionalmente, sendo a mesma utilizada pelo Dow
Jones Sustainability Index. Elas explicaram que a Vale ficou de
fora por causa da tragédia de Brumadinho (MG), enquanto Petrobras e
JBS estiveram citadas em escândalos de corrupção, em casos bem
conhecidos do mercado.
Pela metodologia, o índice exclui ações com base na sua
participação em certas atividades comerciais (tabaco, armamento e
carvão, por exemplo), no seu desempenho em comparação com o Pacto
Global da ONU (UNGC em inglês) e também empresas sem pontuação ESG
da S&P DJI. Na prática, qualquer assunto controverso em
questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ex.
corrupção, fraudes), ou histórias polêmicas que podem enfraquecer a
pontuação ou excluir uma ação do índice, e por consequência, do
ETF. Num exemplo desses assuntos polêmicos, as queimadas na
Amazônia e no Pantanal e a questão da expansão do gado nessas áreas
podem pesar na pontuação de papéis de empresas de proteínas, por
causa da falta de métricas confiáveis de rastreamento dos animais.
Segundo as gestoras, na Europa, o ESG já aparece em 50% das
decisões de investimentos, e nos Estados Unidos, em 25%.
Ao mesmo tempo, se as empresas melhorem suas práticas e
receberem pontuação também podem voltar para o índice, mesmo com
porcentual pequeno de representatividade da carteira teórica.
“Petrobras, Vale e JBS podem fazer parte da carteira no futuro.
Esse índice tem o potencial de fomentar boas práticas ESG no
mercado brasileiro”, diz Andrea Weinberg.
Andrea Cardia conta que o novo ETF com o código ESGB11 reflete o
índice S&P/B3 Brasil ESG, com 96 ativos de diferentes setores,
sendo os mais representativos: bancos (23,6%), consumo
discricionário (17,1%), indústrias (13,2%), utilidades públicas
(10,4%) e bens de consumo (10,2%). Entre os principais papéis
estão: Lojas Renner, Banco do Brasil, Natura & Co, Itaúsa, Itaú
Unibanco, Bradesco, Cemig, Telefônica Brasil (Vivo) e Weg. “É um
índice com muito menos commodities que o Ibovespa”, afirma.
Disputa no segmento
Com o primeiro ETF de ESG no Brasil, a BTG Pactual Asset
Management entra num segmento de mercado, ainda pequeno (5,2% de
representativa entre os fundos de ações), mas que está em
crescimento e que já possui participantes de peso já estabelecidos
como Itaú, Blackrock, Bradesco e Caixa, com um total de R$ 26
bilhões em patrimônio em ETFs. Na largada, o fundo terá R$ 100
milhões em patrimônio líquido em cotas de R$ 100, enquanto ETFs
mais antigos como ISUS registram patrimônio de R$ 30 milhões.
“Os ETFs de Ibovespa pegaram, os outros não pegaram”, diz
Weinberg. “Trouxemos um produto mais sofisticado num momento em que
as pessoas procurando por bolsa de valores e por ESG”, completa
Cárdia.
Sobre os motivos da falta de crescimento dos demais ETFs, elas
argumentaram , por exemplo, que o ETF do Índice de Sustentabilidade
é um excelente produto, mas só tem 35 ações, no máximo 40 ações, ou
seja, sem muita diversificação, ao passo, que os ETFs de Ibovespa –
que são mais representativos e têm liquidez – reúnem mais de 70
empresas.
Questionadas sobre se há falta de demanda das pessoas físicas
por ETFs, ambas responderam que há muito potencial nesse segmento,
com base nos volumes vistos no exterior. “Nos EUA, 20% do volume
está em ETFs”, diz Weinberg. “Vemos crescimento no Brasil, mas
também estamos fomentando este tipo de investimento”, complementa
Cárdia.
Sobre planos do BTG Pactual em ETFs ou BDRs de ETFs (recibos de
ativos estrangeiros listados no Brasil), elas foram cautelosas em
lembrar, que este é o primeiro produto, e que precisam avaliar seu
desempenho. “Mas é um mercado (de BDRs de ETFs) que vamos olhar”
diz Weinberg. Cardia completou que o ETF de ESG terá impulso de
distribuição pela plataforma BTG Pactual Digital. “Mas ETF não tem
dono, é de todo o mercado”, conclui a gestora, indicando que o
produto estará disponível em todos os distribuidores do mercado. A
taxa de administração do ESGB11 é de 0,50% ao ano.
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jul 2024
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2023 até Jul 2024