A BRF ampliou prejuízo líquido no quarto trimestre e viu o lucro operacional medido pelo EBITDA ajustado ficar abaixo das expectativas do mercado, refletindo o impacto da hiperinflação na Turquia, o resultado financeiro negativo e perdas referentes a um acordo de leniência com a Justiça brasileira.

A dona das marcas Sadia e Perdigão (BOV:BRFS3) registrou seus resultados na noite desta terça-feira (28). Confira o Press Release…

A empresa reportou prejuízo líquido de R$956 milhões entre outubro e dezembro, bem acima da perda de R$137 milhões do terceiro trimestre e revertendo o lucro líquido de R$932,0 milhões apurado um ano antes.

O EBITDA ajustado, medida que afere o lucro operacional da empresa, caiu 38,8% na base anual, a R$1,03 bilhão, ficando abaixo do consenso de projeções compiladas pela Mover, de R$1,14 bilhão.

A receita líquida atingiu R$14,7 bilhões, com alta de 7,6% ano a ano e avanço de 5,1% na comparação trimestral, marcando um recorde para a companhia, destacou em nota no balanço o presidente executivo global do grupo, Miguel de Souza Gularte.

O prejuízo no final do trimestre, no entanto, foi atribuído pela BRF a uma perda de R$588 milhões devido a acordo de leniência com a Controladoria-Geral da União e a Advocacia-Geral da União referente à Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em 2017 para apurar esquemas de corrupção em frigoríficos.

Além disso, a companhia reportou resultado financeiro líquido negativo de R$602 milhões no período e um crescimento anualizado de 14,9% no custo dos produtos vendidos, para R$12,3 bilhões, pressionada pelo aumento dos preços do milho e do óleo de soja, além de combustíveis e mão de obra.

Sem levar em conta fatores incluindo a hiperinflação na Turquia e o acordo de leniência, o prejuízo líquido da BRF teria sido de R$601 milhões no ano, apontou a companhia no balanço.

O diretor financeiro da BRF, Fábio Mariano, disse em nota citada por agências de notícias que a companhia pretende levantar cerca de R$4 bilhões com a venda de ativos que não fazem parte de seus negócios principais ao longo do ano.

Metade desse valor deve vir com a já anunciada venda da operação de ração para animais. “Recebemos várias manifestações de interesse e entendemos que os indicativos de valuation são bastante atrativos”, disse Mariano.

Segundo a BRF, os preços médios se deterioraram na reta final do ano passado por causa de um desequilíbrio entre oferta e demanda em diversos mercados. “Não é algo da companhia, mas do setor”, argumentou.

Enquanto o Ebitda do segmento Brasil caiu 20,8% no 4º trimestre, para R$ 685 milhões, a operação internacional despencou 68,4%, para R$ 208 milhões. Em receita, no entanto, a companhia reportou crescimentos de 7,7% e 7,3%, para R$ 7,76 e R$ 6,2 bilhões, respectivamente.

A empresa chamou atenção para uma queda de 13,5% na receita obtida no mercado asiático em relação ao trimestre imediatamente anterior (julho a setembro). O recuo brusco reflete uma queda de 8,5% nos preços médios da carne de frango, além de uma desaceleração nas vendas ao Japão e à Coreia do Sul. Estoques elevados e boa oferta na região explicam o menor interesse dos compradores.

O CEO da BRF, Miguel Gularte, afirmou que a reabertura da economia chinesa reduziu os estoques e há sinais de reaquecimento da demanda. “Se isso acontecer, devemos ter uma melhora por ‘osmose’ em toda a região. E como dominamos nessa geografia, nossa recuperação deve ser mais intensa do que a média do mercado”, disse.

A ação ordinária da BRF acumula queda de 63% nos últimos 12 meses, refletindo resultados negativos da companhia diante das dificuldades impostas pelo aumento das commodities durante o ano passado.

Teleconferência

Uma queda esperada nos preços da ração animal ajudará a BRF a aumentar as margens em todos os segmentos de negócios, embora a empresa tenha continuado a se recuperar da queda nos preços da carne nos mercados de exportação no primeiro trimestre.

Em teleconferência nesta quarta-feira para discutir os resultados trimestrais, os executivos da BRF disseram que os preços das rações cairão à medida que o Brasil estiver colhendo grandes safras de soja e milho em 2023. A BRF também observou que uma revisão operacional também aumentará as margens nos próximos trimestres.

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