A Engie reportou lucro líquido de R$ 948 milhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), montante 6,4% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022, informou a elétrica.

A empresa explica que o acréscimo é consequência da combinação da variação de efeitos não recorrentes com impacto líquido positivo de R$ 143 milhões, redução de R$ 13 milhões do imposto de renda e da contribuição social, considerando as transações recorrentes; aumento de R$ 6 milhões da depreciação e amortização e efeito positivo de R$ 4 milhões do resultado financeiro líquido.

A receita líquida somou R$ 2,711 bilhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 12,6% na comparação com igual etapa de 2022.

O Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado totalizou R$ 1,638 bilhão no 4T23, uma redução de 5,6% em relação ao 4T22. A margem Ebitda ajustada atingiu 60,4% entre outubro e dezembro do ano passado, alta de 4,5 pontos percentuais (p.p.) frente a margem registrada em 4T22.

O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) ajustado foi de 34,9% no 4T23, alta de 2,9 p.p. frente ao ROE do 4T22.

O preço médio de venda de energia, líquido dos encargos sobre a receita e operações de trading, foi de R$ 229,33/MWh no 4T23.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 424 milhões no quarto trimestre de 2023, uma elevação de 0,9% sobre as perdas financeiras da mesma etapa de 2022.

Os investimentos totais da ENGIE Brasil Energia no 4T23 foram de R$ 981 milhões, dos quais:

  • R$ 28 milhões foram aplicados na aquisição de participações societárias, sendo: R$ 20 milhões no incremento da participação do Consórcio Machadinho; e R$ 8 milhões no Conjuntos Fotovoltaico Assú Sol;
  • R$ 868 milhões destinados à construção dos novos projetos, sendo: R$ 657 milhões no Conjunto Eólico Serra do Assuruá; R$ 84 milhões no Conjunto Fotovoltaico Assú Sol; R$ 45 milhões no Conjunto Eólico Santo Agostinho – Fase I; R$ 42 milhões concentrados na Novo Estado Transmissora de Energia; R$ 35 milhões na Gavião Real Transmissora de Energia; e R$ 5 milhões na Asa Branca Transmissora de Energia;
  • R$ 70 milhões designados aos projetos de manutenção e revitalização do parque gerador; e
  • R$ 15 milhões para projetos de modernização das Usinas Hidrelétricas Salto Osório, Jaguara e Miranda.

Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da companhia era de R$ 15,335 bilhões, um recuo de 2,2% na comparação com a mesma etapa de 2022.

O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, ficou em 2,1 vezes em dezembro/23, alta de 0,2 p.p. em relação ao mesmo período de 2022.

Operacional

A quantidade de energia vendida em contratos, líquida de operações de trading, passou de 9.710 GWh (4.398 MW médios) no 4T22 para 8.699 GWh (3.940 MW médios) no 4T23, um decréscimo de 1.011 GWh (458 MW médios), ou 10,4%, entre os períodos comparados. Em 2023, o volume de venda de energia foi de 35.816 GWh (4.088 MW médios), contra 37.932 GWh (4.330 MW médios) registrados em 2022, decréscimo de 2.116 GWh (242 MW médios) ou 5,6%. A redução na quantidade de energia vendida, foi motivada pela redução do volume de venda às distribuidoras, em decorrência da alienação da subsidiária Pampa Sul e pelo menor volume de compras, e consequentemente, menor volume disponível para venda.

Os resultados da Engie Brasil (BOV:EGIE3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 27/02/2024.

Teleconferência

A Engie Brasil Energia enxerga a AES Brasil como um “ativo interessante” e pode avaliar uma eventual aquisição, disse nesta quarta-feira o CEO da companhia, Eduardo Sattamini.

“Interesse em ativos de geração a gente sempre tem… Não estou dizendo que a gente vai entrar, vai fazer ou não fazer… A AES é um ativo interessante, não tenha dúvida, são boas usinas no Sudeste brasileiro, bem posicionadas. Eu acho que, pode ser que dentro desse processo a gente tenha algum interesse”, afirmou o executivo, durante teleconferência de resultados.

A controladora norte-americana da geradora renovável AES Brasil vem avaliando desde o ano passado alternativas para o portfólio no país que podem envolver venda de ativos. Mais recentemente, circularam notícias de que a empresa poderia vender todos os seus ativos e deixar o Brasil.

Em teleconferência de resultados, os executivos da Engie Brasil Energia afirmaram ainda que enxergam “boas oportunidades” para venda de energia em 2024 em meio à melhora do cenário de preços, que começaram a reagir a condições hidrológicas menos favoráveis e maior demanda.

“A gente viu sim essa maior liquidez e esse maior interesse dos consumidores em fechar posições de forma mais consistente. Naturalmente estamos nos posicionando e vendendo energia do nosso portfólio”, disse o diretor financeiro, Eduardo Takamori.

