O grupo francês CMA CGM chegou a um acordo para comprar participação de um grupo de fundos, liderados por Opportunity, na Santos Brasil.

O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:STBP3) nesta segunda-feira (23).

O valor da operação é de R$ 6,33 bilhões, e considera o preço da ação a R$ 15,30, um prêmio em relação à cotação de fechamento de sexta-feira, 20, de R$ 12,71.

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O contrato entre as partes estabelece que o grupo CMA CGM deve fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) aos demais acionistas no mesmo preço oferecido ao Opportunity.

Dessa forma, se todos os acionistas aderirem, a CMA vai desembolsar mais R$ 6,33 bilhões na transação.

O grupo CMA é líder global em soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas, e tem sede em Marselha, na França.

Como a terceira maior empresa de transporte marítimos de contêineres do mundo em termos de capacidade e um dos cinco maiores players globais de logística, a CMA opera em 160 países. A companhia também é uma das principais operadoras globais de terminais multiuso, com investimentos em aproximadamente em 60 terminais ao redor do mundo.

  • S&P diz que compra da Santos Brasil não traz riscos para métricas de crédito da CMA CGM

A S&P Global Ratings avalia que a CMA CGM tem fôlego em suas contas para comprar a Santos Brasil sem criar efeitos negativos em suas métricas de crédito e a aquisição ajudaria a empresa em sua estratégia de diversificação de ativos, informa o Valor.

A agência aponta que a razão entre fluxo de caixa operacional e dívida da companhia francesa permanecerá entre 44% e 55%, em linha com a nota de crédito atual em BB+. A conclusão é baseada na expectativa de que a CMA CGM continuará se beneficiando dos altos níveis tarifários e terá resultados acima do esperado no ano.

Para a S&P, a aquisição é consistente com a busca por menor volatilidade em seus resultados, diversificando os negócios do seu principal ramo de embarcações marítimas. Além disso, a agência destaca as sinergias que as operações da Santos Brasil têm com os negócios da CMA CGM na operadora de navios Marcosul Line e com a operadora de logística Ceva, ambas com presença relevante no país.

VISÃO DO MERCADO

A XP Investimentos vê a transação como positiva para os acionistas da STBP3 com base nos seguintes pontos: (i) foi oferecido um prêmio em relação ao último fechamento; e (ii) os direitos de tag along (mecanismo legal que protege minoritários quando há uma mudança no controle acionário) dos acionistas minoritários foram confirmados, com o compromisso da CMA CGM de lançar uma oferta pública de aquisição de todas as ações remanescentes (ao mesmo preço e condição oferecidos ao vendedor).

O fechamento da transação depende de condições precedentes habituais, incluindo a aprovação do CADE (antitruste) e da ANTAQ (órgão regulador).

O Bradesco BBI aponta que a CMA CGM está pagando um múltiplo de aquisição de 10,5 vezes o múltiplo EV (valor da empresa)/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) dos últimos 12 meses, que, na opinião do banco, também poderia ter uma leitura cruzada para as negociações de fusões e aquisições envolvendo o bloco de controle da Wilson Sons.

Esse múltiplo de aquisição de 10,5 vezes o EV/Ebitda para terminais de contêineres está em linha com o utilizado em seu modelo SOTP (soma de todas as partes) para a Wilson Sons, que resultou em um preço-alvo de R$ 24,00. O banco mantém as recomendações para Santos Brasil (neutra, com preço-alvo de R$ 15) e Wilson Sons (com compra e preço-alvo de R$ 24)

Para a Guide, o impacto para a Santos Brasil é positivo. Na avaliação dos analistas, o Grupo CMA trará expertise no segmento para melhor gerenciar a companhia, além do prêmio a ser pago. Assim, os acionistas também terão a oportunidade de vender sua participação para a CMA nas mesmas condições dessa oferta.

O JPMorgan ressalta que o compromisso da CMA CGM de prosseguir com uma oferta pública de aquisição de todas as ações restantes pelo mesmo preço e condições oferecidas à Opportunity remove um possível overhang (excesso de ações, que pressionaria os papéis).

O banco lembra que, quando as primeiras notícias de uma potencial M&A com empresas de transporte marítimo surgiram em 2023, a principal dúvida era se acionaria direitos de tag along, dado que a participação de 48% não concedia automaticamente o status de controle à Opportunity de acordo com a lei brasileira.

“Em nossa visão, o momento e o comprador de alguma forma são uma surpresa, pois a história de M&A perdeu força nos últimos meses e o mercado inicialmente esperava que a Maersk ou MSC adquirissem a Santos Brasil”, avalia o JPMorgan, que permanece overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para o STBP3.

Também na visão do BTG Pactual, a entrada da CMA no mercado de contêineres de Santos deve alterar a dinâmica de mercado na região, tendo em vista que Maersk e MSC eram especulados como prováveis licitantes pela Santos Brasil, especialmente porque já operam na área.

“No entanto, o fato de que ambos operam conjuntamente o terminal BTP poderia ter criado problemas antitruste para a aprovação de uma potencial oferta pela Santos. Como a CMA é um novo player sem capacidade atual de terminal portuário em Santos, esperamos que não haja grandes obstáculos antitruste”, aponta o banco.

Com a oferta da CMA atualmente em consideração pelo conselho da Santos Brasil, a única maneira para outras companhias de navegação se envolverem nas negociações seria apresentando uma oferta melhor.

SANTOS BRASIL ON (BOV:STBP3)
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