Tenda convoca assembleias de credores para negociar licença para elevar nível de endividamento a credores
06 Junho 2022 - 10:14AM
ADVFN News
A Tenda convocou assembleias de credores para negociar uma
licença (waiver, no jargão de mercado) que permita à construtora
manter um nível de endividamento bem mais alto do que o acertado
quando pegou o dinheiro emprestado.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:TEND3) nesta
segunda-feira (06).
A construtora, uma das maiores operadoras do programa Casa Verde
e Amarela, sentiu o peso da disparada nos custos de construção. Só
em 2021, houve um estouro de orçamentos de meio bilhão de reais,
que levou a companhia a reduzir o ritmo de lançamentos, dilatar
prazo de pagamento a fornecedores, cortar funcionários e aumentar
preço dos imóveis para recuperar margens.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores,
Marcos Pinheiro Filho, a expectativa é de que a proposta da empresa
seja aprovada. “Eles entenderam que a situação de endividamento
mais alto é temporária”, afirmou, em entrevista exclusiva ao
Estadão/Broadcast.
O executivo disse ainda que conseguiu reunir os 14 maiores
credores, que respondem, juntos, por pouco mais de 85% do total da
dívida – justamente o porcentual necessário para aprovação das
medidas na assembleia. “Vamos atrás dos outros 15% também. Já
começamos as conversas.” Os credores são principalmente gestores de
recursos e fundos de investimento em renda fixa.
Ao longo dos últimos anos, a Tenda captou cerca de R$ 1 bilhão
por meio de emissões de cinco séries de debêntures e um certificado
de recebíveis imobiliários (CRIs). Nos termos do financiamento, a
construtora se comprometia a manter uma alavancagem de até 15%,
considerando a relação entre dívida corporativa (sem contar
financiamento à produção) e o patrimônio líquido. Mas no balanço do
primeiro trimestre, ela bateu em 33%, mais que o dobro do
limite.
Se a situação se repetisse por dois trimestres dentro de um
período de 12 meses, seria configurada uma quebra de compromisso.
Ou seja, a Tenda teria de pagar de uma vez só os vencimentos que
estavam previstos para 2024 a 2028.
PROPOSTA
A Tenda propôs aos credores a licença para que a sua alavancagem
de 33% possa subir para até 80% em 2022, atingindo o pico de 85% no
primeiro semestre de 2023. A partir daí, prevê redução para 80% e
75% no terceiro e quarto trimestres de 2023, respectivamente,
recuando para até 50% na primeira metade de 2024 e até 30% no fim
do mesmo ano.
Em troca, a construtora se dispõe a pagar um prêmio de 1,75% ao
ano. Com isso, a remuneração dos credores, que estava na faixa de
CDI + 2,5% ao ano, subirá para o patamar de CDI + 3,75% ao ano,
aproximadamente. Esses títulos vinham sendo negociados no mercado
secundário a cerca de CDI + 8% a 9% ao ano, refletindo uma
percepção de risco maior de investidores em relação à empresa.
A Tenda também se comprometeu a não remunerar os seus acionistas
até que a alavancagem volte para o patamar considerado normal para
a empresa, de 15%. Outro compromisso será reduzir as operações e
preservar o fluxo de caixa. Nos próximos 12 meses, a construtora
não poderá lançar mais de 15 mil unidades – isso significa uma
redução na ordem de 27% em suas operações, visto que em 2021 lançou
20,5 mil unidades.
A companhia tem também aumentado o preço das suas unidades mesmo
que isso implique em perda da velocidade de vendas. Em maio, os
apartamentos foram vendidos a R$ 178 mil, ante R$ 162 mil no
primeiro trimestre.
Informações Broadcast
TENDA ON (BOV:TEND3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
TENDA ON (BOV:TEND3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024