Questionados sobre potencial venda de participação na TAG após a última transação anunciada, o CEO afirmou que a companhia elétrica “não tem interesse nem necessidade” de se desfazer de sua fatia remanescente na transportadora de gás no momento.

Já sobre eventual incorporação da usina hidrelétrica de Jirau pela Engie Brasil Energia, Sattamini reiterou que “em algum momento” isso deverá acontecer, mas ainda depende de uma decisão do controlador da companhia.

“No momento adequado vamos olhar como esse ativo será trazido para dentro do nosso escopo, se vai ser trazido por uma compra financiada pelo próprio controlador, se vai ser através de algum tipo de transação de ações. Não sei, a gente ainda não começou a discutir isso”.

VISÃO DO MERCADO

Citi

Os resultados da Engie Brasil superaram expectativas no quarto trimestre, sustentado pelo desempenho melhor que o esperado dos ativos de geração de energia, diz o Citi.

Os analistas Antonio Junqueira e Guilherme Bosso escrevem que o Ebitda ajustado de R$ 1,58 bilhão superou estimativas de R$ 1,49 bilhão por conta do bom resultado de R$ 1,42 bilhão que teve em geração.

As operações de transmissão tiveram números em linha com o esperado e a TAG teve desempenho abaixo do esperado. O lucro de R$ 948 milhões também foi ajudado por menores despesas financeiras.

O banco afirma que a má notícia foi que os dividendos sobre os resultados de 2023 ficaram contidos a apenas 55% do lucro, abaixo da média dos últimos três anos, por conta dos investimentos que a empresa está fazendo.

O Citi tem recomendação de venda para Engie Brasil, com preço-alvo em R$ 39, valor 6,7% menor que o fechamento de ontem.

BTG

A Engie Brasil teve desempenho satisfatório no quarto trimestre, parcialmente compensada pela venda da participação da TAG, que foi um erro, diz BTG Pactual.

O Ebitda total atingiu R$ 1,68 bilhão, 16% abaixo da estimativa de R$ 1,99 bilhão do BTG, e uma queda de 12% em relação ao ano anterior, principalmente devido a provisões únicas para multas.

O resultado final da TAG foi muito forte, atingindo R$ 667 milhões em comparação aos R$ 592 milhões no quarto trimestre de 2022, graças a menores despesas financeiras e menor amortização de ágio resultante da revisão de sua vida útil.

O Ebitda ajustado da Engie foi de R$ 1,46 bilhão, de acordo com as expectativas e estável em relação ao ano anterior. A venda da Pampa Sul em junho de 2023 foi compensada por menores custos de compra de energia graças às chuvas intensas, crescimento na geração eólica e resultados mais fortes de transmissão devido à energização de Gralha Azul e Novo Estado em fevereiro de 2023.

O segmento de geração de energia entregou R$ 1,3 bilhão em Ebitda ajustado, em linha com as expectativas do BTG, mas 4% menor em relação ao ano anterior devido a volumes de venda mais baixos, devido à venda da Pampa Sul em junho.

Após despesas financeiras líquidas mais altas do que o esperado, com R$ 424 milhões contra os R$ 382 milhões do BTG, o lucro líquido ajustado ficou em R$ 866 milhões, abaixo dos R$ 815 milhões do BTG

A Engie anunciou R$ 995 milhões em dividendos adicionais, ou 2,9% de rendimentos em dividendos, totalizando R$ 1,91 bilhão em dividendos em 2023

O BTG Pactual faz recomendação neutra e tem preço-alvo de R$ 45 por ação da Engie Brasil.

XP

A Engie Brasil reportou resultados do quarto trimestre abaixo das expectativas, impactados por condições operacionais piores que o esperado no trimestre. Tais resultados podem ser explicados por um Ebitda menor que o esperado e pela redução no volume de energia vendida, diz a XP Investimentos.

A empresa reportou um Ebitda ajustado de R$ 1,46 bilhão, 9,4% abaixo da estimativa da XP de R$ 1,62 bilhões.

O volume de energia vendida foi de 3.940 MW médios no quarto trimestre, contra 4.398 MW médios no mesmo período de 2022. Esta redução na energia vendida pode ser atribuída à redução no volume de vendas às distribuidoras, devido à venda da subsidiária Pampa Sul e ao menor volume de compras e, consequentemente, menor volume disponível para venda, avaliam os analistas Vladimir Pinto e Maíra Maldonado.

A dívida líquida atingiu R$ 15,3 bilhões no trimestre, a dívida bruta atingiu R$ 20,6 bilhões e teve posição de caixa de R$ 5,2 bilhões. A relação da dívida líquida por Ebitda ficou em 2,1 vezes.

A Engie reportou uma despesa de capital de R$ 981 milhões, principalmente relacionado aos seus ativos de geração, como os projetos eólicos de Santo Agostinho e Serra do Assuruá e de transmissão, como Novo Estado e Gavião Real.

A Xp mantém sua recomendação neutra para a Engie Brasil, com preço alvo de R$ 46 por ação.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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