O Grupo Carrefour Brasil, dono do Atacadão, registrou um aumento na base anual de 412,5% no lucro líquido ajustado no segundo trimestre de 2024, alcançando R$ 151 milhões. Este crescimento, segundo a companhia, é reflexo da otimização de custos e a expansão eficiente das operações.

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A rede destaca a performance do Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado no período, que apresentou um aumento de 20,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 1,6 bilhão. Este resultado foi impulsionado principalmente pelo crescimento robusto das vendas e pela captura de sinergias operacionais, especialmente nas lojas convertidas do Grupo BIG e nas iniciativas de redução de despesas.

Em termos de vendas líquidas, o Carrefour Brasil reportou R$ 28,047 bilhões, marcando um aumento de 8,1% em comparação ao 2T23. Este avanço, de acordo com o documento publicado na noite desta segunda-feira (22), pode ser atribuído ao aumento de vendas mesmas lojas (LfL, na sigla em inglês)) e à expansão de formatos de lojas mais rentáveis, como o segmento Cash & Carry (Atacadão), que desempenhou um papel central no impulsionamento das vendas.

O lucro do Carrefour ficou abaixo do consenso dos analistas consultados pela LSEG, que era de R$ 197,41 milhões. Em relação ao Ebitda, o resultado ficou em linha com o projetado, que era de R$ 1,556 bilhão, assim como a receita líquida, cujo consenso era de R$ 28,297 bilhões.

O InfoMoney considera o resultado em linha quando fica até 5% acima ou abaixo do esperado pela média dos analistas da LSEG.

Guidances

Ainda falando das sinergias operacionais das mudanças, o Carrefour também anunciou que aumentou suas metas de sinergias anualizadas para R$ 3 bilhões até o final de 2025, contra R$ 2 bilhões anteriormente.

Esta revisão para cima reflete a confiança da administração na capacidade de superar as expectativas iniciais, tendo já ultrapassado a meta anterior de R$ 2 bilhões em sinergias com 17% e 18 meses antes do previsto

Atacadão é destaque

No segundo trimestre de 2024, o Grupo Carrefour Brasil exibiu uma forte performance no segmento Cash & Carry (Atacadão), onde as vendas brutas atingiram R$ 22,1 bilhões, um aumento de 10,2% em comparação ao ano anterior. Este crescimento foi impulsionado pelo robusto aumento de 7,4% nas vendas LfL, especialmente devido à demanda elevada de clientes B2B e a eficazes campanhas promocionais. O EBITDA ajustado deste segmento cresceu expressivamente em 21,9%, alcançando R$ 1,244 bilhão, refletindo as sinergias de custos bem capturadas e a maturação das lojas.

Por outro lado, o segmento Varejo do Carrefour enfrentou desafios, evidenciado por uma queda de 11,3% nas vendas brutas, totalizando R$ 6,7 bilhões, afetada principalmente pelo fechamento de lojas de baixo desempenho e pela reestruturação do portfólio.

O controle efetivo dos custos, segundo o Carrefour, também ajudou. A empresa focou na eficiência operacional e na redução de despesas gerais e administrativas (SG&A), que diminuíram 3,7% ano a ano.

A margem líquida ajustada ficou em 0,5%, alta de 0,4 ponto percentual no ano, com ajuda do lado do faturamento e dos menores custos.

A relação entre a dívida líquida e o EBITDA ajustado foi de 2,4x no trimestre. Isso demonstra que “o Carrefour Brasil mantém uma estrutura de capital sólida, com uma gestão prudente de endividamento, mesmo em um cenário de expansão e investimentos estratégicos”, diz a empresa.

As principais mensagens da administração enfatizam a confiança na continuidade do crescimento e na sustentabilidade dos resultados. A liderança da empresa destacou a importância das adaptações estratégicas que têm permitido ao grupo superar os desafios do mercado brasileiro, particularmente no contexto da inflação alimentar.

Os resultados da Carrefour (BOV:CRFB3) referentes às suas operações do segundo trimestre de 2024 foram divulgados no dia 22/07/2024.

VISÃO DO MERCADO

As ações, contudo, registravam baixa de 1,78% (R$ 10,51), às 10h10 (horário de Brasília), com investidores também embolsando lucros após forte alta de 4,39% na véspera, sessão antes do balanço.

Bradesco BBI

A equipe de research do Bradesco BBI avalia os resultados como marginalmente positivos, com o principal destaque sendo a aceleração das vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) do Atacadão impulsionada por uma soma de fatores.

Segundo o BBI, as vendas foram sustentadas pela atividade promocional agressiva em abril e junho, inflação de alimentos atingindo o pico de 4,9% em junho, clientes B2B normalizando compras, bem como pelo lançamento de serviços atingindo 80 lojas em junho e a política agressiva de parcelamento em 3 meses em todas as lojas cash e carry (C&C) no Brasil.

