A Suzano anunciou a compra de uma participação minoritária de 15% da austríaca Lenzing, que produz celulose solúvel (dissolving pulp) e tecidos, marcando sua estreia no mercado têxtil, pelo montante de 229,9 milhões de euros (cerca de R$ 1,3 bilhão).

O comunicado foi feito pela companhia (BOV:SUZB3) nesta quarta-feira (12).

A Suzano terá o direito de alterar o controle da Lenzing mediante aquisição de uma participação adicional de 15% de ações da Lenzing detidas pela B&C como parte de uma oferta pública de aquisição obrigatória a ser realizada pela Suzano para todas as ações da Lenzing de acordo com a Lei de Aquisições de Controle da Áustria, por um preço a ser determinado de acordo com os requisitos da Lei de Aquisições de Controle da Áustria.

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Segundo fato relevante, o direito poderá ser exercido pela Suzano a partir do dia seguinte ao primeiro aniversário do fechamento da Operação até o final de 2028.

A Suzano reforça que a operação não traz impacto material para sua alavancagem financeira ou endividamento.

A Lenzing é uma empresa global de fibras especiais com sede em Lenzing, Áustria, com fábricas em todo o mundo. Reconhecida pelas suas práticas sustentáveis, a Lenzing é especializada na produção de fibras de celulose à base de madeira (liocel, modal e viscose).

Segundo a Suzano, a austríaca tem capacidade de produção anual superior a 1 milhão de toneladas e lidera a indústria na produção de fibras ecologicamente sustentáveis. Suas fibras são utilizadas em várias aplicações, incluindo roupas, têxteis para o lar, produtos de higiene e materiais não tecidos.

“A operação está alinhada às avenidas estratégias de longo prazo da Suzano em ser arrojada na expansão de novos mercados e protagonista em sustentabilidade, como é de amplo conhecimento público, representando a sua confiança de longo prazo na criação de valor por meio de operações competitivas e escaláveis de desenvolvimento sustentável de fibras têxteis à base de madeira”, afirma.

“O objetivo da Suzano com a aquisição de participação minoritária na Lenzing…é buscar conhecer profundamente, aprender e acompanhar o negócio da Lenzing antes de decidir pela aquisição do controle da companhia”, afirmou a Suzano em fato relevante.

Com a aquisição, a Suzano terá duas cadeiras no conselho de administração da Lenzing. O anúncio do negócio ocorre em meio a discussões da Suzano para comprar a gigante global de embalagens de papelão International Paper.

VISÃO DO MERCADO

Itaú BBA

Na visão do Itaú BBA, a notícia é neutra. A operação é pequena para a Suzano, mas com possibilidades se abrindo pela frente.

“Embora o acordo não seja material do ponto de vista financeiro/de alavancagem, permitirá à Suzano compreender melhor a estrutura do mercado (consumidores, concorrentes, cadeia de fornecimento, etc.) antes de tomar uma decisão mais ousada”, apontam os analistas do banco.

A empresa terá direito ainda a dois assentos no conselho da Lenzing. Além disso, o BBA vê que a Suzano poderia contribuir com expertise para ajudar na recuperação de algumas operações industriais da Lenzing.

Sobre o mercado da nova adquirida, o BBA ressalta que as aplicações da viscose na indústria têxtil têm aumentado nos últimos anos, principalmente na região Ásia-Pacífico, em parte devido ao seu apelo ESG mais ecológico quando comparado às fibras têxteis sintéticas.

“Na nossa opinião, o negócio faz sentido do ponto de vista estratégico, dado que a Lenzing é um dos maiores produtores integrados de viscose (da pasta solúvel à viscose) fora da China, num mercado com importantes barreiras de entrada, uma vez que já é dominado por grandes players”, avalia o BBA.

Redução de riscos?

Bradesco BBI

O Bradesco BBI reforça que o acordo com a Lenzing surge após cerca de um mês de especulações sobre se a Suzano poderia adquirir a International Paper (as discussões eram de uma oferta inicial de US$ 15 bilhões pela IP). Desde então, os preços das ações da Suzano caíram 18%, dado o risco de alavancagem pela International Paper e a visão de maiores desafios do que benefícios em uma potencial aquisição.

Neste sentido, o BBI questiona se este evento de compra da Lenzing pode representar uma redução de risco. “Com a Suzano anunciando uma nova aquisição estratégica, que inclui uma estrutura que demonstra disciplina em sua estratégia de alocação de capital, acreditamos que os investidores poderiam atribuir uma menor probabilidade de a Suzano pagar a mais pelos ativos da International Paper. Como resultado, acreditamos que o acordo com a Lenzing poderia sim ser visto como um evento de redução de risco para a Suzano”, avalia

O banco destaca que o acordo com a Lenzing (i) terá impacto limitado na alavancagem da Suzano; (ii) poderia oferecer sinergias interessantes, já que a Lenzing possui uma operação de celulose solúvel no Brasil (500 mil ktpa, ou mil toneladas por ano, através de uma joint venture com a Dexco DXCO3); e (iii) agrega um portfólio de produtos de valor agregado e de nicho à Suzano.

O BBI destacou a notícia como positiva, uma vez que o acordo com a Lenzing reforça que a administração manterá uma estratégia disciplinada de alocação de capital. “Observamos que o mercado rapidamente precificou uma alta probabilidade de a Suzano pagar a mais por ativos de propriedade intelectual – após a recente liquidação, vemos a Suzano negociando com um rendimento de fluxo de caixa livre de 17%”, avalia. O BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 72,50, ou potencial de alta de 48%; o BBA também tem a mesma recomendação, mas com preço-alvo maior, de R$ 75 (upside de 53%).

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