Neoenergia quer dobrar parque gerador até final de 2007
Estratégia inclui aquisição de novas outorgas em leilões de energia nova. Preferência da empresa é por hidrelétricas e PCHs
Fábio Couto, da Agência CanalEnergia, Em Foco
21/03/2006
A Neoenergia estabeleceu como meta dobrar a capacidade instalada, hoje de aproximadamente 1 mil MW, até o final de 2007. Segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da holding, Erik da Costa Breyer, a estratégia envolve a aquisição de novas concessões em leilões de energia nova. A preferência, segundo o executivo, é por h...
Neoenergia quer dobrar parque gerador até final de 2007
Estratégia inclui aquisição de novas outorgas em leilões de energia nova. Preferência da empresa é por hidrelétricas e PCHs
Fábio Couto, da Agência CanalEnergia, Em Foco
21/03/2006
A Neoenergia estabeleceu como meta dobrar a capacidade instalada, hoje de aproximadamente 1 mil MW, até o final de 2007. Segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da holding, Erik da Costa Breyer, a estratégia envolve a aquisição de novas concessões em leilões de energia nova. A preferência, segundo o executivo, é por hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas. "Nossa estratégia tem como objetivo a criação de valor", contou Breyer.
A empresa deu o primeiro passo no final do ano passado, ao arrematar a usina de Baguari (MG, 140 MW), em consórcio com Furnas e Cemig. O início das obras está previsto para março de 2007. A participação da Neoenergia na usina é de 51%, enquanto a estatal mineira tem 34% e a estatal federal 15%. A companhia começará neste ano as obras das PCHs Goiandira (GO, 27 MW) e Nova Aurora (MG, 21 MW), além de prosseguir com a implantação da termelétrica Termoaçu - que foi iniciada em 2000, paralisada em abril de 2003 e retomada em outubro de 2005, após acordo com a Petrobras, que permitiu renegociação da dívida.
Esse acordo, cujo termo de compromisso foi assinado em outubro de 2004, resultou na formação de sociedade na qual a Petrobras tem 80% de participação na usina, ficando os outros 20% com a Neoenergia. A térmica tem capacidade inicial de 340 MW, chegando a 500 MW com a instalação do ciclo combinado. O investimento no projeto está estimado em US$ 300 milhões.
Na carteira de geração, contou Breyer, estão ainda as usinas Termopernambuco (PE, 520 MW) e Itapebi (BA, 450 MW), além das PCHs Alto Fêmeas, de 10 MW, e Correntina, de 8 MW. As duas últimas, disse, estão sob o guarda-chuva da Afluente Energia, surgida com o processo de desverticalização das distribuidoras do grupo - Coelba (BA), Cosern (RN) e Celpe (PE).
Com relação às distribuidoras, Breyer destacou que as três empresas tiveram bom momento no ano passado, com a recuperação de perdas comerciais e técnicas, a redução da inadimplência e a marca de 427 mil novas ligações, o que corresponde a 7,3 milhões de novos consumidores. "Isso equivale a uma nova Cosern ligada por ano", comparou.
Essas, entre outras ações, levaram as distribuidoras da Neoenergia a registrar crescimento médio de mercado de 5,07% e a ajudar a holding a alcançar um lucro líquido consolidado de R$ 822 milhões no ano passado, valor 333% acima do registrado em 2004. As três distribuidoras negociaram em 2005 o total de 21.285 GWh.
Para reduzir as perdas comerciais, Breyer contou que uma das iniciativas da Coelba foi a implantação da Caixa Forte, uma espécie de blindagem em relógios e barramentos coletivos, aliada a uma inspeção periódica que permitiu reduzir o furto de energia. Segundo ele, a medida foi considerada um sucesso e será implantada na Cosern e Celpe. Além disso, a empresa investiu em campanhas intensas na mídia local e em convênios com órgãos especializados na repressão a crimes contra a administração e serviços públicos.
