As ações da Vale acumulam queda de cerca de 15% em 2024, mas
diversas casas de análise têm reiterado otimismo com os ativos. Na
semana pós-resultado da mineradora, o JPMorgan e o Itaú BBA
reiteraram recomendação de compra ou equivalente para os ativos,
ressaltando os motivos para tanto.
O JPMorgan seguiu com classificação overweight (exposição acima
da média do mercado, equivalente à compra) para a ação VALE3, com
preço-alvo de R$ 102, e listou quatro razões principais para
possuir ações da mineradora.
Em primeiro lugar, os analistas do banco apontam que a Vale
(BOV:VALE3) teve um desempenho abaixo do minério de ferro. Enquanto
o minério de ferro tem registrado um desempenho mais forte do que o
esperado pelo mercado, a Vale teve um desempenho substancialmente
inferior à commodity, tanto na alta quanto na baixa, o que o banco
vê como uma oportunidade para os investidores.
Em segundo lugar, de acordo com o JPMorgan, a cada dia que o
preço do minério de ferro permanece substancialmente acima dos US$
70-80, que os investidores acreditam ser um nível normalizado, a
mineradora está lucrando com preços anormalmente altos,
fortalecendo o Fluxo de Caixa Livre (FCF), que provavelmente se
converterá em dividendos e/ou recompras de ações mais elevados. No
valor atual de US$ 120/t (tonelada), isso representa US$ 50-60/t de
preços anormalmente altos, o que, em um ano, se traduz em em cerca
de US$ 15-18 bilhões de Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização).
Para analitas, após a Vale decepcionar no lado operacional por
alguns anos, as expectativas em torno do papel estão baixas. Mas o
banco acredita que 2024 pode ser um ano em que a Vale poderia
verdadeiramente superar as expectativas, depois de se reunir
recentemente com diretor de operações de minério de ferro da Vale,
Carlos Medeiros.
O JPMorgan, em terceiro lugar, também destaca que a China
permanece em modo de crescimento. Dessa forma, mais recursos devem
ser direcionados para esforços de estímulo – em habitação social,
infraestrutura, energia alternativa – todas as áreas que deveriam
se traduzir em maior consumo de aço (e, consequentemente, maior
consumo de minério de ferro).
A produção também deve apresentar melhorias, sendo este o quarto
ponto. Desde 2019, apesar dos esforços da administração, os níveis
de produção de minério de ferro têm se mantido relativamente
estáveis em 285-315 Mt (milhões de toneladas). No entanto,
acreditamos que possamos estar em um ponto de virada. A empresa tem
trabalhado na estabilidade operacional e, com medidas simples, como
o aumento de inventários intermediários e mais peças
sobressalentes, a Vale deve ser capaz de aumentar a produção,
especialmente nos trimestres sazonalmente mais fracos. Isso já foi
observado no 4T24, quando a produção foi bastante forte e
surpreendeu positivamente. Embora não consideremos volumes de
produção acima das orientações da Vale, não descartamos que isso
possa significar um aumento em relação às nossas estimativas.
Com esse cenário, em termos de avaliação, o banco vê a Vale como
a opção mais barata para se expor ao minério de ferro. Analistas
lembram que historicamente, a mineradora tem uma alta correlação
com os preços do minério de ferro (0,84). No entanto, nos últimos 3
meses, observa-se uma diferença maior entre os preços do ferro e as
ações da Vale.
Segundo análise, a Vale também está barata quando comparada aos
concorrentes. A empresa é negociada a 3,7 vezes Valor da Firma
(EV)/Ebitda para 2024, em comparação com a média global dos
concorrentes, que é de 4,6 vezes EV/Ebitda para 2024.
Além disso, se os preços do minério de ferro continuarem acima
de US$ 125/t (até 2025), o JPMorgan disse que poderíamos observar
um aumento de 20% em relação ao ao valor justo. Além disso, estima
que a empresa deve gerar um rendimento de FCF de 12,6% em 2024. Ao
realizar um exercício com múltiplos de 2025, a Vale está atualmente
precificando o minério de ferro a US$ 88/t e, considerando uma
análise de DCF (Fluxos de caixa descontados), a empresa está
precificando um valor presente líquido de longo prazo de US$75/t, o
que analistas acreditam ser muito baixo. Para cada aumento de US$
5/t nos preços do minério de ferro, a estimativa de Ebitda para
2024 aumenta em US$ 1,3 bilhão.
Na última segunda-feira (26), o Itaú BBA também reiterou
recomendação de compra para a Vale, ainda que reduzindo o
preço-alvo dos ADRs (recibo de ações, na prática ações da empresa
brasileira negociadas na Bolsa de Nova York) de US$ 18 para US$ 17,
ao estimar um Ebitda de R$ 19,6 bilhões para 2024, 4% abaixo das
suas projeções anteriores. Por outro lado, o papel continua sendo a
preferência do banco em mineração e siderurgia ao enxergar o ativo
como uma boa fonte de retorno aos acionistas, com potencial aumento
de 26% para o valor da ação e 13% de rendimento via dividendos e
recompras de ação.
Para o setor de ferrosos, o BBA segue com a estimativa de preço
médio de US$ 120 por tonelada para 2024, ajudada por uma produção
de aço ainda resiliente na China ao longo de 2024 e pelos fortes
níveis de preço observados no começo do ano. Assim, estima uma
receita líquida de US$ 36,5 bilhões para o segmento e um resultado
operacional de US$ 19,3 bilhões em 2024. Para metais de base,
projeta uma receita líquida de US$ 7,1 bilhões, estável contra as
estimativas anteriores, mas com um resultado operacional de US$ 1,4
bilhão, em comparação aos US$ 2 bilhões de suas estimativas
anteriores, principalmente devido a maiores custos de produção com
níquel e cobre.
Informações Infomoney
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
VALE ON (BOV:VALE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024