Dólar atinge o menor valor do ano no primeiro pregão de Abril

O dólar voltou a cair consistentemente no primeiro pregão de abril, sendo negociado no menor valor do ano. Em 2016, a moeda norte-americana já perdeu cerca de trinta e oito centavos de seu valor, na comparação com o último preço negociado no ano anterior. A nova queda da divisa dos Estados Unidos nesta sessão pode ser atribuída à deflagração de mais uma fase da Operação Lava Jato – a vigésima sétima. O Banco Central também ajudou com a nova desvalorização do dólar, voltando a promover mais um leilão de rolagem de swaps tradicionais, além de deixar de ofertar swaps reversos ao mercado.

Em 2016, após sessenta e dois pregões, o dólar acumula uma queda de 9,76% ante o real. São vinte e sete pregões de alta contra trinta e cinco de baixa. No ano passado, a divisa dos Estados Unidos fechou cotada a R$ 3,9470 para compra e a R$ 3,9480 para venda.

No mês março, após vinte e dois pregões, a moeda norte-americana acumulou uma desvalorização de 10,17%. Foram quinze pregões de baixa contra sete de alta. No último pregão de fevereiro, o dólar fechara cotado a R$ 4,0012 para compra e a R$ 4,0035 para venda.

Dólar Hoje

O dólar caiu 0,93% ante o real nesta sexta-feira, 01 de abril de 2016, negociado a R$ 3,5603 para compra e a R$ 3,5627 para venda. Ao longo do dia, a cotação da moeda norte-americana oscilou entre R$ 3,5403 (valor mínimo) e R$ 3,6177 (valor máximo).

Cenário Internacional

No cenário externo, os investidores continuaram atentos aos dados sobre a economia dos Estados Unidos.

Nesta manhã, o governo norte-americano divulgou que a criação de empregos fora do setor agrícola gerou 215 mil vagas em março. Além disso, houve um aumento no salário, o que sugere um fortalecimento da economia do país.

Com isso, aumenta-se a probabilidade do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, elevar a taxa  básica de juros dos Estados Unidos ainda neste ano.

Juros mais altos nos EUA tendem a atrair recursos atualmente investidos em ativos de países emergentes, como o Brasil.

Cenário Nacional

No cenário local, os investidores continuaram de olho no cenário político. O dólar vem caindo nas últimas semanas conforme cresceram as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Muitos investidores apostam que eventual troca de governo poderia ajudar a resgatar a confiança no país, mas alguns ponderam que a instabilidade política tende a agravar as incertezas.

Pela manhã, a Polícia Federal deflagrou a vigésima-sétima fase da Operação Lava Jato, que culminou com a prisão do ex-secretário do PT Silvio Pereira e do empresário de Santo André Ronan Maria Pinto.

Banco Central

O Banco Central (BC) sinalizou que deve promover, ao longo de abril, a rolagem de apenas cerca de metade do lote de swaps tradicionais com vencimento em maio, ou seja, menos do que a quantidade de contratos repostos no mês anterior.

Por meio dos contratos de swap cambial, o BC realiza uma operação financeira que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta dessa moeda. Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento desses contratos, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período. Esses contratos servem também para proteger os agentes que têm dívida em moeda estrangeira – neste caso, quando o dólar sobe, eles recebem do BC o valor dessa variação.

Até a primeira metade de março, o BC vendia diariamente 9,6 mil contratos de swaps tradicionais, com o objetivo de rolar para o mês seguinte a data de vencimento do lote integral desses contratos, equivalentes a US$ 10,092 bilhões. Com a queda recente nos preços do dólar negociado no mercado de câmbio brasileiro, o BC passou a reduzir a oferta diária de swaps tradicionais. Com isso, em março, a autoridade monetária rolou apenas 67% do lote integral inicial.

Já nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de 5,5 mil contratos no primeiro leilão de rolagem do mês, repondo cerca de 3% do lote do próximo mês, equivalente a US$ 10,385 bilhões.

Além disso, o BC também deixou de promover seu leilão de swap reverso nesta sessão. A oferta de contratos de swap cambial reverso equivale à compra de dólares no mercado futuro. Este instrumento de intervenção, que não era utilizado pela autoridade monetária brasileira há três anos, voltou a ser utilizado na segunda metade de março, quando a cotação do dólar voltou a cair com mais força. Foi um sinal claro de que BC não está confortável com uma queda maior da moeda norte-americana do que a ocorrida no mês anterior.

Os investidores acreditam que o BC teria como objetivo evitar cotações muito baixas do dólar, de forma a proteger as exportações em um momento de recessão econômica.

Variação da Cotação do Dólar Comercial em 01 de Abril de 2016