No quesito inadimplência, Breyer salientou que as ações junto aos consumidores permitiram recuperação do crédito em 68% na Coelba, 55% na Celpe e 12% na Cosern, onde o trabalho de intensificação de ações está na fase inicial. Porém, segundo ele, os números poderiam ser melhores, em especial na Celpe, caso não tivesse ocorrido o episódio das liminares que restringiram o reajuste tarifário das companhias, o que, de acordo com ele, interferiu no trabalho de recuperação de crédito.
O executivo contou que as liminares contra a aplicação dos percentuais integrais de reajustes, por parte de Celpe e Cosern, foram cassadas no Superior Tribunal de Justiça, que também indeferiu recurso do Ministério Público a favor da manutenção das liminares. Em maio do ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou o índice de 32,54% nas tarifas da Celpe, no âmbito da revisão tarifária periódica.
Na ocasião, a Aneel decidiu pela aplicação de 24,43%, com o diferimento de 8,11% ao longo dos três anos seguintes, para atender ao critério da modicidade tarifária. Porém, a decisão judicial limitou o reajuste em 7,43%. No caso da Cosern, o reajuste médio autorizado pela Aneel em abril do ano passado foi de 19,58%, porém a Justiça Federal fixou o aumento em 11,13%.
Segundo Breyer, com o fim do efeito das liminares que retringiram o aumento, as distribuidoras puderam cobrar dos consumidores o percentual integral. O retroativo, acrescentou, fica para depois, uma vez que ainda existe outra liminar restringindo a cobrança retroativa.
Sobre a transmissão, Breyer disse ainda que os planos da holding passam pela ampliação das linhas, também via aquisição de novos empreendimentos em leilões. Esse plano, frisou, também passa pela idéia de agregar valor, em curso na companhia. Os novos ativos, ressaltou, não precisam ser necessariamente no Nordeste.
O diretor salientou, porém, que a Cteep não está nos planos da Neoenergia. "É um excelente ativo, mas o investimento a ser feito não trará o retorno esperado para nós", afirmou. Já as cinco LTs da Schahin feitas em parceria com a Alusa ainda estão sendo analisadas pela empresa.
Plano Financeiro - A falta de liquidez, a elevada quantidade de pendências regulatórias e a baixa margem de lucro, verificadas ao final de 2003, fizeram parte do passado com a reestruturação financeira da holding, que ainda se chamava Guaraniana. Entre as ações que ajudaram a sanear as finanças e repactuar a dívida está a emissão de debêntures pelas distribuidoras e pela Termope. A saída possibilitou reverter um quadro em 2003 no qual 59% do endividamento consolidado de R$ 4,058 bilhões era de curto prazo. No final de 2005, apenas 10% do passivo consolidado de R$ 4,433 bilhões vencia no curto prazo.
Breyer salientou que a Neoenergia não está planejando novas emissões no momento, mas não descartou recorrer a operações no futuro. "Estamos monitorando o mercado, em busca de oportunidades. Quando existir algo vantajoso, recorreremos", afirmou. Com relação ao lançamento de papéis na Bolsa de Valores, o executivo afirmou que a Neoenergia teve sua estrutura societária formatada visando outros níveis de governança corporativa, mas que não há decisão próxima sobre uma oferta pública inicial de ações. "A decisão de um IPO está nas mãos dos acionistas", salientou. Segundo Breyer, a meta é viabilizar novas fontes de financiamento para a expansão das atividades das subsidiárias.
O plano de investimento da Celpe entre os anos de 2006 e 2008 é de R$ 344 milhões. Desse montante, disse, 70% será financiado, sendo R$ 65 milhões pelo Banco do Nordeste do Brasil e os outros R$ 175,8 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Na Cosern, o plano envolve a aplicação de R$ 46,144 milhões este ano, sendo que 70% deste valor será financiado pelo BNDES. Condição semelhante ocorre na Coelba, onde o programa prevê investimento de R$ 201 milhões em 2006.
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