No entanto, o BBI disse precisar de mais detalhes para que possa de fato ver um ponto de inflexão em termos de qualidade dos lucros no futuro.

Ainda na visão do BBI, o anúncio de 8 a 10 inaugurações adicionais do Atacadão em 2024 é outra indicação positiva, sugerindo que a administração está confortável com o atual cenário competitivo, bem como com suas políticas comerciais agressivas em sua marca principal, o Atacadão.

Analistas do BBI mantêm visão otimista sobre as ações, pois vê uma avaliação atraente de 11,3 vezes Preço/Lucro em 2025, considerando o forte Taxa de crescimento anual composta (CAGR) de lucro por ação de 59,0% entre 2024 e 2027. Dessa forma, o BBI mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 17.

Itaú BBA

O Itaú BBA, por sua vez, comenta que o Carrefour relatou resultados positivos no 2T24, com uma receita líquida ligeiramente melhor do que o esperado (crescimento sólido de 7% do SSS na divisão C&C) e margens virtualmente em linha (a divisão de Varejo foi o ponto baixo, 20 bps abaixo da sua previsão).

Do lado negativo, o BBA aponta o crescimento de R$ 2 bilhões da dívida líquida (incl. recebíveis descontados) na comparação com o trimestre anterior, “refletindo a deterioração nas tendências de capital de giro causada pelo aumento nas vendas a prazo nas lojas Atacadão – um ponto-chave a ser monitorado à frente”.

O BBA mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 15,50.

Na mesma linha que BBA e BBI, a XP Investimentos classifica os resultados como sólidos, com forte desempenho de receita no atacarejo e sólida expansão da margem Ebitda (receita sobre Ebitda) ajustada. Além disso, a companhia elevou o guidance de sinergias do BIG para R$ 3 bilhões até 2025, sustentado por eficiências de custo melhores que o esperado.

XP

Em termos de rentabilidade, a XP comenta que a margem bruta consolidada diminuiu 0,9 p.p em relação ao ano anterior, uma vez que a recuperação do B2B e as iniciativas promocionais no atacarejo (-0,3 p.p), juntamente com a maior competitividade no varejo (-1,9 p.p), mais do que compensaram a maior penetração de marcas próprias e SKUs (unidade de manutenção de estoque) importados no Sam’s (+1,8 p.p).

No entanto, a alavancagem operacional, as sinergias de custos e a maturação das lojas levaram a uma expansão da margem EBITDA ajustada de 0,6 p.p em relação ao ano anterior.

Já o lucro líquido foi de R$ 391 milhões, acima dos R$ 191 milhões previstos pela XP, impactado positivamente por uma reversão de provisão não recorrente de R$ 180 milhões e um ganho de R$43 milhões com a venda de ativos, enquanto a geração de caixa livre atingiu R$ 3,2 bilhões, apoiada por uma melhor dinâmica de capital de giro, principalmente pela nova política de pagamento de fornecedores.

Após trimestres de fracos SSS e rentabilidade abaixo da média histórica, a Genial Investimentos acredita esse trimestre deve direcionar os holofotes do varejo alimentar para o Carrefour, coroando a “volta dos que não foram” e abrindo espaço para um 2º semestre ainda mais forte no segmento alimentar.

Genial Investimentos

A Genial avalia que o único ponto de atenção do resultado veio em relação ao aumento de alavancagem financeira – que passou de 3,5 vezes em 2T23 para 3,7 vezes neste trimestre. “Apesar do aumento de lucro operacional no período, o montante de dívida bruta aumentou ainda mais, fruto das captações nos últimos meses.”

A casa de análise não acredita que, neste primeiro momento, “isto deva soar os alarmes do mercado, dado que a sazonalidade positiva para vendas no 2º semestre junto a maturação de lojas convertidas deve trazer um efeito positivo para o lucro operacional da companhia − aliviando esse pequeno desconforto momentâneo”.

Negociando a um Preço/Lucro de 12,0 vezes, a Genial reitera recomendação de compra para o Carrefour, com preço-alvo de 13,50 – potencial de valorização de 26% em relação ao fechamento do último pregão.

JPMorgan

Conforme o JPMorgan, o Carrefour Brasil reportou bons resultados no 2º trimestre de 2024, com resultados operacionais superando as expectativas do banco e as do mercado, impulsionados por melhores tendências em sua principal divisão de atacarejo.

De forma geral, dado o lucro ainda deprimido, o JPMorgan acredita que o mercado deve focar nas tendências de crescimento na receita principal e maior alavancagem operacional, e na revisão para cima da sinergia, de R$ 1 bilhão para R$ 3 bilhões no nível do Ebitda até o final de 2025, enquanto a empresa aumentou seu plano de conversão de atacarejo. Assim, as ações devem reagir positivamente, especialmente considerando que é uma das ações de varejo mais vendidas na América Latina. Com um P/L de 13 vezes para 2025, o banco americano reitera classificação neutra e preço-alvo de R$ 13.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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