A JBS, maior empresa de proteínas animais do mundo, encerrou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 1,646 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 1,453 bilhão registrado em igual período de 2023.

Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 197,3%, para R$ 6,429 bilhões, e a receita líquida consolidada aumentou 2,8%, para R$ 89,147 bilhões. A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) da companhia em reais subiu de 3,13 vezes para 3,7 vezes.

Praticamente todas as unidades de negócios da gigante colaboraram para os avanços observados. A exceção foi a JBS Beef North America, que continua pressionada pelo ciclo desfavorável da pecuária nos Estados Unidos. Mas a própria JBS ressalva que o primeiro trimestre do ano passado foi particularmente difícil, em razão de desequilíbrio entre oferta e demanda, inflação alta em diversos países e custos de insumos elevados. Vale realçar que, neste ano, os negócios de aves e suínos no Brasil e nos EUA estão em geral sendo beneficiados pela queda de custos com grãos, que barateia a alimentação dos animais.

Segundo a empresa, a despesa financeira de sua dívida líquida caiu 1,1% no primeiro trimestre deste ano, para R$ 1,352 bilhão. O fluxo de caixa das atividades operacionais foi de R$ 122 milhões, ante um consumo de caixa operacional de R$ 3 bilhões no mesmo intervalo de 2023. O fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 3,1 bilhões, com melhora de 54%. Já o valor do fluxo de caixa das atividades de investimento alcançou R$ 1,4 bilhão.

“A JBS encerrou o trimestre com R$17,3 bilhões em caixa, e a empresa possui US$ 3,3 bilhões disponíveis em linhas de crédito rotativas, sem garantia real, sendo US$ 2,9 bilhões na JBS USA e US$ 450 milhões na JBS Brasil, equivalentes a R$ 16,6 bilhões pelo câmbio de fechamento do período. Assim, a disponibilidade total da companhia é de R$ 33,9 bilhões”, informou a empresa, em comunicado que acompanha os resultados.

Resultados por divisão

Apesar das adversidades que ainda enfrenta com a oferta apertada de gado nos EUA, a JBS Beef North America continuou a liderar a receita líquida da companhia, com R$ 27,643 bilhões, mesmo patamar do primeiro trimestre do ano passado. Em seguida aparecem a controlada americana Pilgrim’s Pride, cujo foco está em aves e processados, com R$ 21,586 bilhões (valor estável), a JBS Brasil, com R$ 14,234 bilhões (+16,7%), a Seara, com R$ 10,318 bilhões (valor estável), a JBS USA Pork, com R$ 9,462 bilhões (valor estável) e a JBS Australia, com R$ 7,164 bilhões (-1,1%)

O melhor Ebitda ajustado entre janeiro e março foi o da Pilgrim’s Pride, que atingiu R$ 2,48 bilhões, com alta de 77,7% em relação a um ano antes. Na sequência vieram JBS USA Pork, com R$ 1,552 bilhões (+569,8%), Seara, com R$ 1,192 bilhão (+711,1%), JBS Brasil, com R$ 643,3 milhões (+116,9%) e JBS Australia, com R$ 614 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 17,7 milhões no primeiro trimestre de 2023. Já o Ebitda ajustado na JBS Beef North America foi agora negativo em R$ 48,6 milhões, depois de ter sido positivo em R$ 115,8 milhões um ano antes.

Entre as divisões, a JBS USA Pork liderou o ranking das margens Ebitda ajustadas, com 16,4%, seguida por Seara (11,6%), Pilgrim’s (11,5%), JBS Australia (8,6%) e JBS Brasil (4,5%). Na JBS Beef North America, a margem foi levemente negativa (-0,2%) e não evitou que a margem Ebtida ajustada consolidada aumentasse de 2,5%, no primeiro trimestre de 2023, para 7,2% no mesmo intervalo de 2024.

Investimentos

De janeiro a março, sempre conforme a companhia, seu capex totalizou R$ 1,403 bilhão, com queda de 18,1% ante o primeiro trimestre de 2023, graças à redução do capex de expansão e modernização – de 33%, para R$ 634,2 milhões, o capex de manutenção permaneceu estável em R$ 773,1 milhões. Nesta terça-feira, o valor de mercado da JBS alcançou R$ 49,7 bilhões.

Os resultados da JBS (BOV:JBSS3) referente suas operações do primeiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 14/05/2024.

Teleconferência

Ponto fora da curva em um primeiro trimestre de melhora de resultados em praticamente todas as divisões da JBS, os negócios da empresa com bovinos nos Estados Unidos continuam complicados, e a tendência deverá se manter nos próximos meses. Mas os avanços observados em aves e suínos nos EUA e no Brasil deverão ganhar tração, com reflexos positivos em margens e na curva de redução da alavancagem da empresa.

