A rede varejista Magazine Luiza reverteu prejuízo de R$ 198,8 milhões, reportado no segundo trimestre de 2023, para um lucro líquido recorrente de R$ 37,4 milhões, no período de abril a junho deste ano. Com esse ganho na última linha do balanço, a empresa fechou o seu terceiro trimestre consecutivo no positivo.

Os números confirmaram a previsão de analistas, que projetaram para este trimestre um forte incremento de margem para o período.
A rede varejista Magazine Luiza reverteu prejuízo de R$ 198,8 milhões, reportado no segundo trimestre de 2023, para um lucro líquido recorrente de R$ 37,4 milhões, no período de abril a junho deste ano. Com esse ganho na última linha do balanço, a empresa fechou o seu terceiro trimestre consecutivo no positivo.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 62% ano a ano, para R$ 711 milhões. Enquanto isso, a margem Ebitda ajustada foi de 7,9%, com alta de 2,8 pontos percentuais, impulsionada pela margem bruta, de 30,9% (com crescimento anual de 21, pontos percentuais).

“Há algum tempo falamos que o nosso objetivo é retomar patamares históricos de rentabilidade. Já estamos nos aproximando desse patamar e acredito que é possível ir além. Hoje, temos muito mais serviços e oportunidades, com margens (rentabilidade) mais altas”, afirmou Roberto Belissimo Rodrigues, CFO do Magazine Luiza ao InfoMoney.

O executivo disse que a companhia se preparou para dar lucro em um ambiente juros elevados. “Óbvio que, se os juros caírem mais, a gente vai se beneficiar. Mas, mesmo com a taxa ainda elevada, estamos superando nossos objetivos e contornando essa situação (de juros elevados)”, afirmou.

Aumentar as vendas por meio do pix e reduzir o prazo médio das compras sem juros são algumas das muitas práticas que a empresa adotou para enfrentar esse cenário, acrescenta a companhia.

A receita líquida da Magazine Luiza no segundo trimestre de 2024 foi de R$ 9,01 bilhões, uma alta de 5,1%. As vendas totais alcançaram R$ 15 bilhões no período, com um crescimento de 4% em bases anuais.

As lojas físicas venderam R$ 5 bilhões no trimestre, um aumento de 14% em relação ao mesmo período em 2023. Nas unidades aberta há pelo menos um ano, as vendas avançaram 16%. Esse foi o maior crescimento de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) em quatro anos, segundo a empresa.

No e-commerce, as receitas foram a R$ 10,8 bilhões, com um crescimento tímido de 0,9%. “Crescemos menos porque focamos em aumentar rentabilidade para acelerar crescimento, com margem mais alta”, disse o CFO.

O marketplace respondeu por 40% das vendas, atingindo R$ 4 bilhões, com alta anual de 4%, e atingindo 359 mil vendedores. A receita de serviços, associadas às comissões do marketplace cresceram 11,2%, ultrapassando R$ 1 bilhão.

“Conseguimos aumentar margem bruta e crescer vendas ao mesmo tempo, o que é super difícil no varejo”, explica Rodrigues.

A empresa informou ainda que a geração de caixa operacional atingiu R$ 2,2 bilhões nos últimos 12 meses, praticamente triplicando o total registrado no ano anterior, como consequência do melhor desempenho operacional e evolução do capital de giro – que apresentou uma melhora de R$ 1 bilhão em relação ao segundo trimestre de 2023.

“Melhoramos nosso capital de giro com redução de estoques, aumento de fornecedores e saldo de imposto”, explica o CFO.

A empresa encerrou o mês de junho com uma posição de caixa total de mais de R$ 6,5 bilhões. No trimestre, a varejista realizou o pagamento de R$ 2,1 bilhões em dívidas, zerando débitos de curto prazo. Com isso, o caixa líquido ao término do trimestre alcançou R$ 2 bilhões.

Os resultados da Magazine Luiza (BOV:MGLU3) referente suas operações do segundo trimestre de 2024 foram divulgados no dia 08/08/2024.

VISÃO DO MERCADO

Depois de uma reação bastante positiva aos números do Grupo Casas Bahia, foi a vez do Magazine Luiza divulgar seus resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) na noite da última quinta-feira (8).

Os números do Magalu também foram vistos como positivos, com as ações subindo 4,70%, a R$ 13,13, às 10h19 (horário de Brasília). Nas palavras da XP, foram sólidos resultados, “com um desempenho ainda moderado, mas receita acelerando e rentabilidade melhor, em cima de ajustes de preços e maior penetração de serviços”.

