A SLC Agrícola anunciou a aquisição de 47.822 hectares de terras
na Bahia e em Minas Gerais por R$ 913 milhões. A compra ocorre um
dia após a teleconferência de resultados, na qual o diretor
financeiro, Ivo Brum, afirmou que a companhia mantém alavancagem
sob controle e vê espaço para continuar crescendo caso surjam
oportunidades estratégicas.
O comunicado foi feito pela companhia (BOV:SLCE3) na sexta-feira
(14).
Em São Desidério (BA), a empresa adquiriu 39.987 hectares da
Fazenda Paladino, atualmente arrendados pela SLC-MIT, subsidiária
da companhia. O valor da transação foi de R$ 723 milhões,
correspondendo a R$ 32.876 por hectare agricultável. O pagamento
será dividido em duas parcelas de R$ 361,5 milhões, sem correção
monetária, com a segunda prevista para março de 2026.
Na Fazenda Pamplona, em Unaí (MG), foram adquiridos 7.835
hectares por R$ 190 milhões, ao preço de R$ 36.176 por hectare
agricultável. Deste total, apenas 502 hectares não eram previamente
operados pela companhia através de arrendamento. A compra inclui
também infraestrutura como silos, alojamentos, sede administrativa
e armazéns, além de 647,6 hectares de área irrigada.
A aquisição se insere na estratégia de crescimento da SLC, que
já havia expandido sua área plantada em 60 mil hectares para a
safra 2024/25, chegando a 731 mil hectares, e recentemente adquiriu
a Sierentz Agro Brasil por US$ 135 milhões. Durante a
teleconferência realizada ontem, Brum destacou que a dívida da
empresa está em “nível confortável”, bem inferior aos R$ 11 bilhões
que a companhia possui em terras.
“Nossa dívida está em um nível confortável, bem inferior aos R$
11 bilhões que possuímos em terras, um ativo que sempre nos
suporta, se necessário”, disse Brum na teleconferência. A empresa
fechou 2024 com dívida líquida de R$ 3,648 bilhões e uma relação
Dívida Líquida/Ebitda de 1,8 vezes, abaixo do limite de duas vezes
recomendado pelo conselho.
O movimento ocorre após a companhia registrar uma queda de 48,6%
no lucro líquido em 2024, totalizando R$ 481,723 milhões, impactado
principalmente pela redução de 17% na produtividade da soja devido
a problemas climáticos. Apesar disso, o CEO Aurélio Pavinato
afirmou em entrevista recente que a produtividade da soja atual
está sendo “a melhor da história”, o que deve contribuir para
melhores resultados em 2025.
A empresa também tem avançado em sua estratégia de
diversificação, com crescimento de 39% nas vendas de sementes para
terceiros em 2024. O segmento registrou um Ebitda de R$ 106,2
milhões no ano passado, com margem de 14,4% e lucro líquido de R$
54 milhões.
Adicionalmente, a SLC Agrícola informou durante a
teleconferência que está com seu planejamento de compra de insumos
para a safra 2025/26 mais adiantado do que no mesmo período do ano
passado, já tendo adquirido potássio, fósforo e sulfato de amônio,
faltando apenas a ureia. Essa antecipação deve contribuir para uma
redução nos custos de produção.
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(BOV:SLCE3) tem:
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💲 Cotação no momento: SLC Agrícola -3,76%, negociada a
R$ 17,92
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VISÃO DO MERCADO
A SLC Agrícola anunciou um contrato com a Agrícola Xingu para
adquirir aproximadamente 40 mil hectares na Bahia por R$ 723
milhões, além de cerca de 8 mil hectares (ha) em Minas Gerais por
R$ 190 milhões (totalizando R$ 913 milhões), o que representa R$
32,9 e R$ 36,2 por hectare arável, respectivamente. Na sessão após
a notícia, nesta segunda-feira (17), a ação da companhia caía
3,76%, a R$ 17,92.