Com a demanda por carnes de frango e suína aquecida e redução de custos, as divisões Seara, JBS USA Pork e Pilgrim’s registraram fortes incrementos em seus lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustados de janeiro a março ante o mesmo período de 2023 – 711,1%, 569,8% e 77,7%, respectivamente. E o cenário positivo que elevou a rentabilidade nas operações com essas proteínas perdura, nos EUA e no Brasil – inclusive com uma nítida migração dos consumidores americanos da carne bovina para as alternativas mais baratas.

“Nossa visão para o frango é positiva. A procura cresceu, nos EUA e em outros mercados. A demanda global está firme, e a oferta está bastante equilibrada”, afirmou Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, em teleconferência com analistas na manhã desta quarta-feira. Em parte, observou, a oferta mais “equilibrada” de frango neste momento decorre de um processo de adoção de novas genéticas por parte dos criadores, que está em curso e exige um certo aprendizado antes de a oferta deslanchar. O mesmo raciocínio vale para a carne suína.

No caso da carne bovina, a JBS vive situações bastante diferentes nos EUA e em Brasil e Austrália. Por aqui, o ciclo da pecuária favorece os frigoríficos e os resultados estão aparecendo na divisão JBS Brasil, cujo Ebitda ajustado cresceu 116,9% no primeiro trimestre. Na Austrália a perspectiva é de avanços, mas no mercado americano a oferta de bois continua baixa e os sinais de virada do ciclo são tímidos. Wesley Filho, presidente global de operações da empresa, disse que, diante da sazonalidade natural do mercado, este segundo trimestre está ainda mais desafiador nos EUA, e que o cenário poderá piorar antes de melhorar. De janeiro a março, o Ebitda ajustado da JBS Beef North America foi negativo em R$ 48,6 milhões.

Como realçaram os executivos da companhia, a força da JBS vem de sua diversificação geográfica e de proteínas, e os resultados operacionais registrados deverão colaborar para uma redução mais expressiva que o previsto na alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) da empresa. A expectativa inicial era que a alavancagem chegasse ao fim deste ano em 3 vezes, mas a tendência, agora, é que o indicador feche 2024 próximo a 2,5 vezes, abrindo mais espaço para o pagamento de dividendos e para investimentos, inclusive em aquisições.

Maior empresa de proteínas animais do mundo, a JBS encerrou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido consolidado de R$ 1,646 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 1,453 bilhão registrado em igual período de 2023. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 197,3%, para R$ 6,429 bilhões, e a receita líquida consolidada aumentou 2,8%, para R$ 89,147 bilhões. O mercado recebeu bem os resultados, e as ações da companhia sobem quase 7,5% no pregão de hoje na B3.

VISÃO DO MERCADO

O frigorífico JBS aparece como a maior alta do Ibovespa na sessão desta quarta-feira (15), com ganhos de 7,87%, a R$ 27,13, às 11h50 (horário de Brasília), com a repercussão dos resultados do primeiro trimestre de 2024 (1T24) da companhia.

A equipe de research do Itaú BBA comenta que a JBS apresentou um trimestre forte no 1T24, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ligeiramente superior as estimativas.

Segundo o BBA, os ganhos em IFRS impulsionaram ainda mais os resultados da JBS, levando a um Ebitda ajustado consolidado quase 25% acima da projeção do banco. “Mesmo após o ajuste por esse efeito contábil, os resultados da JBS ainda ficariam ligeiramente acima da faixa superior do consenso”, destacam analistas.

No geral, as perspectivas de longo prazo da JBS continuam atraentes e sua estrutura de capital é robusta. No entanto, de acordo com BBA, atingir o equilíbrio certo entre as perspectivas mais fracas na divisão de carne bovina dos EUA em comparação com outras empresas que estão ganhando força provavelmente impulsionará o desempenho das ações nos próximos meses. O BBA mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 31.

A Genial Investimentos também avalia que a JBS reportou um trimestre forte, com resultado pouco acima das suas projeções em termos de Receita líquida (1,2% acima das estimativas da Genial), e uma margem Ebitda consideravelmente acima das expectativas (+1,5p.p.), as quais já estavam 0,4p.p. acima do que o mercado projetava. Analistas atribuem a melhora de margem nos segmentos da Seara e US Pork como os dois maiores percursores para um resultado acima do consenso.

