A resseguradora IRB Re encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 37,9 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 38,8 milhões observado no mesmo intervalo de 2022, de acordo com balanço publicado.

De acordo com o IRB, a melhoria do resultado foi fruto da estratégia de revisão abrangente dos contratos ao longo de todo o ano passado. Em 2023, a empresa acelerou o processo de limpeza da carteira de contratos de resseguro para excluir aqueles que geravam prejuízo. A maior parte destes contratos estava no segmento internacional, que teve a maior queda de arrecadação no ano e que perdeu espaço no negócio, por uma escolha da companhia.

A arrecadação total, o chamado prêmio emitido, ficou em R$ 1,575 bilhão no último trimestre de 2023, baixa de 12% no comparativo anual. No Brasil, houve alta de 4,9%, para R$ 1,305 bilhão, enquanto no exterior, a baixa foi de 50,4% em termos anuais, para R$ 270,3 milhões.

O índice de sinistralidade, que mede o volume de pedidos de indenização dos clientes frente à arrecadação, caiu 19,8 pontos porcentuais em um ano, para 74% no quarto trimestre. Ou seja: mesmo com uma arrecadação menor, o IRB conseguiu ter perdas proporcionalmente mais baixas.

A retrocessão, que mede o repasse de contratos a outras empresas, foi de 47,2% no quarto trimestre, alta de 5,6 pontos em um ano. O IRB afirma que começou a venda, no trimestre, da sucursal de Londres. Com isso, assinou um contrato de transferência de carteira em perdas para antecipar o repasse até que todos os procedimentos legais junto às autoridades do Reino Unido estejam concluídos.

O resultado do IRB com contratos de resseguro foi de R$ 105,1 milhões, ante uma perda de R$ 152,8 milhões no quarto trimestre de 2022. O resultado financeiro teve alta de 12,1% em um ano, para R$ 111,4 milhões, na mesma base comparativa.

No ano, o IRB teve lucro líquido de R$ 114,2 milhões, contra prejuízo de R$ 630,3 milhões em 2022. A empresa virou a página da crise desencadeada em 2020 com a descoberta de fraudes contábeis e de mentiras sobre uma suposta participação do Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, na base acionária. Os atos foram praticados por antigos executivos da companhia.

Os resultados da IRB (BOV:IRBR3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 28/03/2024.

Teleconferência

A diretoria do IRB voltou a vislumbrar a possibilidade da distribuição de dividendos no próximo ano. Durante teleconferência, o CEO da companhia, Marcos Pessôa de Queiroz Falcão, disse que a empresa ainda tem prejuízos acumulados mas, se até o fim de 2024, voltar a ter lucros consistentes, a distribuição de proventos deverá ser retomada.

“Devemos acabar (com o prejuízo) o mais breve possível, para assim voltarmos a pagar dividendos. Se tudo correr bem, devemos encerrar o prejuízo acumulado este ano”, destacou.

No quarto trimestre do ano passado, a empresa voltou a registrar lucro, de R$ 38 milhões, revertendo prejuízo do mesmo intervalor de 2022.

As ações do IRB, nesta segunda-feira (1), subiam 2,5%, cotadas a R$ 38,29, por volta das 14h.

O foco, até então, era ter uma carteira 80% voltada ao Brasil e 20% em mercado internacional, especialmente na América Latina. Após análise de mercado feita ao longo de 2023, para 2024 o objetivo mudou, agora com atenção especial voltada para a Europa e para a América Latina.

O Brasil continuará a representar a maior parte da carteira, mas agora com objetivo de 70% da fatia total dos prêmios de IRB, enquanto na América Latina a expectativa é ter cerca de 20%, e no internacional (sem Latam e com foco na Europa) a estimativa é girar em torno de 10% (antes eram 5%).

”As oportunidades que teremos a explorar em 2024 são bem maiores do que vimos inicialmente. Em viagem recente à Europa, percebemos oportunidades lá. Acreditamos que não é só na América Latina, mas também na Europa que teremos oportunidades”, destacou Hugo Daniel Castillo Irigoyen, Vice-Presidente de Resseguros.

Na América Latina, a companhia vai focar em mercados como Peru, Paraguai, Uruguai, Colômbia e México. “Vamos para ramos em que nos sentirmos confortáveis, sempre com foco em rentabilidade”, afirmou Castillo.

Ao longo de 2023, o IRB viu dois índices importantes chegarem a marcas históricas. O percentual de sinistralidade, que mede o volume de pedidos de indenização dos clientes frente à arrecadação, caiu a 55% no 4T23. Já os sinistros retidos chegaram a R$ 2,907 bilhões, em 70%.

Já a sinistralidade caiu de 94% no 4T22 para 60% no 4T23, o que demonstra, segundo Rodrigo de Souza Lobo Botti, Vice-Presidente Financeiro, Atuarial e Tecnologia, a limpeza da carteira de IRB ao longo de 2023.

Segundo a diretoria, esses resultados foram obtidos por meio de ações executadas como ajuste de preços e diminuições de participação de determinados contratos. Para 2024, o calendário de renovações prevê novidades ao longo do ano. Grande parte dos contratos brasileiros se renovaram em janeiro, mas há renegociações previstas entre abril, junho e julho nos contratos da América Latina, internacionais e nos contratos do agro.

Outro indicador acompanhado de perto pelo mercado de resseguros é o Índice Combinado de IRB, pois ele agrega sinistralidade, comissionamento e demais despesas. O indicador terminou 2023 a 109% contra 137% em 2022, queda de 28 p.p. De acordo com Botti, o resultado ainda está aquém do pretendido, mas mostra avanço significativo em relação ao ano anterior.

 

Indicadores regulatórios

O IRB divulga trimestralmente um importante indicador regulatório, que é analisado com lupa pelo mercado, visto que houve desenquadramento em 2022.

Assim, a Suficiência de PLA (Patrimônio Líquido Ajustado), chegou a 146% no 4T23 após atingir 101% no 4T23. O indicador melhorou trimestre a trimestre após o desenquadramento e agora está com uma margem 46% acima do necessário.

“Isso é reflexo da gestão de capital que a companhia tem implementado. Na busca por eficiência de capital, o IRB privilegiou riscos que traziam maior rentabilidade”, explicou Thaís Ricarte Peters, Diretora de Controles Internos, Riscos e Conformidade. Em valores, a Suficiência de PLA subiu de R$ 18 milhões na mínima (4T22) para os atuais R$ 534 milhões (4T23).

Expectativas de IRB para 2024

De acordo com o CEO do IRB, Marcos Pessôa de Queiroz Falcão, a proejção para 2024 é crescer sem reduzir preços. A expectativa é que os níveis de taxas de juros continuem altos, o que permite que a empresa traga bons retornos às reservas sem correr mais riscos. “Vamos evoluir na gestão de risco e utilização do nosso capital”, destacou.

O IRB espera enfrentar um mercado ainda volátil, mas com novas oportunidades de negócio à vista, ainda de olho na demanda por capacidade maior do que a oferta do mercado. “Estamos mudando de patamar”, pontuou o CEO.

Na teleconferência, Falcão trouxe números atualizados de janeiro de 2024 da companhia, que registrou lucro líquido de R$ 36,8 milhões. O resultado de underwriting de janeiro ficou em R$ 45 milhões, dando continuidade aos bons números vistos em 2023.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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