http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/623/artigo151488-1.htm
Como a Ampla desatou esse nó
A concessionária deu cursos e até geladeira de graça para acabar com um problema crônico no Rio de Janeiro: o desvio de energia elétrica
ROSENILDO GOMES FERREIRA
Na favela da Rocinha, no Rio, uma boa amostra dos problemas que desafiam as empresas de energia elétrica
A Ampla Energia e Serviços fechou 2008 com receita líquida de R$ 2,45 bilhões e lucro recorde de R$ 281,3 milhões. Um quadro bastante diferente do registrado em 2003, quando a concessionária de energia elétrica, que ...
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/623/artigo151488-1.htm
Como a Ampla desatou esse nó
A concessionária deu cursos e até geladeira de graça para acabar com um problema crônico no Rio de Janeiro: o desvio de energia elétrica
ROSENILDO GOMES FERREIRA
Na favela da Rocinha, no Rio, uma boa amostra dos problemas que desafiam as empresas de energia elétrica
A Ampla Energia e Serviços fechou 2008 com receita líquida de R$ 2,45 bilhões e lucro recorde de R$ 281,3 milhões. Um quadro bastante diferente do registrado em 2003, quando a concessionária de energia elétrica, que atua no interior do rio de Janeiro, amargou prejuízo de R$ 75 milhões para um faturamento líquido de R$ 1,5 bilhão. Neste período, a empresa controlada pela espanhola Endesa passou por uma espécie de curto-circuito. As transformações incluíram o modelo de gestão, a relação com os clientes e a mudança da razão social. A questão que se colocava era a seguinte: como cortar o fornecimento de inadimplentes ou processar os autores de ligações clandestinas, os chamados gatos, em favelas e conjuntos habitacionais dominados por criminosos? "As pesquisas indicaram que, por uma questão cultural, a população considera o furto de energia uma contravenção menor", destaca Cristián Fierro, presidente da Ampla Energia. "E essa tese era partilhada tanto por pessoas humildes quanto por donos de companhias de grande porte", completa. Diante de uma realidade na qual as perdas chegavam até 60%, a Ampla Energia resolveu defender o consumo sustentável.
Nas áreas carentes a empresa lançou programas sociais e educacionais nos quais serão gastos R$ 24 milhões neste ano. Boa parte será usada na promoção de palestras de conscientização e cursos profissionalizantes, destinados a incrementar a renda local. No âmbito do programa de Conservação de Energia a empresa já distribuiu 3.570 geladeiras e 125 mil lâmpadas fluorescentes compactas. Seus técnicos também trocaram a fiação de 16 mil residências. Mudanças tópicas mas que tiveram a capacidade de reduzir em até 40% a conta de luz dos beneficiados. Com isso, a companhia tem conseguido aumentar o número de consumidores legais. Apenas no primeiro semestre deste ano foram 91.599 novos usuários. No âmbito corporativo foi criada uma divisão de consultoria para vender serviços e produtos para clientes industriais e comerciais. Essa atividade já colabora com cerca de 10% das receitas da distribuidora. Para o setor público (prefeituras, por exemplo), a Ampla Energia adotou uma postura mais ortodoxa. Renegociou o débito e, nos casos de reincidência, simplesmente mandou cortar o fornecimento.
A Ampla Energia também fez a lição de casa. As mudanças foram profundas e consumiram R$ 550 milhões, desde 2003. Agora, ela colhe os resultados. A Standard & Poors divulgou recentemente um relatório indicando que poderá elevar a nota da Ampla Energia. Hoje, ela está em brA+, idêntica à da Eletropaulo. "Apesar da crise global, a Ampla Energia conseguiu evoluir em indicadores importantes", destaca o analista Marcelo Costa, responsável pela área de Infra-estrutura da Standard & Poors. Além disso, os espanhóis apostaram na prata da casa, incentivando a criatividade dos funcionários. Apenas em 2008 o comitê de inovação recebeu 244 projetos. O mais importante deles é o chip de medição de consumo. Dispositivo, lançado em 2005, transformou o medidor em uma central de dados que detecta a instalação de gatos, por exemplo. Com isso a operadora e o cliente podem acompanhar a evolução do consumo a cada instante. Mesmo assim, Fierro diz que ainda há muito por fazer. A Ampla Energia possui um índice de furto de energia de 20% do total distribuído, oito pontos percentuais acima da média do setor. Um prejuízo de R$ 250 milhões que ele está disposto a riscar da planilha.
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