Vale lembrar que a companhia já opera em ambas as fazendas, mas
agora está em transição de um modelo de negócio de área arrendada
para uma área própria nessas áreas. Como resultado, o Itaú BBA não
é espera nenhum aumento significativo na área plantada ou na
contribuição do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização) da companhia.
O BBA avalia o negócio como um passo positivo na estratégia de
longo prazo da SLC para expandir sua área arável enquanto maximiza
o valor do acionista. Na visão do banco, a valorização da terra
foi, e continua sendo, uma das suposições que sustentam a tese de
investimento da SLC. No entanto, as compras de terras geralmente
vêm com uma proposta de criação de valor que leva tempo para ser
totalmente incorporada à história de capital, potencialmente
levando a uma reação negativa das ações no curto prazo.
O Itaú BBA reiterou recomendação outperform (desempenho acima da
média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 25.
Já o Bradesco BBI destaca que as aquisições abaixo dos preços de
mercado foram o principal mérito da operação. Incluindo a
infraestrutura das fazendas, os R$ 32,9 mil e R$ 36,2 mil que a SLC
está pagando por hectare agricultável nas fazendas Paladino (BA) e
Pamplona (MG) estão 43% e 37% abaixo da média do portfólio da SLC,
e “esta última está indiscutivelmente com um desconto ainda maior
para as terras agrícolas da região”.
Segundo o BBI, a propriedade da terra também pode desbloquear
investimentos adicionais em irrigação, expandindo assim as áreas de
2ª safra, rendimentos e futuras avaliações de terras agrícolas.
Ainda assim, mesmo a preços atraentes, as aquisições de terras são
investimentos de longo prazo. Como a SLC não está disposta a se
desfazer de fazendas e já opera a maioria das áreas do Xingu, o
benefício imediato para a empresa será na forma de menores despesas
de arrendamento.
Assumindo um custo médio de arrendamento em cerca de 13 sacas de
soja/hectare arável para essas fazendas, e preços da soja ao redor
de R$ 120 por saca, a redução nas despesas de arrendamento soma R$
42 milhões por ano, o que representa um longo retorno sobre o
investimento total de R$ 913 milhões, mesmo que os preços da soja
possam se recuperar a partir daqui,e os rendimentos e as áreas
potenciais de 2ª safra devem crescer ao longo dos anos.
O BBI manteve recomendação market perform (desempenho igual a
média do mercado, equivalente à neutro) e preço-alvo de R$ 22.
A Genial Investimentos, por sua vez, avalia que o pagamento
representa do 11% do market cap (valor de mercado) por incremento
de 6,5% de hectares no portfólio de terras, ampliando terras
próprias (contrário a tese de “asset light”).
Para a Genial, o destaque fica para a expansão na Bahia, região
estratégica para algodão.
Por outro lado, a corretora disse ser incerto presumir se o
timing de concretização foi o mais adequado visto que o incremento
de rentabilidade pode não ocorrer no primeiro semestre de 2025
(1S25).
A Genial manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$
22.
O BTG pontua que a aquisição resultará em praticamente nenhuma
expansão da área plantada — apenas 500 hectares não estavam sob o
controle da empresa.
Após a compra da Sierentz ter adicionado mais 100 mil ha ao
portfólio de terras arrendadas, elevando sua participação para 67%
da área total da empresa, o BTG avalia como natural esperar que a
SLC eventualmente retomasse a estratégia de aquisição de terras
próprias – um ponto que a companhia já havia sinalizado em sua
última conferência.
“Dessa forma, nossa percepção é que a SLC encontrou uma
oportunidade para reequilibrar sua participação de terras próprias
dentro do portfólio em um momento de estagnação nos preços de
terras e commodities”, comenta o BTG.

Informações Broadcast
SLC AGRICOLA ON (BOV:SLCE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Fev 2025 até Mar 2025
SLC AGRICOLA ON (BOV:SLCE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Mar 2025