Engie: porque os analistas não gostaram da venda de 15% de sua participação no gasoduto TAG?
02 Janeiro 2024 - 2:09PM
ADVFN News
A Engie Brasil anunciou a venda de 15% de sua participação no
gasoduto TAG em uma operação de R$ 3,1 bilhões para o fundo de
pensão canadense CDPQ (Caisse Dépot et Placement du Québec), em 29
de dezembro. A companhia ainda detém 17,5% do TAG, dos 32,5%
anteriores enquanto o fundo CDPQ aumentou sua presença no gasoduto
para 50%.
Os papéis da Engie (BOV:EGIE3) caíam 1,90% nesta terça-feira, às
12h14 (horário de Brasília), cotados a R$ 44,49.
A companhia brasileira explicou, em teleconferência, que o
objetivo da transação era levantar capital e gerenciar o nível de
alavancagem, de acordo com o Bradesco BBI e a XP. Segundo a Genial,
os recursos seriam utilizados para expansão da empresa nos negócios
de geração e transmissão.
A operação foi recebida de maneira divergente por analistas. A
análise da XP é que a TAG era um dos ativos considerados mais
interessantes no portfólio da Engie, em especial pelo potencial de
crescimento do negócio de gás natural no Brasil.
“Com a venda, esse ganho potencial será reduzido. O desafio
agora para a Engie é encontrar novos projetos com perfil atrativo
de risco/retorno”, consideram os analistas do Research da XP, que
possuem recomendação “neutra” para o ativo, com preço-alvo em R$
49,00.
Se a visão da divisão de análise do Bradesco é mista, para a
Genial, a transação é má notícia para a Engie, uma vez que
considera que a companhia “vendeu barato” o gasoduto, e motiva o
rebaixamento da recomendação da companhia para “venda”.
Ainda que o BBI considere a taxa interna de retorno (TIR) de 20%
desde a aquisição da participação no gasoduto, em 2019, como
positiva e indicativa de uma alocação de capital prudente, por
outro aspecto, a venda da participação foi vista como “pouco
atraente”.
Na avaliação tanto do BBI quanto da Genial, o valor justo para a
TAG seria superior. Para a corretora, a fatia completa (32,5%) da
participação seria avaliada em R$ 9,2 bilhões e, de acordo com os
termos da transação, teria sido estimada em R$ 6,7 bilhões na
operação.
O BBI considera, com base no fluxo de caixa descontado (DCF),
que o valor adequado seria “ligeiramente superior, em R$ 3,4
bilhões em comparação com o preço de venda de R$3,1 bilhões. A
diferença representa aproximadamente 1% da capitalização de mercado
da Engie, levantando questões sobre a valoração da venda”.
A Genial considera que os múltiplos foram muito baixos e que não
precificaram a grande rentabilidade do ativo, nem consideraram “as
altas margens, contratos de longo prazo, potencial de crescimento e
prêmio de controle”.
“Independente da nossa impressão sobre o evento em si, aos
atuais níveis de preço achamos que a empresa não apresenta
potencial de valorização interessante em relação ao nosso
preço-alvo atual que sequer considera a destruição de valor
implícita em relação a nossa avaliação da fatia que a TAG tem na
empresa”, afirma a Genial.
Em relação à diminuição da alavancagem, a Genial considera que a
relação dívida liquida sobre lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) era
saudável no fechamento do terceiro trimestre de 2023, em 2,1 vezes.
Por isso, a corretora estima que o recurso levantado pela empresa
poderia ser utilizado para pagamento de dividendos ou aquisição de
ativos operacionais de grande porte.
A recomendação da Genial é de venda, com preço-alvo estabelecido
em R$ 42,00 para 2024, com potencial de -7,35% enquanto, para o
BBI, os papéis são considerados “neutro” com estimativa de preço em
R$ 46,00.
Informações Infomoney
ENGIE BRASIL ON (BOV:EGIE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
ENGIE BRASIL ON (BOV:EGIE3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024