A XP aponta que os executivos destacaram que a melhora na lucratividade permite que a Magalu acelere o lançamento de novos negócios e novas iniciativas e a empresa teve 11 fechamentos de lojas no trimestre (-34 nos últimos doze meses).

O Bradesco BBI classifica os resultados como mais saudáveis e acima do esperado, mostrando melhor lucratividade e fluxos de caixa, embora ainda com tendências suaves na linha de receita, principalmente no canal online (aumento anual de 0,9%). As vendas líquidas cresceram 5,1% no 2T24 (amplamente em linha com o esperado), enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou 5,0% acima da estimativa de R$ 711 milhões, impulsionado principalmente pela sólida expansão da margem bruta (aumento anual de 2,1 pp) e sólida melhoria nos resultados da LuizaCred (aumento anual de R$ 137 milhões).

“Temos destacado nos últimos trimestres que as principais métricas do Magalu a serem observadas são margens e geração de fluxo de caixa, que melhoraram adequadamente e estavam em boa forma no 2T24. É verdade que a base anual de comparação ainda é fraca, mas o Magalu conseguiu reduzir uma perda anual de EBT em aproximadamente R$ 400 milhões para -R$ 14 milhões no 2T24, principalmente apoiada por sua margem Ebitda ajustada que continua melhorando sequencialmente (aumento trimestral de 0,5pp, para 7,9%). Mais importante, a dívida líquida (incluindo desconto de recebíveis) melhorou sequencialmente em R$ 562 milhões no trimestre, o que é naturalmente uma boa indicação”, avalia o BBI.

Assim, o banco acredita que os resultados do 2T24 ajudam a empresa a solidificar seu caminho em direção a um nível de resultado final positivo sustentável à frente (esperando que o EBT se torne positivo a partir do 3T24 em diante). A consistência continua sendo a chave e o BBI diz estar ansioso para ver o quão rápido a relação entre GMV e receita da Magalu pode se recuperar, enquanto a margem Ebitda melhora e as despesas financeiras diminuem, descomprimindo gradualmente o EBT.

“No entanto, considerando que MGLU3 negocia a 22 vezes o múltiplo P/L (preço sobre lucro) esperado para 2025, ainda preferimos manter nosso preço-alvo de R$ 17 e uma recomendação neutra”, aponta.

Lojas físicas como destaque?

A Genial também ressalta que foi um forte resultado, vendo uma considerável evolução nas vendas de lojas físicas (+3,5% da projeção da casa) e na rentabilidade – principalmente em margem bruta (consolidado em 30,9% versus estimado em 30,4%).

Ressaltando que não houve abertura de lojas e que a redução da metragem de vendas impacta negativamente o crescimento da receita, a companhia acelera as vendas desse canal em duplo dígito e emplaca um bom índice de vendas nas mesmas lojas.

“O mais incrível é que as vendas em lojas físicas estão acontecendo em um mesmo momento em que a carteira de crédito da Luizacred recua 3,6% anualmente e 1,2% trimestralmente. Há algum tempo já discutíamos a possibilidade de Magalu estar ganhando a fatia perdida pelo Grupo Casas Bahia nesse canal – dado o forte fechamento de lojas do grupo (-56 unidades nos últimos doze meses)”, apontam os analistas.

Assim, avalia a Genial, performance de lojas físicas é ‘monstruosa’ – “no bom sentido do jargão”, pontua. Os analistas veem como surpreendente que o Magalu tenha crescido esse canal mesmo em um cenário onde o Grupo Casas Bahia começa a “soltar o pé do freio” na carteira de crédito (a qual cresceu +4,2% ano a ano nesse 2º trimestre).

Por outro lado, dois pontos chamaram a atenção da Genial de forma negativa nesse trimestre: (i) apesar de uma evolução sequencial, a necessidade de capital de giro ainda parece alta, o que acaba pressionando o fluxo de caixa operacional do período; (ii) uma nova provisão de R$ 204 milhões relativa ao ICMS-DIFAL foi feita nesse trimestre – a Genial que este já era um assunto encerrado no 4º trimestre de 2023, quando a companhia já havia provisionado R$ 374 milhões.

O banco segue com recomendação de compra para os papéis e preço-alvo de doze meses de R$ 19,50 – o que implica em um potencial upside de 56% em relação ao fechamento do último pregão.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters
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