A Via (dona da Casas Bahia e do Ponto) reportou
lucro líquido operacional de R$ 125 milhões no
quarto trimestre de 2021, uma queda de 73,4% ante o mesmo período
de 2020.
A retração do lucro é explicado pela queda da receita e aumento
das despesas financeiras, em função principalmente da elevação da
taxa de juros e aumento da antecipação de recebíveis de cartão de
crédito.
O resultado veio em linha com as expectativas do consenso
da Refinitiv, que era de um lucro de R$ 17 milhões.
A receita líquida da companhia atingiu a cifra
de R$ 8,127 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado, queda
de 14,2% em relação ao mesmo período de 2020.
Já a margem bruta foi de 29,2%, mantendo-se praticamente estável
frente a margem registrada no 4T20.
O ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – avançou 17,6%, para R$
641 milhões, gerando um ganho de margem de 2,1 pontos
porcentuais.
A expectativa do consenso da Revinitiv era de um Ebitda de R$
557,33 milhões. Ou seja, o desempenho veio 15% acima do esperado. A
Via explica que o crescimento do Ebitda foi em função de ganhos de
produtividade e bom controle de despesas.
O volume bruto negociado (GMV, na sigla em
inglês) somou R$ 11,792 bilhões no 4T21, recuo de 6,9% na
comparação com o 4T20.
As vendas digitais representaram 56% do GVM total quarto
trimestre, perfazendo GMV bruto total de R$ 11,8 bilhões, com
crescimento de cerca de 8% no e-commerce (1P) e 68% no marketplace
(3P).
O desempenho da receita bruta das lojas físicas no quarto
trimestre e no ano de 2021 pode ser explicado pelos seguintes
fatores: descasamento entre a retomada do plano de expansão de
abertura de lojas e o fechamento de 100 lojas nos últimos 12
meses.
O resultado financeiro líquido dos ajustes não-recorrentes
foi negativo em R$ 411 milhões, 2,4 pontos porcentuais maior em
percentual receita líquida (5,1%), reflexo principalmente do
aumento da Selic e aumento da antecipação de recebíveis de cartão
de crédito.
O indicador de alavancagem financeira, medido pelo caixa
líquido/Ebitda ajustado dos últimos 12 meses ficou em 1,5x em
dezembro/21, considerando recebíveis não descontados no valor de R$
3,8 bilhões e o ajuste para as antecipações aos fornecedores de R$
366 milhões.
⇒ Investimentos
A Via investiu R$ 1,0 bilhão no ano passado, crescimento de 139%
sobre a cifra investida em 2020. Cerca de 60% dos investimentos
foram direcionados para projetos de Tecnologia e Infraestrutura, de
forma a suportar a transformação do crescimento da companhia.
A varejista abriu 101 novas lojas, das quais 74% em municípios
novos para Via.
Perspectivas para 2022
O ano de 2022 começou ainda com os impactos da nova onda de
Covid-19, mas a partir de 10 de fevereiro iniciou-se uma melhora
significativa no fluxo de pessoas e nas vendas, patamar que tem se
mantido em março.
A perspectiva da companhia é inaugurar entre 80 e 100 lojas
ainda este ano. “Seguimos com a evolução da plataforma tecnológica
da companhia. Devemos ter números parecidos com os últimos anos em
Capex para destravar ainda mais valor”, pontua o CEO. Segundo ele,
“há muita receita e rentabilidade para se capturar”.
“Conseguimos fazer crescimento até agora sem abrir mão de
margem. Com a companhia ficando mais rentável, e vindo consumidores
de diversas verticais, temos a real grande chance de ganhar market
share sem abrir mão de rentabilidade”, destaca.
Os resultados da Via (BOV:VIIA3) referente suas operações
do quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia
10/03/2022. Confira o Press Release completo!
Teleconferência
Em teleconferência realizada nesta quinta-feira (10), o CEO da
Via, Roberto Fulcherberguer, destacou que as vendas digitais
triplicaram de 2019 para 2021, atingindo R$ 26 bilhões, e as venda
por aplicativo e mobile que cresceram de 62% (2019) para 75%
(2019).
Dessa forma, ano passado foi um período de escalada do
marketplace, com o desempenho online mais do que compensando o
desempenho das lojas físicas. Adicionalmente, o maior sortimento de
produtos, com mais SKUs (unidade de manutenção de estoque), foi
fundamental para impulsionar o GMV (volume bruto de
mercadorias).