Além disso, a Genial vê dinâmicas mais favoráveis do que nos trimestres passados na maioria dos segmentos da companhia, os quais reportaram boas margens e contribuíram para uma recuperação sequencial da rentabilidade no resultado consolidado, com destaque para a Seara.

No entanto, conforme esperado, do lado negativo, a JBS Beef North America segue com margens bastante pressionadas, devido ao desafiador cenário de forte restrição na oferta de gado, que tem potencial de perdurar até o final de 2025.

Em termos de avaliação, a Genial vê a companhia negociando a um múltiplo de 5,2 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda em 2024, abaixo de sua média histórica de 5,5 vezes, e significativamente abaixo de players americanos comparáveis, como a Tyson Foods, a qual negocia a um EV/EBITDA de 9,0 vezes. Desse forma, reitera recomendação de Compra com preço-alvo de R$ 30,00.

Na mesma linha que BBA e Genial, a XP Investimentos disse que a JBS reportou um trimestre sólido, com a maioria das unidades de negócios (BUs) melhorando, sendo a US Beef a única exceção.

A corretora destaca que a margem Ebitda de 7,2% foi melhor do que o esperado, com a surpresa positiva vindo de US Pork na tradução para o modelo IFRS – usando o lucro IFRS para todas as BUs e ajustando a US Pork pela taxa de câmbio da empresa, estimamos um Ebitda ajustado de R$ 5,6 bilhões (versus a projeção da XP de R$ 5,5 bilhões).

Na visão da XP, as finanças de US Pork serão o principal assunto na conferência de resultados nesta quarta-feira e, potencialmente, a principal variável para revisões de lucros. Seara e PPC também ficaram no lado positivo, enquanto a Austrália veio forte e em linha, e US Beef ficou negativa, mas melhor do que o esperado, e a JBS Brasil foi uma surpresa negativa.

Com suas muitas partes móveis em uma perspectiva positiva e sem mais problemas operacionais, a velocidade de recuperação ainda não é empolgante, mas segura, o que é a principal razão para recomendação de compra da XP.

O Goldman Sachs avalia os números relatados como positivos, com todas as unidades de negócios apresentando melhor rentabilidade em relação ao ano passado (incluindo a carne bovina nos EUA). PPC, Seara e Austrália foram os destaques em um ciclo positivo, mas a carne bovina no Brasil (e nos EUA) também surpreendeu positivamente.

O resultado de carne suína nos EUA teve uma contribuição materialmente positiva no trimestre (parcialmente compensada pela carne bovina negativa nos EUA), mas, mesmo ajustando para esses fatores, o Goldman vê espaço para uma possível revisão em alta de até dois dígitos nas expectativas do consenso. O banco reitera classificação de compra para as ações da JBS, com preço-alvo de R$ 34,20.

A Ativa Investimentos, por sua vez, comenta que o resultado de JBS veio bem acima do esperado, apesar de receitas em linha. Olhando para seus principais braços, as operações da JBS USA foram a principal detratora de ganhos no top line. Nos EUA, o ciclo bovino segue pressionando, resultando em custos elevados. Já na Seara, os volumes estáveis foram compensados pela redução de custos, que mostrou avanço na margem ebitda do segmento. “O ponto positivo olhando para faturamento vem das operações da JBS Brasil, que se aproveitam de um ciclo bovino favorável”, comenta a corretora.

O JPMorgan também considera bons os resultados no primeiro trimestre de 2024, com um Ebitda de R$ 6,429 bilhões, superando suas estimativas em 20,9% e o consenso em 10,0%. No entanto, o banco explica esse superávit foi principalmente explicado por uma tradução contábil de US GAAP para IFRS.

Por outro lado, mesmo desconsiderando isso, os resultados foram melhores do que o esperado, explicados pelos desempenhos positivos no setor de carne bovina nos EUA (margem positiva de 0,2%) e na Seara (margem de 11,6%).

Já o fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 3,1 bilhões no trimestre, “principalmente devido a investimentos sazonais em estoque antes do verão na América do Norte”, explica JPMorgan. Apesar dos bons resultados, o JPMorgan acredita que os números do 1T24 não devem levar a mudanças significativas em sua previsão, pois não trazem grandes surpresas ao analisar cada negócio individualmente. No entanto, o banco projetou, em relatório publicado antes da abertura do mercado, uma reação positiva no mercado de ações devido ao bom desempenho da divisão de carne bovina nos EUA, já que essa é a divisão com menor visibilidade futura e a que mais preocupa os investidores para o ano. Por fim, analistas mantêm recomendação neutra e preço-alvo de R$ 27.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters
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