Na primeira manifestação pública desde que estourou o rombo
contábil de bilhões na Americanas (BOV:AMER3), empresa na qual o
trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira
são acionistas de referência, eles negaram conhecimento das
“inconsistências” contábeis, que levaram as ações da empresa a
derreterem na bolsa, a pedir recuperação judicial e, por
consequência, sair do Ibovespa, bem como demais índices da B3
(BOV:B3SA3).
“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer
manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação
sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal.
Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma
vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo
negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.”
Dessa forma acima, eles abriram a nota pública, publicada neste
domingo (22) à noite, sobre a existência de “significativas
inconsistências em sua contabilidade”.
O trio de empresários, que está no topo da Forbes, na lista dos
homens mais ricos do País, vinha sofrendo muitas críticas pelo
silêncio sobre o caso. Entre o anúncio do rombo, inicialmente de
cerca de R$ 20 bilhões, e o fechamento no pregão de sexta-feira
(20), as ações da varejista caíram de R$ 12 para R$ 0,71.
Portanto, apenas após 11 dias e milhões de prejuízos a
investidores e desconfiança do mercado, o trio de acionistas de
referência da varejista tentou se explicar.
Conforme eles, porém, desde a publicação do rombo, “sempre, com
transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para
o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à
empresa”.
Para o trio, “assim como todos os demais acionistas, credores,
clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que
tudo estava absolutamente correto.”
No mais, manifestaram compromisso de “integral transparência e
de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para
esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.”
“Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da
empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um
futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados,
parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os
credores.”
Veja a nota pública na íntegra:
No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de “fato relevante”,
a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas
inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com
transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para
o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à
empresa.
Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo
categórico e a bem da verdade que:
1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos
quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa
atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e
legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda
uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos,
construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do
país.
2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20
anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de
reputação ilibada.
3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas
empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua
vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para
confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes
externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a
empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais
denunciaram qualquer irregularidade.
4) Portanto, assim como todos os demais acionistas,
credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos
firmemente que tudo estava absolutamente correto.
5) O comitê independente da companhia terá todas as
condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências
contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no
diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.
6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral
transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso
alcance para esclarecer todos os fatos e suas
circunstâncias.
7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos
investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos
alcançados por prejuízos.
8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação
da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um
futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados,
parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os
credores.
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto
Sicupira.”
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