Assim, a expectativa é ampliar cada vez mais a venda de
sortimentos e de novas categorias, que geram maior frequência,
recorrência e adição de novos clientes, diz Fulcherberguer. “O
resultado é a redução do custo de aquisição de clientes”,
destacou
Para “destravar” o potencial maior que a empresa tem, segundo a
diretoria da empresa, o foco da Via está em ampliar a Logística as
a Service (Laas), que já é realidade na companhia, “mas seu
potencial para gerar valor está apenas começando”, diz Roberto. E
também no Crédito as a Service (Caas), que “encontra na Via o
caminho perfeito para se desenvolver”.
O marketplace e a estratégia omnicanal serão fundamentais para
impulsionar o crescimento da Via nos próximos anos, trazendo novos
clientes e aumentando o lifetime value dentro do ecossistema da
empresa, afirma o CEO.
Os vendedores online, segundo ele, são o ponto chave da melhora
da performance da empresa no segmento e também no conjunto.
No início da pandemia a Via fez um grande aumento de estoques,
estratégia que foi acertada, segundo Fulcherberguer. Mas desde o
fim do ano passado, a empresa iniciou uma desaceleração da
aquisição de estoques.
“Entendemos que agora conseguimos ‘descer’ os estoques, por
vários segmentos estarem normalizando o abastecimento. Nosso
estoque é absolutamente saudável, não temos necessidade de provisão
com isso”, disse.
Apesar da guerra da Rússia e Ucrânia e da instabilidade mundial,
ele diz que não há no momento uma preocupação com desabastecimento
de produtos ou grandes impactos nos preços.
Segundo ele, a companhia opera num prazo maior do que o
convencional e parte do ciclo do semestre já está programado com a
indústria.
“Temos pressão por conta do que acontece no mundo, mas também
temos a queda do dólar no Brasil, e isso tem impacto relevante no
nosso sortimento”, pontua ele.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Já o Bradesco BBI revisou para baixo as suas estimativas para a
Via após o balanço. O banco destaca que este não é o conjunto de
resultados mais brilhante (dado o fraco faturamento), mas isso era
amplamente esperado, pois a varejista tem alta exposição a itens
discricionários com preços mais altos que estão sofrendo com a
fraca demanda no atual ambiente macro.
“No geral, esse conjunto de resultados deve reforçar as
preocupações dos investidores em relação à demanda de eletrônicos e
eletrodomésticos e até que ponto isso pode impactar os resultados
da Via ao longo dos próximos trimestres. Embora o marketplace tenha
tido um bom desempenho em 2021, a diversificação de categorias
ainda é muito mais limitada do que em Meli (MELI34) e Americanas
(AMER3)”, aponta.
Bradesco BBI tem recomendação neutra e
reduz preço-alvo de R$ 6,00 para R$ 5,00…
Credit Suisse
O Credit destacou esperar reação negativa do mercado ao
resultado, uma vez que a dinâmica da loja física foi mais fraca do
que o previsto. Houve redução das vendas nas mesmas lojas em 24%,
enquanto 1P (estoque próprio) e 3P (marketplace) cresceram,
respectivamente, 7,7% e 68% na base anual.
A margem Ebitda de 7,9% só foi possível devido a uma grande
redução das despesas gerais e administrativas, de R$ 618 milhões).
O maior desconto de recebíveis foi um dos destaques negativos.
Morgan Stanley
Para o Morgan Stanley, as despesas controladas superaram os
ventos contrários de vendas. Analistas do banco destacaram que o
GMV ficou 13% abaixo da sua estimativa, enquanto a receita ficou
15% aquém do esperado. Contudo, o lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês)
ex-provisões foi 14% acima, com o controle de despesas compensando
positivamente os números mais fracos das vendas.
Morgan Stanley tem recomendação underweight com
preço-alvo de R$ 5,00…
XP Investimentos
Para a XP, a Via teve resultado acima do esperado no 4º
trimestre, com destaque para margem Ebitda, ou relação entre o
Ebitda e a receita líquida.
Os analistas da casa destacam que a dinâmica de crescimento de
receita continua sendo impactada pelo cenário macroeconômico
desafiador, forte base de comparação e restrições relacionadas à
Covid-19, com declínio do volume bruto de mercadorias vendidas
(GMV, na sigla em inglês) total de 7% na base anual, devido à queda
de 24% do GMV das lojas físicas, enquanto o canal online cresceu
20%, impulsionado pelo 3P, ou marketplace (alta de 68% na base
anual).
A margem Ebitda, por sua vez, subiu 2,1 pontos percentuais na
comparação anual, devido à redução de despesas gerais e
administrativas, acompanhando menores subsídios para as compras
online, e menores investimentos em marketing e em comissões de
vendas.
XP tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 7,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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